Cirurgia robótica em otorrinolaringologia: aplicações e perspectivas

Cirurgia robótica em otorrinolaringologia: aplicações e perspectivas

A cirurgia robótica vem transformando a prática em otorrinolaringologia (ORL), oferecendo precisão, melhor visualização e menor morbidade em procedimentos transorais e cervicais. Este texto, dirigido a profissionais e a pacientes que buscam informação técnica e acessível, resume aplicações clínicas atuais, limitações, e as perspectivas de incorporação dessa tecnologia na rotina cirúrgica.

TORS e cirurgia transoral: quando considerar

A sigla TORS (transoral robotic surgery) refere-se à ressecção transoral assistida por robô, indicada principalmente para neoplasias da orofaringe e lesões selecionadas da base da língua. A técnica permite margens cirúrgicas mais controladas e preservação de estruturas funcionais, reduzindo tempo de internação e necessidade de traqueostomia em muitos casos. Estudos de revisão mostram benefícios funcionais e oncológicos em tumores de orofaringe selecionados (Scielo).

Carcinoma de orofaringe e gestão multidisciplinar

No carcinoma epidermóide da orofaringe, a escolha entre TORS, radioterapia ou tratamento combinado depende do estadiamento, status de margens e fatores linfonodais. O planejamento deve integrar imagens, discussão em tumor board e, quando disponível, informações moleculares e de biomarcadores. Artigos sobre exossomos e biomarcadores tumorais podem complementar a avaliação prognóstica (exossomos e oncologia).

Apneia obstrutiva do sono e redução da base da língua

Para pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS) refratária a tratamento conservador, a TORS oferece uma alternativa cirúrgica para redução da base da língua (BOT) e supraglotoplastia. A vantagem técnica é a visão tridimensional e a precisão na preservação de estruturas neuromusculares, com redução do sangramento intraoperatório e recuperação mais rápida em comparação a abordagens abertas.

Seleção de pacientes e resultados funcionais

Indicações devem considerar índice de apneia-hipopneia, anatomia de via aérea, IMC e resposta a tratamentos prévios. Resultados em termos de ronco, sonolência diurna e índice de apneia são variáveis; por isso, a decisão exige avaliação polissonográfica e abordagem multidisciplinar com equipe de sono.

Outras aplicações: laringe, hipofaringe e base do crânio

A robótica tem sido empregada em cirurgias supraglóticas e, de forma seletiva, em abordagens combinadas para lesões da nasofaringe e base do crânio. Limitações técnicas atuais incluem o diâmetro dos braços robóticos e o acesso a espaços anatômicos muito estreitos; entretanto, avanços em plataformas de única porta (SP) e instrumentação específica estão ampliando o alcance dessas indicações (repositório universitário).

Risco infeccioso, reabilitação e preservação da voz

Em procedimentos próximos às vias aéreas, o controle de biofilme, profilaxia antimicrobiana apropriada e seguimento para reabilitação da deglutição e voz são essenciais. A integração com protocolos de fisioterapia fonoaudiológica reduz complicações funcionais pós-operatórias.

Tecnologia, custos e integração com outras ferramentas diagnósticas

Os sistemas robóticos atuais, como o sistema da Vinci, oferecem ergonomia cirúrgica, visão 3D e filtragem de tremor. A inclusão de realidade aumentada e feedback háptico promete melhorar ainda mais a segurança e a precisão. A avaliação de custo-efetividade deve considerar volume de procedimentos e economia em morbidade reduzida.

Integrações diagnósticas, como biópsia líquida (ctDNA) para monitoramento de doença residual e recidiva, podem complementar o manejo oncológico após ressecção robótica (biópsia líquida e vigilância), oferecendo um caminho para decisões terapêuticas menos invasivas.

Evidências e recomendações práticas para equipes

Embora a literatura cresça, muitos estudos são séries de casos ou coortes retrospectivas; estudos randomizados controlados são escassos em algumas indicações. Profissionais devem buscar treinamento específico em TORS, participação em programas de certificação e reporte sistemático de desfechos. A articulação com oncologia clínica, radioterapia e fisioterapia é determinante para resultados ótimos.

Para contexto oncológico mais amplo e combinações terapêuticas, revisar avanços em imunoterapia e suas aplicações clínicas pode ser útil ao planejar terapias adjuvantes e protocolos multimodais (imunoterapia no câncer).

O futuro da robótica em ORL e perguntas a considerar

  • Como otimizar seleção de pacientes para TORS frente a radioterapia primária?
  • Quais instrumentos e plataformas permitirão acesso seguro a glote e subglote?
  • De que forma dados moleculares e biópsia líquida integrarão decisões intra e pós-operatórias?

Pesquisas contínuas, incluindo registros prospectivos e comparações com técnicas mínimamente invasivas alternativas, são necessárias. Consulte reviews e estudos indexados para embasamento técnico (PubMed).

Mensagem final para prática clínica

A cirurgia robótica já oferece benefícios claros em casos selecionados de ORL: melhor visualização, precisão e potencial de recuperação funcional mais rápida. A incorporação segura dessa tecnologia exige treinamento formal, trabalho multidisciplinar e uso integrado de ferramentas diagnósticas modernas. Para equipes envolvidas no tratamento de tumores de cabeça e pescoço e distúrbios da via aérea superior, acompanhar avanços em biomarcadores, vigilância por ctDNA e protocolos multimodais será determinante para oferecer cuidados baseados em evidência e centrados no paciente.

Referências externas para leitura adicional: artigos de revisão sobre TORS e ORL (Scielo), repositório universitário com séries de casos (Repositório ULisboa) e buscas atualizadas em bases indexadas (PubMed).

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