Doença de Wilson: diagnóstico, tratamento e manejo clínico

Doença de Wilson: diagnóstico, tratamento e manejo clínico

A Doença de Wilson (DW) é uma enfermidade genética rara caracterizada pelo acúmulo tóxico de cobre nos tecidos, especialmente no fígado e no sistema nervoso central. O reconhecimento precoce — com avaliação laboratorial, oftalmológica e genética — e o tratamento adequado com quelantes ou bloqueadores de absorção podem prevenir insuficiência hepática, comprometimento neurológico progressivo e reduzir a mortalidade.

Diagnóstico da Doença de Wilson

O diagnóstico combina história clínica, exames laboratoriais, exame ocular e, quando indicado, confirmação genética. A investigação deve considerar sinais hepáticos (elevação de transaminases, hepatomegalia), manifestações neurológicas (tremor, distonia, disartria) e alterações psiquiátricas.

Achados laboratoriais e imagem

  • Ceruloplasmina sérica reduzida e cobre sérico não ligado alterado: úteis, mas não diagnósticos isolados.
  • Excreção urinária de cobre em 24 horas (tipicamente >100 μg/24h em doença ativa).
  • Biópsia hepática com quantificação de cobre: padrão-ouro quando há dúvida diagnóstica.
  • Ressonância magnética cerebral pode mostrar sinais nos núcleos da base em pacientes com quadro neurológico.

Exame oftalmológico

O anel de Kayser-Fleischer, visível em lâmpada de fenda, é um achado importante em pacientes com envolvimento neurológico e ajuda a confirmar a suspeita clínica.

Genética e considerações práticas

A confirmação por mutações no gene ATP7B fortalece o diagnóstico, orienta o aconselhamento genético e pode subsidiar triagens familiares. Em serviços de atenção primária e de referência, a integração com cuidados de doenças raras e medicina personalizada melhora o acompanhamento — veja orientações sobre manejo de doenças raras na prática clínica e a aplicação de medicina personalizada em testes genéticos.

Tratamento da Doença de Wilson

O objetivo do tratamento é reduzir a carga corporal de cobre e prevenir dano orgânico. As estratégias farmacológicas e não farmacológicas são complementares.

Quelantes e bloqueadores de absorção

  • D‑penicilamina: aumenta a excreção urinária de cobre; exige monitoramento por reações adversas e acompanhamento neurológico, pois pode agravar sintomas no início.
  • Trientina: alternativa com perfil de eventos adversos diferente; indicada quando D‑penicilamina é mal tolerada.
  • Acetato de zinco: reduz a absorção intestinal de cobre e é frequentemente usado na manutenção ou em pacientes assintomáticos detectados por triagem familiar.

A adesão ao tratamento e o monitoramento periódico dos níveis de cobre e função hepática são essenciais. A combinação com orientações dietéticas (evitar alimentos ricos em cobre, como fígado, frutos do mar, chocolate e castanhas) é recomendada.

Indicações de transplante hepático

O transplante hepático é indicado em insuficiência hepática aguda fulminante ou cirrose descompensada refratária ao tratamento clínico. O transplante corrige o defeito metabólico no fígado e reverte a depósito progressivo de cobre.

Manejo clínico e acompanhamento multidisciplinar

O seguimento deve ser contínuo e multidisciplinar: hepatologista, neurologista, psiquiatra, oftalmologista e nutricionista. Monitorar função hepática, excreção urinária de cobre, sinais neurológicos e efeitos adversos medicamentosos. Em centros com recursos, a integração com farmacogenômica e protocolos locais pode otimizar a escolha de fármacos e doses.

Educar o paciente e a família sobre adesão, prevenção de interações medicamentosas e necessidade de rastreamento familiar é parte integrante do cuidado. Programas de referência para doenças raras auxiliam no acesso a testes genéticos e transplante quando necessário.

Recursos e orientações oficiais

Para protocolos e critérios nacionais, consulte o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde (PCDT) sobre Doença de Wilson, que traz recomendações sobre diagnóstico e fluxo de atenção (bvs.saude.gov.br – PCDT Doença de Wilson).

Revisões clínicas recentes e relatos de caso detalham farmacoterapia e manejo de complicações neurológicas (RMMG – revisão e relato de caso), enquanto sociedades internacionais e fundações do fígado oferecem guias práticos sobre indicação de transplante e seguimento (Liver Foundation).

Resumo prático sobre Doença de Wilson

Suspeite de Doença de Wilson em pacientes jovens com hepatopatia sem causa aparente, sintomas neurológicos progressivos ou alterações psiquiátricas associadas. Solicite ceruloplasmina, cobre urinário de 24 horas e exame oftalmológico; considere biópsia hepática e testes para mutações em ATP7B quando necessário. Inicie tratamento com quelantes (D‑penicilamina ou trientina) ou acetato de zinco conforme indicação, mantenha acompanhamento multidisciplinar e avalie transplante hepático em casos de descompensação. Para aprofundar a prática clínica integrada, veja materiais sobre doenças raras, medicina personalizada e integração farmacogenêmica em nosso portal.

Fontes externas selecionadas para consulta rápida: PCDT/Ministério da Saúde (bvs.saude.gov.br), revisão clínica (RMMG) e informações práticas sobre transplante hepático (Liver Foundation).

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