Doença de Dupuytren: tratamentos clínicos e cirúrgicos atuais
A Doença de Dupuytren é uma fibromatose palmar caracterizada pelo espessamento da fáscia palmar, formação de nódulos e progressão para cordões fibrosos que provocam contratura dos dedos. A apresentação clínica varia do nódulo indolor isolado à contratura funcional importante, sobretudo do quarto e quinto dedos. Fatores associados incluem história familiar, idade >40 anos, diabetes, consumo excessivo de álcool e epilepsia; há maior prevalência em indivíduos de ascendência celta. (Ver revisão prática e diretrizes, por exemplo em MSD e CUF.)
Tratamento clínico
O manejo inicial depende do grau de comprometimento funcional. Em casos sem perda funcional significativa, a conduta expectante com monitorização é aceitável. Quando há dor, expansão rápida do nódulo ou limitação da extensão, intervenções não cirúrgicas podem ser consideradas.
Colagenase clostridial
A injeção de colagenase clostridial (enzima que degrada colágeno tipo I/III) pode fragmentar os cordões fibrosos permitindo a extensão digital após manipulação. Estudos demonstram redução das contraturas em estágios com cordões palpáveis, com recuperação funcional rápida e tempo de inatividade menor que a cirurgia. É essencial selecionar pacientes com deformidade passível de manipulação e monitorar para reações locais ou ruptura tendinosa. Para técnica guiada por imagem e aspectos práticos, a utilização de ultrassom portátil em procedimentos em consultório pode melhorar segurança e precisão (uso de ultrassom portátil).
Injeções de corticoide e fisioterapia
Injeções locais de corticoide podem aliviar sensibilidade e reduzir atividade inflamatória em nódulos dolorosos, sobretudo em fases iniciais. A fisioterapia de mão — com exercícios de extensão, mobilizações e orientações de exercícios domiciliares — é fundamental no pós-procedimento e como medida para manutenção da amplitude de movimento. Programas de reabilitação domiciliar e uso de tecnologia para adesão ao exercício têm ganhado espaço na prática clínica (modelos de reabilitação domiciliar).
Tratamento cirúrgico
Indicado quando a contratura compromete função (por exemplo quando a contratura na articulação metacarpofalângica ou interfalângica limita atividades da vida diária) ou quando há falha de terapias minimamente invasivas.
Fasciotomia percutânea com agulha
Técnica minimamente invasiva que consiste em seccionar o cordão com agulha sob anestesia local, permitindo liberação imediata. Tem recuperação rápida e menor morbidade, mas risco maior de recidiva em comparação com fascectomia aberta. A seleção cuidadosa do paciente e técnica adequada reduzem complicações neurovasculares.
Fascectomia aberta
Procedimento indicado para doença avançada ou recorrente; envolve ressecção do tecido fibroso com preservação de estruturas neurovasculares. Requer planejamento cirúrgico, esterilidade rigorosa e atenção às técnicas de fechamento para minimizar aderências. Protocolos de esterilização e práticas seguras em ambulatório são essenciais para a prevenção de infecção e otimização do resultado (guia de esterilização do consultório), assim como checklists de segurança para procedimentos ambulatoriais (checklist de segurança).
Riscos potenciais incluem lesão iatrogênica de nervos e vasos, rigidez, infecção e recidiva. A escolha entre fasciotomia percutânea, aplicação de colagenase e fascectomia aberta deve ponderar idade, profissão, comorbidades (ex.: diabetes) e preferência do paciente.
Pós-tratamento e reabilitação
A reabilitação é peça-chave após qualquer intervenção: terapia ocupacional e fisioterapia orientadas para restauração da extensão, fortalecimento e prevenção de contratura. Imobilização em órtese noturna e monitorização precoce de complicações favorecem recuperação. A recidiva é uma realidade clínica; acompanhamento periódico com especialista em mão permite identificação precoce de progressão e planejamento terapêutico.
Encaminhamento e acompanhamento na Doença de Dupuytren
Pacientes com perda funcional, progressão rápida, contratura significativa ou dúvida diagnóstica devem ser encaminhados para especialista em mão ou cirurgia da mão. As diretrizes da American Society for Surgery of the Hand oferecem recomendações práticas sobre indicação de tratamento e seguimento; fontes nacionais e revisões clínicas (por exemplo, MSD Manuals e CUF) complementam a tomada de decisão com evidências atualizadas. Para maior segurança em procedimentos ambulatoriais e uso de tecnologias de imagem, consulte recursos práticos disponíveis no portal clínico interno e nas referências externas citadas.
Em resumo: a escolha entre espera vigilante, injeção de colagenase, fasciotomia percutânea ou fascectomia aberta deve ser individualizada, integrando avaliação da extensão da contratura, impacto funcional, comorbidades e preferências do paciente. A reabilitação especializada e o acompanhamento longitudinal reduzem complicações e melhoram desfechos funcionais.
Leituras recomendadas e suporte prático: guia clínico da MSD Manuals, revisão institucional da CUF e diretrizes da American Society for Surgery of the Hand.