Doenças inflamatórias intestinais na atenção primária

Doenças inflamatórias intestinais na atenção primária

Doenças inflamatórias intestinais: o que são

As doenças inflamatórias intestinais (DII) englobam principalmente a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, condições crônicas caracterizadas por inflamação do trato gastrointestinal com períodos de atividade e remissão. A apresentação clínica é heterogênea: enquanto a Retocolite Ulcerativa acomete o cólon e reto, a Doença de Crohn pode envolver qualquer segmento do trato digestório, com risco de estenoses, fístulas e má absorção.

Diagnóstico de doenças inflamatórias intestinais na atenção primária

Na atenção primária, o objetivo é reconhecer sinais de suspeita, iniciar exames básicos e decidir o momento do encaminhamento. Sintomas-chave incluem diarreia crônica (frequentemente com sangue ou muco), dor abdominal recorrente, perda de peso não intencional, febre de baixa intensidade e sintomas extraintestinais como artrite ou alterações cutâneas. Em crianças, atenção para atraso do crescimento e puberdade, sinais que devem acelerar a investigação e encaminhamento (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Sinais de alarme e quando encaminhar

Encaminhe ao gastroenterologista pacientes com:

  • Sangue persistente nas fezes;
  • Perda de peso importante ou suspeita de desnutrição;
  • Sintomas refratários apesar de terapias empíricas na atenção primária;
  • Manifestações extraintestinais significativas (artrite, trombose, uveíte);
  • Sinais de complicação (dor intensa, distensão abdominal, sinais de obstrução).

Apresentação pediátrica

Crianças e adolescentes com DII muitas vezes apresentam sintomas sistêmicos e impacto no crescimento. Nesses casos, o encaminhamento deve ser ágil para evitar prejuízo do desenvolvimento. A documentação e priorização da fila de especialidade podem reduzir atrasos diagnósticos (SBP).

Exames iniciais que podem ser realizados na atenção primária

Alguns exames laboratoriais úteis para triagem incluem hemograma completo, proteína C-reativa (PCR), velocidade de hemossedimentação e pesquisa de sangue oculto nas fezes. A calprotectina fecal é um marcador sensível de inflamação intestinal útil para priorização de encaminhamento. Estes testes não substituem exames definitivos, mas orientam a necessidade de avaliação especializada (revisão diagnóstica).

Quando solicitar colonoscopia

A colonoscopia com biópsias é exame diagnóstico-padrão para retocolite ulcerativa e importante na avaliação da extensão e neoplasia associada em DII de longa duração. Na prática primária, solicite investigação especializada quando houver PCR e calprotectina elevadas associadas a sintomas compatíveis; em paralelo, oriente o paciente sobre preparo e necessidade de avaliação endoscópica. Para estratégias de rastreamento e vigilância endoscópica, veja recomendações sobre detecção de câncer colorretal e uso de colonoscopia (detecção precoce e colonoscopia).

Papel do médico generalista no manejo inicial

O médico de atenção primária tem papel central em reconhecer sintomas, iniciar triagem laboratorial, manejar sintomas leves enquanto aguarda especialista e coordenar cuidados multidisciplinares. Educação do paciente sobre sinais de agravamento, adesão ao tratamento e orientação nutricional são intervenções de alto impacto.

Educação em saúde, nutrição e suporte

A intervenção nutricional e o acompanhamento com equipe multiprofissional são fundamentais, sobretudo diante de perda de peso ou suspeita de deficiência nutricional. Programas de educação em saúde melhoram adesão terapêutica e qualidade de vida; para estratégias de nutrição personalizada ligadas ao microbioma, consulte material sobre nutrição e microbioma (nutrição personalizada e microbioma).

Vacinação e uso de imunossupressores

Antes de iniciar imunossupressão, atualize o esquema vacinal. Pacientes em uso de agentes biológicos ou imunomoduladores apresentam resposta vacinal reduzida e maior risco de infecções; sempre avaliar o calendário vacinal e necessidade de vacinas inativadas ou indicadas previamente (orientações sobre vacinação em DII).

Complicações, vigilância e qualidade de vida

Complicações intestinais incluem estenoses, fístulas e abscessos; o risco de câncer colorretal aumenta com a duração e extensão da doença, justificando vigilância adequada por equipe especializada. Além disso, DII impactam saúde mental: triagem para ansiedade e depressão e encaminhamento para apoio psicológico são parte do manejo integral. Para entender melhor o papel da microbiota e da resposta imune na fisiopatologia, consulte revisões sobre microbioma intestinal e doenças autoimunes (microbioma e doenças autoimunes).

Mensagens finais sobre doenças inflamatórias intestinais na atenção primária

Na atenção primária, a prioridade é identificar sinais de suspeita, realizar triagem laboratorial (hemograma, PCR, calprotectina fecal) e encaminhar de forma tempestiva ao gastroenterologista quando existirem sinais de alarme. A coordenação do cuidado — incluindo atualização vacinal, suporte nutricional e acompanhamento psicossocial — reduz complicações e melhora resultados a longo prazo. Recursos de educação profissional e protocolos locais podem auxiliar na padronização do manejo; recomendações práticas e revisões clínicas ajudam a embasar decisões iniciais (revisão sobre educação em saúde; orientações terapêuticas; investigação diagnóstica).

Se houver dúvida sobre priorização de encaminhamento ou necessidade de exames adicionais, documente os resultados iniciais (PCR, calprotectina, hemograma) e comunique diretamente o serviço de gastroenterologia para otimizar a condução do caso.

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