Farmacogenômica nas doenças neuropsiquiátricas pediátricas: avanços e aplicações

Farmacogenômica nas doenças neuropsiquiátricas pediátricas: avanços e aplicações

A farmacogenômica estuda como variações genéticas influenciam a resposta individual a medicamentos e tem papel crescente no manejo de transtornos neuropsiquiátricos na infância. A aplicação clínica visa melhorar eficácia, reduzir efeitos adversos e acelerar a escolha terapêutica, especialmente em condições como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos do espectro autista (TEA), transtornos de ansiedade e esquizofrenia.

Farmacogenômica: princípios e genes relevantes

A farmacogenômica integra farmacologia, genética e farmacocinética para identificar polimorfismos que alteram metabolismo (por exemplo, CYP2D6 e CYP2C19), transporte e interação com receptores. Em pediatria, além das diferenças genéticas, é preciso considerar maturação enzimática, faixa etária e comorbidades. Diretrizes baseadas em evidência — como as disponibilizadas pelo Clinical Pharmacogenetics Implementation Consortium (CPIC) — auxiliam na tradução dos resultados genéticos em recomendações de dose e escolha de fármacos (CPIC).

CYP2D6 e CYP2C19

Polimorfismos em CYP2D6 e CYP2C19 são repetidamente associados a variações na concentração plasmática de antipsicóticos, antidepressivos e alguns ansiolíticos. Crianças com metabolismo reduzido podem apresentar níveis mais elevados do fármaco e maior risco de efeitos extrapiramidais ou sedação; metabolizadores ultrarrápidos podem ter subdose terapêutica. Estudos clínicos e revisões sistemáticas descrevem como esses fenótipos influenciam decisões terapêuticas e monitorização (evidência indexada).

Metabolismo de estimulantes e TDAH

No TDAH, o metilfenidato e as anfetaminas são tratamentos de primeira linha. Variações em genes relacionados ao transporte de dopamina (por exemplo, DAT1) e em vias de metabolização podem modular resposta e tolerabilidade. Embora ainda haja necessidade de biomarcadores validados amplamente, a farmacogenômica pode orientar ajustes em casos de resposta insuficiente ou efeitos adversos persistentes.

ISRS, receptores de serotonina e resposta clínica

Para transtornos de ansiedade e depressivos na infância e adolescência, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são comumente usados. Polimorfismos em genes como 5-HT2A e em transportadores da serotonina estão associados à variabilidade na eficácia e no perfil de efeitos adversos. Integrar teste genético ao plano terapêutico pode reduzir tentativas e erros, principalmente em pacientes com história de efeitos adversos severos.

Aplicações clínicas práticas

Na prática clínica, a farmacogenômica é mais útil quando aplicada de forma direcionada: pacientes com falha terapêutica após tratamentos adequados, eventos adversos inesperados, polifarmácia ou histórico familiar de reações adversas. Um laudo farmacogenético deve acompanhar interpretação clínica clara — relacionando genótipo a fenótipo metabolizador — e recomendações de dose/internação conforme diretrizes. Ferramentas de apoio e protocolos locais favorecem a interpretação correta e a integração ao prontuário eletrônico.

Profissionais que buscam protocolos práticos podem consultar materiais complementares sobre antidepressivos e farmacogenética em nosso guia clínico: Farmacogenética e antidepressivos: guia para profissionais. Para estratégias em populações com polifarmácia, veja também o conteúdo sobre farmacogenômica em idosos: Farmacogenômica e polifarmácia, que traz conceitos úteis sobre interação gene-fármaco aplicáveis em complexidade pediátrica. A integração com abordagens de medicina de precisão pode ser explorada em artigos sobre dor crônica pediátrica e biomarcadores: medicina de precisão e biomarcadores.

Limitações, custos e ética

Embora promissora, a farmacogenômica enfrenta limitações: variabilidade populacional das frequências alélicas, falta de estudos pediátricos robustos para todos os genes-fármaco, custos e acesso a testes, além de questões éticas como consentimento e privacidade genética. É fundamental que o teste seja solicitado com indicação clínica clara e que a família receba aconselhamento adequado sobre significado e implicações dos resultados.

Agências regulatórias e órgãos de referência têm incorporado informações farmacogenéticas em bulas e guias, orientando práticas seguras — por exemplo, atualizações da FDA sobre farmacogenômica em rótulos de medicamentos (FDA – Pharmacogenomics). Revisões científicas e diretrizes ajudam a consolidar evidências e priorizar investigações em pediatria (revisões indexadas).

Implicações clínicas da farmacogenômica na pediatria

Implementar farmacogenômica na atenção pediátrica pode reduzir tempo para resposta terapêutica, diminuir internações por eventos adversos e orientar decisões em casos complexos. Para o profissional, recomenda-se: solicitar testes quando houver indicação clínica, interpretar resultados com base em guidelines (por exemplo, CPIC), documentar a estratégia no prontuário e comunicar claramente a família. A colaboração multidisciplinar — pediatra, psiquiatra infantil, farmacêutico clínico e genética — potencializa a segurança e a eficácia do tratamento.

Para aprofundamento e ferramentas práticas, além das referências científicas citadas, consulte as páginas de referência médico-científicas e protocolos locais. A integração entre evidência, ferramentas de decisão e comunicação com famílias é o caminho para tornar a farmacogenômica uma prática clínica útil e responsável na pediatria neuropsiquiátrica.

Referências e recursos adicionais: diretrizes CPIC para tradução de genótipo em recomendações, revisões sistemáticas indexadas no PubMed sobre farmacogenômica em psiquiatria e páginas regulatórias da FDA sobre rotulagem farmacogenética.

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