O que é hidradenite: estadiamento e tratamentos atualizados

Hidradenite supurativa (HS), também chamada de acne inversa, é uma doença inflamatória crônica da pele que afeta principalmente áreas de dobra, como axilas, virilha e região inframamária. A HS costuma ser subdiagnosticada, provoca dor persistente, restrições funcionais e impacto negativo na qualidade de vida. Este texto, voltado para pacientes e profissionais de saúde, descreve o que é HS, como é feito o estadiamento, sinais clínicos, fatores de risco e as opções de tratamento mais atualizadas.

O que é hidradenite supurativa e como reconhecer

A hidradenite supurativa é caracterizada por nódulos dolorosos, abscessos recorrentes, pápulas, pústulas, fístulas e, com o tempo, cicatrizes tractuais. A fisiopatologia envolve disfunção do folículo piloso, resposta imune anômala, predisposição genética e alterações da microbiota cutânea. Clinicamente, observe:

  • Nódulos dolorosos que podem evoluir para abscessos.
  • Fístulas e cicatrizes progressivas, típicas dos estágios avançados.
  • Surgimento recorrente com períodos de exacerbação e remissão.

O diagnóstico é majoritariamente clínico, complementado quando necessário por ultrassonografia de pele (ultrassonografia de beira‑leito) para mapear abscessos, sinos e tratos fistulizantes. A HS está associada a dor crônica, estigma social e comorbidades metabólicas, exigindo abordagem multidisciplinar e atenção à adesão terapêutica.

Estadiamento da hidradenite supurativa (sistema de Hurley)

O estadiamento orienta escolhas terapêuticas. O sistema de Hurley, o mais usado, classifica a HS em três estágios:

  • Estágio I: abscessos isolados sem fístulas, lesões localizadas.
  • Estágio II: lesões recidivantes com formação de fístulas discretas e áreas mais extensas.
  • Estágio III: doença difusa com múltiplas fístulas interconectadas, cicatrizes extensas e impacto funcional importante.

Além do Hurley, scores clínicos e a ultrassonografia ajudam a quantificar atividade e extensão, o que influencia a indicação de terapias sistêmicas ou cirúrgicas.

Fatores de risco, comorbidades e impacto

Conhecer fatores associados permite intervenções preventivas. Entre os principais fatores e comorbidades estão:

  • Predisposição genética e histórico familiar.
  • Tabagismo, fortemente associado à atividade da doença.
  • Obesidade, que aumenta atrito cutâneo e reduz resposta terapêutica.
  • Hiperandrogenismo, em particular em mulheres.
  • Comorbidades como diabetes, síndrome metabólica e doenças inflamatórias intestinais.

O impacto psíquico é relevante: pacientes frequentemente relatam ansiedade, depressão e isolamento. Estratégias que integram manejo clínico e suporte psicológico melhoram adesão e qualidade de vida.

Opções de tratamento atualizadas

O tratamento deve ser individualizado conforme o estadiamento, localização das lesões, resposta prévia e comorbidades. A combinação de medidas de estilo de vida, tratamentos tópicos, sistêmicos e intervenções cirúrgicas costuma ser a mais eficaz.

Mudanças no estilo de vida e cuidados locais

  • Controle de peso com dieta equilibrada e exercício para reduzir o atrito cutâneo.
  • Parar de fumar para diminuir a atividade inflamatória.
  • Higiene adequada e uso de roupas largas de algodão para reduzir irritação.

Abordagens farmacológicas

As opções farmacológicas incluem:

  • Antibióticos tópicos e sistêmicos: doxiciclina é usada em HS leve a moderada; regimes combinados com rifampicina e clindamicina têm mostrado benefício em séries observacionais. A escolha deve considerar resistência e efeitos adversos.
  • Imunomoduladores e biológicos: adalimumab é o biológico aprovado para HS moderada a grave, com evidência de redução de lesões ativas e melhora da cicatrização de fístulas. Estudos com inibidores de IL‑17 e outras vias inflamatórias estão em desenvolvimento.
  • Corticosteroides tópicos ou intralesionais para surtos agudos; uso prolongado não é recomendado pela toxicidade local e sistêmica.
  • Isotretinoína pode ser considerada quando há associação com acne, mas a evidência para melhora da HS é inconsistente e seu uso deve ser criterioso, sobretudo em mulheres em idade fértil.
  • Tratamentos adjuvantes: manejo da dor, suporte nutricional, fisioterapia e educação do paciente fazem parte da estratégia multidisciplinar.

Intervenções cirúrgicas e procedimentos locais

  • Deroofing de sinos e fístulas para promover drenagem e cicatrização em lesões selecionadas.
  • Incisão e drenagem para abscessos agudos, seguida de planeamento terapêutico definitivo.
  • Excisão ampla para áreas com doença extensa e cicatrizes recorrentes, eventualmente com reconstrução.
  • Terapias a laser e técnicas regenerativas que podem reduzir lesões e melhorar cicatrizes conforme disponibilidade.

Decisões cirúrgicas devem ser multidisciplinares, ponderando benefício, risco e impacto funcional.

Avaliação clínica prática

A avaliação deve documentar localização e tipo das lesões, número de surtos recentes, impacto funcional e emocional, comorbidades e fatores modificáveis (tabagismo, peso). Em crises de dor intensa, analgésicos e antibióticos podem ser necessários, mas o manejo a longo prazo exige plano integrado entre dermatologia, cirurgia, nutrição e saúde mental.

Abordagem em 5 passos para prática clínica

  • 1) Confirme o estadiamento (Hurley) e a extensão das lesões.
  • 2) Inicie terapias farmacológicas adequadas ao estágio e comorbidades.
  • 3) Planeje intervenções locais (deroofing, drenagem) quando indicado.
  • 4) Adote medidas de estilo de vida: abandono do tabaco, controle de peso e higiene.
  • 5) Acompanhe e ajuste o tratamento com visitas periódicas, monitorando eficácia e efeitos adversos.

Consulte diretrizes e protocolos clínicos atualizados para uniformizar práticas e incorporar novas evidências.

Como buscar avaliação e encaminhamentos

Procure um dermatologista ou médico de atenção primária com experiência em doenças inflamatórias da pele se houver nódulos recorrentes ou fístulas em áreas de dobra. Encaminhamentos para cirurgia dermatológica, cirurgia plástica ou equipes multidisciplinares podem ser necessários para casos complexos ou quando há indicação de terapias sistêmicas como adalimumab.

Recursos de educação ao paciente e suporte psicossocial favorecem adesão e autocuidado. Para ampliar informações sobre adesão terapêutica e suporte à saúde mental, veja os conteúdos relacionados mencionados ao longo do texto.

Impacto emocional e suporte psicossocial

A HS frequentemente provoca ansiedade, depressão e isolamento social. Encaminhamento para apoio psicológico, grupos de apoio e estratégias de enfrentamento são componentes essenciais do manejo integral.

Dicas práticas para pacientes e cuidadores

  • Documente a evolução com fotos seriadas (garantindo privacidade) para avaliar resposta ao tratamento.
  • Monitore qualidade de vida, sono e bem‑estar emocional durante o acompanhamento.
  • Discuta a indicação cirúrgica com equipe experiente antes de decidir por procedimentos amplos.
  • Considere suporte nutricional para controle de peso e redução de surtos.
  • Procure urgência se houver sinais de infecção sistêmica, febre alta ou piora rápida da dor.

hidradenite: recomendações para prática clínica

A hidradenite supurativa exige abordagem personalizada que considere estadiamento (Hurley), comorbidades e adesão ao tratamento. A combinação de medidas de estilo de vida, antibióticos quando indicado, terapia biológica (por exemplo, adalimumab) e intervenções cirúrgicas oferece maior chance de reduzir lesões, aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida. A coordenação entre especialidades e o suporte contínuo ao paciente são fundamentais.

Fontes e leituras complementares: consulte diretrizes nacionais e internacionais para atualização contínua. Conteúdos correlatos no blog abordam saúde mental, adesão terapêutica, dor crônica e manejo multimodal, úteis para o tratamento integral de pacientes com HS.

* Alguns de nossos conteúdos podem ter sido escritos ou revisados por IA. Fotos por Pexels ou Unsplash.