Hipertensão arterial: diretrizes recentes para diagnóstico e tratamento
Hipertensão arterial
A hipertensão arterial é uma das principais causas evitáveis de doença cardiovascular e mortalidade global. O diagnóstico e o tratamento baseados em evidência reduzem risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e progressão da doença renal. Este texto sintetiza as recomendações recentes de organizações internacionais e traz orientações práticas para a clínica brasileira.
Pressão arterial: como definir e confirmar
O diagnóstico deve apoiar-se em medidas repetidas e adequada técnica de aferição, incluindo monitorização ambulatorial ou monitorização domiciliar quando disponível. Diretrizes recentes (ESC 2024) mantêm o ponto de corte clássico de ≥ 140/90 mmHg para hipertensão, com considerações específicas para grupos de maior risco. Para confirmação, recomenda-se medir em diferentes dias e condições, descartando efeito de bata branca com MAPA quando indicado. Referências detalhadas podem ser consultadas na revisão da ESC. (ESC 2024)
Risco cardiovascular
A decisão de iniciar terapia farmacológica deve integrar a avaliação do risco cardiovascular global, não apenas valores pressóricos isolados. Ferramentas de estratificação ajudam a priorizar intervenções; consulte análises sobre estimativa de risco e novas abordagens de predição para apoio clínico. Para compreender modelos e aplicação prática na clínica, veja a discussão sobre estimativa de risco cardiovascular e como ela orienta metas terapêuticas.
Diretrizes principais: OMS, AHA e ESC
OMS (2021)
A Organização Mundial da Saúde recomenda início do tratamento farmacológico em adultos com pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg; em pacientes com doença cardiovascular estabelecida, considera início a partir de 130 mmHg sistólica. As classes de primeira linha citadas incluem diuréticos tiazídicos, IECA, BRA e bloqueadores do canal de cálcio. A OMS também reforça o benefício de combinações fixas para melhorar adesão. (OMS 2021)
AHA (2025)
A American Heart Association enfatiza a avaliação de risco por ferramentas atualizadas e traz recomendações práticas sobre hipertensão resistente, sugerindo rotina para rastrear hiperaldosteronismo primário quando indicado. Também aponta benefícios do uso de substitutos do sal à base de potássio em populações específicas como medida não farmacológica complementar. (AHA 2025)
Manejo prático
Estratégia inicial e classes medicamentosas
Para a maioria dos pacientes, iniciar com uma das classes de primeira linha (diurético tiazídico, IECA ou BRA, bloqueador do canal de cálcio di-hidropiridínico) é apropriado. Em pacientes com pressão muito elevada ou risco alto, a terapia combinada — preferencialmente em comprimido único — melhora a adesão terapêutica e acelera o controle pressórico.
Hipertensão resistente e investigação
Quando a pressão permanece elevada apesar de três drogas (incluindo um diurético) em doses adequadas, é indicado investigar causas secundárias, revisar adesão e interação medicamentosa, e rastrear hiperaldosteronismo primário conforme orientações recentes. A monitorização adequada e o ajuste de diurético podem transformar o manejo desses casos.
Mudanças no estilo de vida e medidas não farmacológicas
Intervenções na dieta (redução do sal, aumento do potássio através de alimentos ou substitutos do sal quando indicado), atividade física regular, perda de peso e cessação do tabagismo são pilares do tratamento. Para pacientes com ingestão elevada de sódio feita em casa, substitutos do sal com potássio apresentam evidências de redução pressórica em estudos recentes.
Monitorização e seguimento
Agende reavaliações periódicas para ajustar metas e fármacos. A monitorização domiciliar e ambulatorial auxilia na identificação de variabilidade pressórica e na detecção precoce de falta de controle — especialmente em idosos e em pacientes com múltiplas comorbidades.
Últimas recomendações
Resumindo, as diretrizes convergem em pontos práticos: confirmar diagnóstico com medidas repetidas, estratificar risco cardiovascular para decisão terapêutica, preferir combinações fixas quando indicado para melhorar adesão, investigar hipertensão resistente e incorporar medidas de estilo de vida (redução de sal, substitutos do sal ricos em potássio e atividade física). Integre essas orientações à realidade do paciente, considerando comorbidades e níveis de risco. Para aprofundar aspectos técnicos e algoritmos de conduta, consulte as diretrizes da OMS (2021) e da AHA (2025) e as revisões da ESC (2024) citadas no texto.
Leituras recomendadas no acervo do site: estratégias de estimativa de risco cardiovascular, práticas de monitorização domiciliar e intervenções para melhorar a adesão terapêutica na atenção primária.
Fontes externas utilizadas: OMS 2021 (artigo), AHA 2025 (reportagem técnica), e revisão ESC 2024 (resumo das mudanças).