Hipertensão arterial: diretrizes recentes para diagnóstico e tratamento
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para doença cardiovascular e acomete grande parcela da população adulta. Este texto resume, de forma direta e prática, as recomendações recentes das principais diretrizes e indica caminhos para aplicação no consultório e no cuidado domiciliar, com foco em risco cardiovascular, escolha de medicamentos e estratégias para melhorar a adesão ao tratamento.
Pressão arterial: definições, diagnóstico e metas
A definição clínica clássica considera pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg ou diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg como indicação para avaliação e, em muitos casos, tratamento farmacológico. Em pacientes com doença cardiovascular estabelecida ou alto risco, as metas são mais rigorosas; por exemplo, PAS alvo < 130 mmHg pode ser recomendado. Essas orientações constam nas revisões da Organização Mundial da Saúde e em revisões científicas recentes (diretrizes OMS 2021, revisão disponível no PubMed Central).
Hipertensão resistente: quando investigar causas secundárias
Considera-se hipertensão resistente quando a pressão permanece elevada apesar de três medicamentos em doses adequadas, incluindo um diurético. Nesses casos é obrigatório pesquisar hiperaldosteronismo primário e outras causas secundárias, independentemente de hipocalemia, conforme atualização das diretrizes AHA/ACC 2025 (principais novidades AHA/ACC 2025).
IECA, BRA e diuréticos tiazídicos: opções de primeira linha
As classes farmacológicas de primeira linha incluem inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA), bloqueadores de canais de cálcio di-hidropiridínicos e diuréticos tiazídicos. A escolha deve considerar comorbidades (doença renal crônica, diabetes, doença arterial coronariana), efeitos adversos e custo. Em muitos pacientes, a terapia combinada em comprimido único melhora a adesão e facilita o alcance da meta pressórica.
Terapia combinada e adesão terapêutica
Recomenda-se, quando possível, iniciar com combinação fixa (duas classes) em pacientes com PAS significativamente elevada ou alto risco cardiovascular. Estratégias para melhorar a adesão incluem simplificação posológica, educação do paciente e acompanhamento estruturado. Para protocolos e estratégias de adesão na atenção primária, consulte orientações sobre adesão terapêutica na atenção primária.
Monitoramento domiciliar e cálculo do risco cardiovascular
O monitoramento domiciliar da pressão arterial aumenta a acurácia diagnóstica e incentiva o autocuidado. Dispositivos validados e educação sobre técnica de medida são essenciais; o monitoramento também permite avaliar resposta ao tratamento e detectar hipertensão mascarada ou do avental branco. Para recomendações sobre monitoramento domiciliar especificamente em idosos, veja este conteúdo sobre monitoramento domiciliar em idosos.
Para decidir início e intensidade do tratamento, é útil estimar o risco cardiovascular de 10 anos com ferramentas validadas; novas diretrizes apontam para instrumentos que complementam a avaliação clínica e valoram fatores como colesterol, tabagismo e diabetes (revisão AHA/ACC 2025). Pesquisas em predição de risco cardiovascular também têm sido discutidas em plataformas acadêmicas e projetos de aprendizado federado (predição de risco cardiovascular).
Intervenções não farmacológicas essenciais
- Redução de sal na dieta e substitutos do sal à base de potássio quando apropriado;
- Adoção de dieta DASH ou orientações alimentares com redução de calorias quando indicado;
- Atividade física regular, cessação do tabagismo e controle do peso;
- Revisão de medicamentos que possam elevar a pressão (anti-inflamatórios não esteroidais, descongestionantes, etc.).
As intervenções de estilo de vida devem ser incentivadas por toda a equipe de saúde e revisitadas em cada consulta, pois frequentemente reduzem a necessidade de aumentar a medicação.
Passos práticos para o consultório e a equipe multidisciplinar
1) Confirmar o diagnóstico com medidas repetidas e, quando possível, monitorização domiciliar. 2) Estimar o risco cardiovascular global antes de optar por tratamento intensivo. 3) Iniciar terapia farmacológica com uma das classes de primeira linha e considerar combinação fixa para facilitar a adesão. 4) Investigar hipertensão resistente quando adequada. 5) Agendar reavaliações mensais após início ou ajuste de dose até controle, e a cada 3–6 meses com pressão estável, conforme recomendações da OMS (evidência clínica).
Integração com programas de atenção primária, foco na educação do paciente e uso de ferramentas locais de gestão clínica são medidas que comprovadamente melhoram o controle pressionar e reduzem eventos cardiovasculares. Para protocolos clínicos na atenção primária, consulte orientações práticas sobre manejo da hipertensão na atenção primária.
Manter-se atualizado com as diretrizes internacionais e adaptar as recomendações ao contexto local é essencial para reduzir o risco cardiovascular e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com hipertensão arterial.