Imunoterapia personalizada na rinossinusite crônica

Imunoterapia personalizada na rinossinusite crônica

A rinossinusite crônica (RSC) é uma condição inflamatória das cavidades nasais e dos seios paranasais que dura 12 semanas ou mais e impacta de forma significativa a qualidade de vida. Pacientes relatam obstrução nasal, secreção, perda do olfato e dor facial; muitos têm comorbidades como rinite alérgica e asma. Nas últimas décadas, avanços em imunomodulação e biológicos abriram espaço para a imunoterapia personalizada como alternativa quando os tratamentos convencionais não são suficientes.

Entendendo a rinossinusite crônica e fatores associados

A RSC é multifatorial: patógenos, alterações anatômicas, exposição ambiental e respostas imunes exageradas contribuem para a persistência da inflamação. Em subgrupos com polipose nasal ou predomínio de inflamação tipo 2, identificar sensibilizações alérgicas por meio de testes cutâneos ou IgE sérica é crucial para a escolha terapêutica. A avaliação objetiva com escores clínicos como SNOT‑22 e exames de imagem complementa a decisão clínica.

Microbioma e infecções respiratórias

O papel do microbioma nasal nos fenótipos da RSC vem ganhando evidência; alterações na comunidade microbiana podem influenciar o quadro inflamatório e a resposta terapêutica. Em casos suspeitos de infecção ou comronificação por Vírus e bactérias, testes diagnósticos — incluindo PCR multiplex para infecções respiratórias — ajudam a orientar antibióticos e outras intervenções (veja também análises sobre teste multiplex PCR para infecções respiratórias).

Imunoterapia personalizada: mecanismo e modalidades

A imunoterapia alérgeno‑específica busca induzir tolerância por administração controlada do alérgeno; é bem estabelecida na rinite alérgica e avaliada progressivamente na RSC com componente alérgico. Paralelamente, os biológicos (anticorpos monoclonais que modulam vias da IL‑4, IL‑5, IgE, entre outras) mostraram eficácia em pacientes com RSC associada a polipose nasal e inflamação tipo 2.

Agentes como Omalizumabe, Dupilumabe e anticorpos anti‑IL‑5 (por exemplo, Benralizumabe, Mepolizumabe) têm sido estudados para redução de sintomas, diminuição do volume de pólipos e adição a cirurgias sinusais quando necessárias. A compreensão dos mecanismos por trás desses tratamentos pode ser complementada por leituras sobre imunoterapia em outras áreas, como imunoterapia oncológica, que compartilha princípios de modulação imune (imunoterapia no câncer).

Indicações práticas

  • Considerar imunoterapia alérgeno‑específica quando houver evidência clara de sensibilização que mantenha os sintomas, e falha ao manejo farmacológico otimizado.
  • Indicar biológicos para pacientes com polipose nasal recidivante, escore SNOT‑22 elevado, e inflamação tipo 2 documentada, principalmente quando há asma associada.
  • Individualizar a escolha entre imunoterapia tradicional e biológicos com base em fenótipo/endótipo, comorbidades, custo e expectativa de resposta.

Diretrizes, evidências e segurança

As recomendações atuais das sociedades internacionais enfatizam a estratificação do paciente por fenótipo e endótipo antes de iniciar imunoterapia ou biológicos. Documentos de referência, como as diretrizes ARIA, orientam o uso da imunoterapia na rinite alérgica e fornecem princípios aplicáveis à RSC com componente alérgico (ARIA). O European Position Paper on Rhinosinusitis and Nasal Polyps (EPOS 2020) discute a incorporação de biológicos no manejo de pacientes selecionados e pode ser consultado para protocolos atualizados (EPOS/Revista Rhinology).

Revisões sistemáticas e estudos clínicos randomizados disponíveis em bases como PubMed detalham eficácia e perfil de segurança dos agentes biológicos; recomenda‑se acompanhamento rigoroso para eventos adversos e avaliação da resposta em prazos definidos (por exemplo, 16–24 semanas) para decisão sobre manutenção ou suspensão (literatura sobre biológicos na RSC).

Aplicação clínica e seguimento

Para implementar a imunoterapia personalizada de forma segura e eficaz na prática diária é necessário:

  • Diagnóstico preciso com história detalhada, exames alérgicos e imagem quando indicado.
  • Plano terapêutico compartilhado com o paciente, esclarecendo metas, duração esperada e custos.
  • Avaliação multidisciplinar quando houver comorbidades (asma, alergista, otorrinolaringologista, pneumologista).
  • Uso de telemonitoramento e consultas remotas para adesão e detecção precoce de eventos adversos — a telemedicina pode facilitar o seguimento entre consultas presenciais (telemedicina na prática clínica).

Resumo prático para a clínica

A imunoterapia personalizada e os biológicos ampliam as opções terapêuticas para a rinossinusite crônica, especialmente em pacientes com polipose nasal e inflamação tipo 2. A escolha entre imunoterapia alérgeno‑específica e biológicos depende do fenótipo, da avaliação alérgica (testes cutâneos, IgE), da gravidade dos sintomas (SNOT‑22) e da resposta a tratamentos pré‑vias. Consulte diretrizes oficiais e evidências atualizadas ao tomar decisões e empregue acompanhamento multidisciplinar e telemonitoramento quando apropriado. Para aprofundar o raciocínio diagnóstico sobre microbioma nasal ou avaliação laboratorial, recomenda‑se leitura complementar sobre o microbioma nasal e testes diagnósticos respiratórios no acervo do nosso blog (microbioma nasal, teste multiplex PCR).

Em pacientes selecionados, a imunoterapia personalizada representa uma estratégia com potencial de modificar a história natural da doença, reduzir a necessidade de intervenções cirúrgicas e melhorar qualidade de vida. A decisão deve ser sempre individualizada, informada por evidências e alinhada às preferências do paciente.

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