O que é pré-diabetes: critérios diagnósticos, risco de progressão e intervenções eficazes
O pré-diabetes é um estágio de alteração do metabolismo da glicose que antecede a diabetes mellitus tipo 2. Caracteriza-se por níveis de glicemia ou HbA1c acima dos valores normais, sem alcançar os critérios de diagnóstico da diabetes. Identificar precocemente o pré-diabetes permite intervenções que reduzem a progressão para diabetes e o risco cardiovascular, com impacto na prevenção de retinopatia, nefropatia, neuropatia e doença arterial coronariana.
Para quem se destina este texto sobre pré-diabetes
Este conteúdo é dirigido a pacientes que receberam resultados alterados em exames e a profissionais de saúde que acompanham população de risco. Oferece definições claras, critérios diagnósticos, fatores de risco e orientações práticas sobre mudanças no estilo de vida, possibilidade de farmacoterapia e monitoramento clínico.
O que é pré-diabetes?
Pré-diabetes descreve um continuum metabólico marcado por resistência à insulina e disfunção das células beta, que se manifesta por glicemia de jejum alterada, tolerância à glicose prejudicada ou HbA1c intermediária. Esse estado é assintomático na maior parte dos casos, por isso o rastreamento em adultos com fatores de risco é essencial.
Pontos-chave sobre pré-diabetes
- É associado a resistência à insulina e adiposidade visceral.
- Fatores como obesidade, sedentarismo, história familiar e antecedente de diabetes gestacional aumentam o risco.
- Mudanças no estilo de vida (perda de peso, atividade física) e, em grupos selecionados, a metformina reduzem a progressão.
Critérios diagnósticos do pré-diabetes
O diagnóstico baseia-se em exames laboratoriais. Sempre confirme resultados discordantes com um segundo teste em outra amostra. Os principais critérios são:
HbA1c, glicose de jejum e TTGO
- Glicose de jejum (glicemia de jejum): 100–125 mg/dL (5,6–6,9 mmol/L).
- Teste de tolerância à glicose oral (TTGO/OGTT): glicemia de 2 horas entre 140–199 mg/dL (7,8–11,0 mmol/L) após 75 g de glicose.
- HbA1c: 5,7%–6,4%.
O TTGO é indicado quando há suspeita clínica e resultados de jejum e HbA1c são discordantes, ou em investigação de intolerância à glicose.
Risco de progressão do pré-diabetes
A probabilidade de evolução para diabetes tipo 2 varia conforme perfil metabólico e presença de fatores de risco. Entre os principais determinantes do risco estão:
- Índice de massa corporal elevado e obesidade central
- Inatividade física
- História familiar de diabetes
- Idade avançada e certas etnias de maior risco
- Antecedente de diabetes gestacional
- Hipertensão e dislipidemia
Estudos de prevenção mostram que perda de peso de 5%–7% e prática regular de atividade física (mínimo de 150 minutos/semana de intensidade moderada) diminuem em 40%–60% o risco de progressão em 3–6 anos. Essas medidas também reduzem risco cardiovascular.
Intervenções eficazes no manejo do pré-diabetes
O manejo deve ser individualizado. Priorize intervenções no estilo de vida e avalie farmacoterapia em pacientes de alto risco.
Mudanças no estilo de vida: dieta, perda de peso e atividade física
- Perda de peso gradual, com meta inicial de 5%–7% do peso corporal em 6–12 meses.
- Orientação nutricional adequada: redução de calorias quando necessário, aumento de fibras, redução de açúcares simples e alimentos ultraprocessados.
- Atividade física: pelo menos 150 minutos/semana de exercício aeróbico de intensidade moderada e treinamento de força duas vezes por semana para melhorar sensibilidade à insulina.
When to consider farmacoterapia no pré-diabetes
Metformina pode ser considerada em indivíduos com alto risco (por exemplo, IMC ≥35 kg/m², idade <60 anos, história de diabetes gestacional, HbA1c na faixa alta do pré-diabetes ou progressão documentada apesar de intervenções no estilo de vida). A decisão deve ponderar benefícios, efeitos adversos e preferência do paciente.
Acompanhamento e monitoramento
- Reavaliar glicemia de jejum ou HbA1c a cada 6–12 meses conforme risco.
- Investigar e tratar fatores cardiometabólicos: pressão arterial, perfil lipídico, cessação do tabagismo.
- Avaliar função renal e o risco de complicações quando houver progressão para diabetes.
O que fazer após o diagnóstico de pré-diabetes
Ao identificar pré-diabetes, eduque o paciente sobre o significado do diagnóstico e estabeleça metas realistas de perda de peso e atividade física. Encaminhe para programa de estilo de vida estruturado quando disponível e discuta a possibilidade de metformina em casos de alto risco. Garanta monitoramento periódico de glicemia, HbA1c e fatores de risco cardiovascular, promovendo abordagem multidisciplinar (nutrição, educação em diabetes, atividade física). A detecção precoce e a intervenção adequada reduzem significativamente a chance de evolução para diabetes tipo 2 e suas complicações.
Palavras-chave relacionadas no texto: HbA1c, glicose de jejum, TTGO/OGTT, resistência à insulina, metformina, perda de peso, atividade física, risco cardiovascular.