Síndrome geniturinária da menopausa na atenção primária: diagnóstico, tratamento e encaminhamento

Síndrome geniturinária da menopausa (GSM): por que reconhecer na atenção primária

A síndrome geniturinária da menopausa (GSM) refere-se a um conjunto de sinais e sintomas resultantes da atrofia vulvovaginal e das alterações hormonais da menopausa, com impacto no ressecamento vaginal, dispareunia e sintomas urinários como urgência, frequência e incontinência urinária de esforço leve. Estes problemas são comuns e subdiagnosticados; o reconhecimento precoce na atenção primária melhora a qualidade de vida, a função sexual e reduz infecções urinárias recorrentes.

Diagnóstico clínico da GSM na prática

O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado em história dirigida e exame físico focado. Exames adicionais são necessários apenas diante de sinais atípicos ou suspeita de outra patologia.

Sintomas-chave

  • Ressecamento vaginal persistente e perda da lubrificação;
  • Dispareunia (dor durante a relação sexual);
  • Sintomas miccionais: urgência, frequência, sensação de esvaziamento incompleto e incontinência;
  • Queda da elasticidade vulvovaginal e sensibilidade aumentada, compatíveis com atrofia vulvovaginal.

Avaliação prática

Realize inspeção da mucosa vaginal, avalie lubrificação e elasticidade e investigue sinais de alterações dermatológicas ou lesões que exijam biópsia. Pergunte de forma direta e sem constrangimento sobre sexualidade e impacto na vida diária.

Quando encaminhar

  • Falha clínica às terapias locais bem instituídas ou intolerância;
  • História de câncer de mama ou trombose — discuta com oncologia antes de indicar estrogênio local ou sistêmico;
  • Suspeita de outra doença genital, lesão atípica ou necessidade de procedimentos como laser vaginal;
  • Questões psicossociais ou disfunção sexual que requeiram equipe multiprofissional.

Opções de tratamento em atenção primária

O manejo deve ser individualizado e escalonado, considerando gravidade dos sintomas, comorbidades (diabetes, obesidade), histórico oncológico e preferência da paciente.

Medidas não farmacológicas

  • Uso de lubrificantes à base de água durante a relação sexual para reduzir fricção e dor;
  • Hidratantes vaginais regulares (hidrogel) para restaurar a mucosa e reduzir o ressecamento vaginal;
  • Exercícios do assoalho pélvico e fisioterapia pélvica para melhorar suporte e reduzir incontinência urinária;
  • Educação sobre higiene íntima adequada e prevenção de traumas locais.

Terapia estrogênica local

A terapia estrogênica local em creme, comprimido ou anel é a intervenção mais eficaz para sintomas vaginais da GSM, promovendo restabelecimento da mucosa, aumento da lubrificação e redução da dispareunia. Em geral apresenta baixo risco sistêmico, mas requer avaliação em pacientes com história de câncer hormônio-sensível ou tromboembolismo.

Ospemifeno e terapias orais

Ospemifeno é uma opção oral para dor durante a relação sexual na GSM, indicado quando terapias tópicas são insuficientes ou não toleradas. Deve-se considerar efeitos adversos (ondas de calor, náusea) e selecionar pacientes com cautela.

Laser vaginal e terapias de energia

Procedimentos com laser ou outras terapias de energia podem ser considerados em casos refratários; entretanto, a evidência de longo prazo ainda está em evolução. Discuta custo, segurança e expectativa de resultado antes do encaminhamento para procedimentos especializados.

Manejo das comorbidades e terapias complementares

  • Controle glicêmico em diabetes e manejo do excesso de peso podem reduzir inflamação sistêmica que agrava a GSM;
  • Intervenções para disfunção miccional, incluindo medidas comportamentais e medicamentos quando indicados;
  • Suporte psicológico e orientação sexual para melhorar adesão e qualidade de vida.

Segurança, contraindicações e acompanhamento

A escolha terapêutica deve considerar contraindicações, como história de câncer sensível a hormônios e eventos tromboembólicos. Monitore eficácia e efeitos adversos; reavalie a cada 3 a 6 meses para ajustar o plano. Envolva a paciente na decisão, explicando benefícios esperados, duração do tratamento e sinais que exigem retorno.

Coordenação do cuidado e encaminhamentos relevantes

O manejo ideal pode envolver:

  • Ginecologia, para avaliação detalhada, opções de terapia estrogênica local, laser vaginal e terapias sistêmicas;
  • Fisioterapia pélvica, para treino do assoalho pélvico e reabilitação em casos com incontinência;
  • Oncologia, quando houver histórico de câncer de mama ou tumores hormônio-dependentes.

Integre encaminhamentos a um plano de cuidado compartilhado, com documentação clara dos critérios de encaminhamento.

Impacto do tratamento correto na qualidade de vida

Intervenções adequadas costumam melhorar lubrificação, reduzir dispareunia, melhorar a função urinária e diminuir episódios de irritação e infecções urinárias, elevando a autoestima e bem-estar. Mensure resultados com metas de curto prazo (alívio da secura) e longo prazo (melhoria da saúde sexual e funcional).

Perguntas frequentes práticas

  • É seguro usar estrogênio local? Em mulheres sem câncer sensível ao estrogênio, é geralmente seguro; avalie caso a caso com oncologia quando indicado.
  • Ospemifeno serve para todas? Não; indica-se conforme perfil clínico e tolerabilidade.
  • Quando considerar laser? Em casos refratários, com avaliação de riscos, benefícios e profissional treinado.
  • Com que frequência reavaliar? A cada 3–6 meses inicialmente, ajustando conforme resposta.

Para complementar o manejo das comorbidades que influenciam a GSM, considere a integração de conteúdos como nutrição anti-inflamatória na prática clínica (relevante para inflamação sistêmica), dor neuropática relacionada a comorbidades (importante em pacientes com diabetes) e vitamina D e saúde em pacientes idosos (impactos na saúde óssea e muscular que podem influenciar qualidade de vida).

Resumo prático: manejo da síndrome geniturinária da menopausa na atenção primária

  • Adote uma abordagem sensível e direta para identificar ressecamento vaginal, dispareunia e sintomas urinários;
  • Inicie com medidas não farmacológicas e lubrificantes à base de água; use hidratantes vaginais conforme necessidade;
  • Considere terapia estrogênica local como primeira opção farmacológica em pacientes sem contraindicações; ospemifeno é alternativa oral quando indicado;
  • Encaminhe para ginecologia, fisioterapia pélvica ou oncologia conforme critério clínico e resposta ao tratamento;
  • Reavalie periodicamente, envolvendo a paciente nas decisões e monitorando eficácia e segurança.

Este texto destina-se a profissionais de saúde e pacientes que buscam informação técnica aplicada à prática clínica. As decisões terapêuticas devem considerar diretrizes locais, disponibilidade de recursos e o contexto individual de cada paciente.

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