Terapias com células-tronco na degeneração macular relacionada à idade

Terapias com células-tronco na degeneração macular relacionada à idade

Degeneração macular relacionada à idade: panorama clínico

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é a principal causa de perda visual central em adultos acima de 50 anos. A doença tem duas formas predominantes: atrófica (seca), caracterizada por atrofia do epitélio pigmentar da retina (EPR) e perda de fotorreceptores; e neovascular (úmida), marcada por neovascularização sub-retiniana e edema macular, frequentemente manejada com injeções intravítreas de antiangiogênicos.

Células-tronco: tipos e aplicações na retina

As estratégias de terapia celular para DMRI avaliam diferentes fontes de células-tronco:

  • hESCs (células-tronco embrionárias humanas): podem ser diferenciadas em EPR e usadas em transplante sub-retiniano experimental e em ensaios clínicos iniciais (registro clínico NCT01344993).
  • iPSCs (células-tronco pluripotentes induzidas): reprogramadas a partir de células somáticas do próprio paciente, permitem criação de EPR autólogas, reduzindo risco imunológico.
  • Células da medula óssea (CD34+): têm efeito paracrino e potencial para modular a microcirculação retiniana e promover neuroproteção (estudo preclínico e clínico).

Células-tronco e mecanismos de ação na DMRI

As intervenções com células-tronco atuam por múltiplos mecanismos complementares:

  • Substituição celular: diferenciação em EPR e fotorreceptores para repor tecido perdido.
  • Neuroproteção e secreção de fatores: liberação de fatores neurotróficos que protegem fotorreceptores remanescentes e modulam inflamação.
  • Modulação vascular: melhora da perfusão retiniana sem induzir neovascularização patológica.

Transplante sub-retiniano e segurança

O transplante sub-retiniano de lâminas ou suspensões de EPR derivadas de hESCs ou iPSCs mostrou segurança inicial em séries pequenas, com relatos de estabilidade ou melhora da acuidade visual em casos selecionados. Ainda existem preocupações quanto ao controle da proliferação celular, imunogenicidade e risco teórico de tumorigenicidade, o que exige protocolos rigorosos de diferenciação e monitoramento.

Evidências clínicas e estudos relevantes

Os ensaios fase I/II publicados e registrados são heterogêneos em desenho e população, mas fornecem sinais de que a terapia celular pode ser segura e, em alguns pacientes, associada a ganho funcional. Além dos registros de ensaios, a literatura que descreve tratamento da DMRI neovascular com terapias antiangiogênicas continua sendo referência para manejo combinado quando indicado (revisão sobre antiangiogênicos).

Desafios para adoção clínica

Para que a terapia celular entre na prática clínica rotineira é necessário resolver pontos críticos:

  • Padronização dos protocolos de diferenciação e qualidade celular.
  • Estabelecer critérios claros de indicação (fase da DMRI, presença de fotorreceptores viáveis).
  • Estratégias imunomodulatórias para enxertos alogênicos e segurança a longo prazo.
  • Desenvolver biomarcadores e imagens avançadas para avaliar integração do enxerto e função retiniana.

Rumo à prática clínica: integração com medicina regenerativa

O desenvolvimento das terapias com células-tronco para DMRI está intrinsecamente ligado aos avanços da medicina regenerativa. Leituras complementares sobre aplicações práticas e desafios da medicina regenerativa ajudam a contextualizar translacionalmente esses achados (medicina regenerativa na prática clínica).

Para quem estuda abordagens específicas à degeneração macular, revisões sobre terapias regenerativas aplicadas à retina oferecem visão detalhada de técnicas e resultados (terapias regenerativas em degeneração macular).

Além disso, a experiência com transplantes e os desafios éticos e logísticos dessas intervenções em outras áreas da cirurgia e transplante de órgãos podem orientar protocolos e sistemas de acompanhamento (transplante de órgãos: lições aplicáveis).

O que isso significa para o médico e para o paciente

Atualmente, as terapias com células-tronco representam uma opção experimental promissora, especialmente para pacientes com DMRI seca avançada sem opções terapêuticas estabelecidas. Profissionais de saúde devem manter-se atualizados sobre ensaios clínicos ativos, discutir riscos e benefícios de forma clara e encaminhar pacientes elegíveis para centros de pesquisa. Pacientes precisam ser informados sobre expectativas realistas: possíveis ganhos de acuidade visual, mas também incertezas quanto a eficácia a longo prazo.

Para leitura e referência adicional sobre dados clínicos e registros de ensaios, consultem o registro do estudo com hRPE (NCT01344993) e revisões nacionais que abordam o potencial das células-tronco e evidências experimentais (artigo RMMG). Revisões sobre tratamentos consolidados da forma neovascular permanecem relevantes para manejo combinado (revisão em SciELO).

Em resumo, a terapia celular para DMRI aponta para uma mudança de paradigma possível: de controle de complicações para restauração tecidual. Entretanto, sua incorporação ao cuidado clínico depende de evidências robustas de eficácia e segurança em estudos de maior porte.

Referências selecionadas (para leitura): registro clínico NCT01344993; revisão sobre antiangiogênicos em DMRI; análise do potencial terapêutico de células-tronco (RMMG).

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