Terapia com plasma rico em plaquetas para tendinopatias crônicas
As tendinopatias crônicas causam dor persistente e limitação funcional em atletas e não atletas. A terapia com plasma rico em plaquetas (PRP) surgiu como alternativa regenerativa quando fisioterapia, exercícios excêntricos e anti-inflamatórios não alcançam alívio adequado. Este texto explica o mecanismo, indicações, protocolos e evidências atuais de forma prática para profissionais de saúde e pacientes.
PRP e fatores de crescimento: como funciona
O PRP é uma suspensão autóloga de plaquetas obtida por centrifugação do sangue periférico. Ao liberar fatores de crescimento como PDGF, TGF-β e VEGF, o PRP estimula a regeneração tecidual, modula a resposta inflamatória e favorece a remodelação do colágeno no tendão. Esses fatores de crescimento atuam sobre células-tronco locais e fibroblastos, promovendo a regeneração tecidual e o reparo funcional.
Ultrassom guiado na infiltração
A aplicação com orientação por ultrassom aumenta a precisão da injeção intratendínea e reduz complicações. O uso de aparelho portátil para procedimentos à beira do campo melhora a acurácia e pode ser integrado à prática clínica moderna (ultrassom portátil na prática clínica). Além disso, o ultrassom facilita o seguimento da cicatrização e a detecção precoce de alterações estruturais em lesões esportivas (detecção precoce de lesões esportivas com ultrassom portátil e IA).
Indicações clínicas para tendinopatias
O PRP tem sido estudado em diferentes locais: tendão de Aquiles, patelar, epicondilite lateral (cotovelo de tenista) e lesões do manguito rotador. Em pacientes com dor persistente após programas de reabilitação e condicionamento, o PRP pode ser considerado como opção minimamente invasiva antes de indicação cirúrgica. É importante integrar o tratamento com programas de fisioterapia e reabilitação funcional, com possibilidade de acompanhamento remoto quando apropriado (telemedicina na prática clínica).
Protocolos de tratamento e variabilidade
Não há padronização universal; as diferenças incluem volume de sangue coletado, concentração de plaquetas, presença ou não de leucócitos e número de injeções. Protocolos frequentes contemplam coleta autóloga, processamento por centrífuga, injeção única ou série de 2–3 aplicações espaçadas por 2–6 semanas e reavaliação clínica após 3 meses. A técnica de infiltração (intratendínea versus peritendínea) e o uso concomitante de needling percutâneo influenciam os resultados.
Evidências, comparações e limitações
Ensaios clínicos e revisões mostram resultados heterogêneos. Em algumas séries o PRP demonstrou superioridade sobre placebo ou tratamento conservador para alívio da dor e melhora funcional; em outros, a diferença foi pequena ou ausente. Comparado a corticosteroides, o PRP pode apresentar menor risco de atrofia tecidual e efeitos colaterais sistêmicos, embora os benefícios a longo prazo ainda precisem de confirmação. As principais limitações são a variabilidade metodológica entre estudos e o número reduzido de ensaios randomizados, o que dificulta recomendações definitivas.
Para leitura complementar sobre aspectos metodológicos e revisões, consulte estudos e monografias, como o trabalho da Universidade de Lisboa (Lacerda et al., 2016), material de revisão clínica disponível na Cetrus (Cetrus – PRP em lesões musculoesqueléticas) e conteúdo prático do Instituto Sport (Instituto Sport – tratamento com PRP).
Riscos, consentimento e seleção de pacientes
O PRP é geralmente seguro por ser autólogo; eventos adversos incluem dor transitória no local da injeção, reação inflamatória aguda e, raramente, infecção. Deve-se realizar consentimento informado esclarecendo expectativas realistas. Pacientes com alterações de coagulação, infecção ativa ou doenças sistêmicas descompensadas precisam de avaliação criteriosa.
Considerações finais sobre terapias com PRP em tendinopatias
O PRP é uma opção terapêutica promissora para tendinopatias crônicas refratárias, apoiada por mecanismos biológicos plausíveis relacionados a fatores de crescimento e remodelação do colágeno. Entretanto, a heterogeneidade dos protocolos e a variabilidade nas evidências exigem seleção cuidadosa de pacientes, integração com programas de reabilitação e uso de ultrassom para orientação precisa. Recomenda-se acompanhar resultados com escalas validadas de dor e função, padronizar documentações e, quando possível, participar de protocolos de pesquisa. Para práticas que incorporam tecnologia e acompanhamento remoto, veja também discussões sobre telemedicina e monitorização clínica (telemedicina na prática clínica).
Referências selecionadas
- Lacerda, D. M. P. (2016). Plasma rico em plaquetas: alternativa terapêutica em tendinopatias crónicas. Universidade de Lisboa.
- Cetrus – A aplicação de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) em Lesões Musculoesqueléticas.
- Instituto Sport – O Tratamento das Lesões Musculares com PRP.
Este texto visa orientar a prática clínica com base em evidências atuais, sem substituir a avaliação individualizada pelo médico responsável.