Abordagem da dor crônica musculoesquelética no consultório
A dor crônica musculoesquelética é uma das principais causas de incapacidade funcional na população adulta. No consultório, o objetivo é identificar mecanismos, avaliar impacto funcional e propor um plano terapêutico individualizado que combine estratégias farmacológicas e não farmacológicas, com atenção à reabilitação e à saúde mental do paciente.
Avaliação clínica da dor crônica musculoesquelética
A avaliação deve ser estruturada: história detalhada (localização, intensidade, início, fatores de melhora/piora, sono, humor, limitações), exame físico direcionado (amplitude de movimento, força, pontos dolorosos, sinais de alarme) e exames complementares quando indicados. Use escalas validadas como a escala visual analógica (EVA) para quantificar a dor e monitorar a resposta ao tratamento (EVA e medidas de dor).
É essencial diferenciar componentes somáticos, neuropáticos e centrais da dor, pois a presença de mecanismos neuropáticos orienta para uso de medicamentos como anticonvulsivantes (p. ex., gabapentina) ou antidepressivos trícíclicos, enquanto respostas comportamentais e alterações do sono demandam intervenções psicológicas.
Triagem e sinais de alarme
- Perda de peso inexplicada, febre, déficit neurológico progressivo, antecedentes de câncer ou trauma significativo exigem investigação imediata.
- Quando a dor apresenta componente neuropático, considere ferramentas de triagem específicas e o uso criterioso de exames de imagem.
Tratamento farmacológico da dor musculoesquelética
O tratamento farmacológico deve ser racional e orientado por alvo terapêutico e risco-benefício. Recomendações práticas incluem:
- Analgesia de primeira linha: paracetamol e AINEs para alívio sintomático, considerando efeitos gastrointestinais e cardiovasculares.
- Dor neuropática: antidepressivos tricíclicos (amitriptilina) ou anticonvulsivantes (gabapentina, pregabalina) quando indicado.
- Opioides: reservar para casos selecionados, com plano claro de tempo limitado e monitorização para dependência e efeitos adversos.
Integre a farmacoterapia com princípios de analgesia multimodal quando aplicável, buscando reduzir doses e efeitos colaterais e melhorar função.
Tratamento não farmacológico: fisioterapia, psicoterapia e acupuntura
Intervenções não farmacológicas são centrais no manejo a longo prazo. Programas de fisioterapia orientados a fortalecimento, alongamento e reeducação postural reduzem dor e melhoram função. Técnicas como terapia cognitivo-comportamental ajudam a modular resposta emocional e comportamental à dor, especialmente em presença de catastrophizing ou distúrbios do sono.
Práticas complementares como acupuntura e exercícios supervisionados podem ser integradas conforme preferência do paciente e evidência disponível (estudos sobre terapias complementares).
Quando ajustes conservadores são insuficientes, considere encaminhamentos: programas de reabilitação multidisciplinar, avaliação por dor crônica ou técnicas de neuromodulação. Informações práticas sobre neuromodulação e opções não invasivas podem ser encontradas em material técnico relevante, como em nossa página sobre neuromodulação não invasiva.
Exercício e reabilitação
Exercício terapêutico individualizado é uma intervenção de alta prioridade: melhora força, reduz dor e previne recidivas. Integre orientações sobre ergonomia, controle de peso e retorno progressivo às atividades.
Abordagem multidisciplinar e seguimento
A dor crônica exige visão biopsicossocial. Equipes que reúnem médico, fisioterapeuta, psicólogo e, quando necessário, reumatologista ou neurologista, alcançam melhores resultados. Defina metas funcionais mensuráveis (p. ex., caminhar X minutos, voltar ao trabalho parcial) e revise periodicamente para ajustar medicamentos, exercícios e intervenções psicológicas.
Para casos complexos, terapias avançadas e modelos de atenção integrada são descritos em materiais clínicos sobre manejo da dor crônica (manejo da dor crônica – prática clínica).
Manejo prático da dor crônica musculoesquelética no consultório
Resumo prático para uso diário: 1) documente EVA e metas funcionais; 2) identifique mecanismos predominantes (somático, neuropático, central); 3) inicie medidas não farmacológicas (fisioterapia, terapia cognitivo-comportamental) simultaneamente à farmacoterapia dirigida; 4) utilize analgesia multimodal para reduzir exposição a opioides; 5) encaminhe para equipe multidisciplinar e considere neuromodulação ou procedimentos quando indicado.
Fontes para aprofundamento incluem revisões de mecanismos e diretrizes (revisão sobre dor crônica) e artigos clínicos sobre manejo integrado (estudo clínico).
Se desejar material sobre reabilitação digital, estratégias de prevenção de recaída e ferramentas de monitoramento remoto, veja também nossa página com recursos e evidências aplicáveis em prática clínica.