Abordagem inicial da dor lombar aguda na atenção primária

Abordagem inicial da dor lombar aguda na atenção primária

A dor lombar aguda é uma das queixas mais frequentes na prática clínica e uma causa importante de afastamento laboral e limitação funcional. A maioria dos episódios tem evolução favorável com medidas conservadoras, mas o médico de atenção primária precisa identificar sinais de gravidade, orientar o paciente e indicar intervenções baseadas em evidência para reduzir o risco de cronicidade.

Dor lombar aguda: definição e epidemiologia

Considera-se dor lombar aguda o episódio de dor na região lombar com duração inferior a seis semanas. Estima‑se que até 80% das pessoas terão um episódio ao longo da vida, com impacto socioeconômico significativo. Dados epidemiológicos e revisões sistemáticas mostram que fatores ocupacionais, sedentarismo e obesidade aumentam a probabilidade de recorrência (repositório UFMG).

Fatores de risco

  • Idade > 40 anos e degeneração discal prévia.
  • Sedentarismo e fraqueza do músculo paravertebral e do core.
  • Obesidade e atividades laborais com levantamento de peso repetitivo.
  • Fatores psicossociais: ansiedade, depressão e crenças de incapacidade.

Manejo inicial na atenção primária

O objetivo é aliviar a dor, manter a função e prevenir a cronificação. A estratégia combina orientação, atividade dirigida, terapias físicas e uso racional de medicação.

Educação e atividade física

Explique ao paciente que a maioria dos episódios melhora em semanas; desencoraje repouso absoluto. Incentive a manutenção das atividades diárias e exercícios graduais de alongamento e fortalecimento. Programas simples de reabilitação domiciliar e aconselhamento ergonômico reduzem tempo de incapacidade.

Terapias físicas e fisioterapia

A fisioterapia dirigida — com exercícios de estabilização lombar, treino de flexibilidade e orientação postural — tem evidência consistente de benefício. Quando disponível, encaminhe para fisioterapia; em casos de limitação funcional importante, a fisioterapia ambulatorial pode acelerar a recuperação (revisão sobre fisioterapia).

Medicação: analgésicos e AINEs

Analgesia temporária com paracetamol ou anti‑inflamatórios não esteroides (AINEs) pode ser utilizada conforme tolerância e risco cardiovascular/renal. Evite opióides em primeira linha. A prescrição deve seguir princípios de segurança farmacológica e orientação ao paciente quanto à duração curta do tratamento (prescrição segura de analgésicos).

Quando solicitar exames de imagem e sinais de alarme

Na ausência de sinais de alarme, não é recomendada a imagem imediata. Solicite radiografia, tomografia ou ressonância quando houver:

  • Sinais neurológicos progressivos (déficit motor, perda sensorial significativa).
  • Sensação de anestesia em sela ou perda de controle esfincteriano (sinal de cauda equina).
  • História de neoplasia, infecção sistêmica ou trauma significativo.
  • Dor persistente e incapacitante após 6 semanas de tratamento conservador.

O uso judicioso de imagem evita intervenções desnecessárias e o aumento de custos sem benefício clínico em pacientes sem risco.

Abordagem biopsicossocial e prevenção de recorrências

Avalie fatores psicológicos e sociais que influenciam a dor. Intervenções breves de suporte, encaminhamento para psicologia ou programas de reabilitação multidisciplinares podem ser necessários. Estratégias de prevenção incluem promoção de atividade física regular, programas de fortalecimento e orientações ergonômicas no trabalho — o que também contribui para reduzir risco de quedas em idosos (prevenção de quedas).

Encaminhamento e seguimento

Encaminhe para ortopedia, neurologia ou reabilitação quando houver sinais de alarme, déficit neurológico progressivo ou falha do tratamento conservador após 6 semanas. Para casos complexos com dor crônica ou necessidade de procedimentos, discuta o caso de forma multidisciplinar. Consulte também material de manejo inicial para padronizar condutas na atenção primária (manejo inicial da dor lombar).

Para orientar pacientes e equipes, revise protocolos locais e diretrizes clínicas, e complemente com literatura disponível sobre métodos de tratamento e reabilitação (revisão de métodos).

Uma abordagem precoce, centrada em educação, atividade física orientada, fisioterapia quando indicada e uso racional de medicação é eficaz na maioria dos casos. O médico de atenção primária tem papel central na triagem, manejo inicial e identificação de pacientes que necessitam de avaliação especializada.

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