Anafilaxia: protocolo prático de reconhecimento e adrenalina

Anafilaxia e choque anafilático

Anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica de início rápido, potencialmente fatal, que envolve pele, vias aéreas, sistema cardiovascular e trato gastrintestinal. O termo choque anafilático descreve a forma mais grave, caracterizada por hipotensão significativa e insuficiência de órgãos. A diferenciação clínica rápida entre sinais cutâneos, respiratórios e circulatórios é determinante para reduzir morbidade e mortalidade.

Sinais de alarme

  • Manifestações cutâneas: urticária, angioedema, prurido intenso, rubor.
  • Comprometimento respiratório: sensação de aperto no peito, estridor, chiado, dispneia progressiva.
  • Sinais circulatórios e neurológicos: tontura, síncope, hipotensão, confusão mental, sensação de morte iminente.
  • Sintomas gastrointestinais: náuseas, vômitos, dor abdominal podem acompanhar o quadro.

Adrenalina intramuscular: quando e como administrar

A adrenalina (epinefrina) por via intramuscular é o tratamento de primeira linha e deve ser administrada imediatamente ao primeiro sinal de anafilaxia suspeita — não aguardar exames laboratoriais. A administração precoce interrompe a cascata inflamatória e reduz a necessidade de suporte ventilatório ou circulatório.

Dose e técnica

  • Adultos: 0,3–0,5 mg IM no músculo vasto lateral da coxa (preferencialmente 0,3 mg se autoinjetor disponível). Repetir a cada 5–15 minutos conforme resposta clínica, até melhora ou até chegada de suporte avançado.
  • Crianças: 0,01 mg/kg IM, com dose máxima de 0,3 mg por administração. Repetir a cada 5–15 minutos se necessário.
  • Evite via IV fora do ambiente hospitalar: a via intravenosa só é indicada se houver indicação explícita e monitorização adequada por equipe treinada.

Uso do autoinjetor (EpiPen e equivalentes)

  • Remova a tampa de segurança; segure o dispositivo com a ponta voltada para a parte externa da coxa.
  • Posicione entre a metade superior e o terço médio da coxa; pressione firmemente até ouvir um clique.
  • Mantenha a pressão por cerca de 3 segundos (conforme instrução do fabricante) e massageie suavemente por 10 segundos.
  • Monitore o paciente e esteja preparado para aplicar uma segunda dose após 5–15 minutos se os sinais persistirem ou retornarem.

Manejo inicial: vias aéreas, oxigenação e fluidoterapia

Além da adrenalina IM, o suporte imediato pode incluir medidas para proteger vias aéreas, manter oxigenação e estabilizar a circulação.

  • Via aérea e oxigenação: monitorar saturação; administrar oxigênio suplementar para manter SpO2 > 94% ou conforme protocolo local.
  • Suporte circulatório: iniciar fluidoterapia com cristaloides isotônicos em casos de hipotensão; monitorizar pressão arterial e perfusão.
  • Medicamentos adjuvantes: anti-histamínicos e corticosteroides podem reduzir sintomas cutâneos e possivelmente prevenir reações bipásicas, mas nunca substituem a adrenalina na fase aguda.
  • Observação: acompanhar por 4–6 horas ou mais conforme evolução clínica, pois reações bipásicas podem ocorrer após resolução inicial.

Checklist rápido para emergência

  • Reconhecer sinais de anafilaxia: pele, vias aéreas, respiração e circulação.
  • Administrar adrenalina IM imediatamente ao primeiro sinal suspeito.
  • Acionar o serviço de emergência (no Brasil, 192) e manter monitorização contínua.
  • Posicionar o paciente adequadamente: deitado com pernas elevadas se houver hipotensão; se houver vômito, colocar em posição lateral de segurança; em dispneia, ajustar posição que favoreça ventilação.
  • Preparar segunda dose de adrenalina se necessário; documentar hora e dose administrada.

Avaliação pós-episódio e encaminhamento para alergologia

Todo paciente que recebeu adrenalina deve ser encaminhado para avaliação especializada. O alergista/imunologista irá identificar gatilhos, orientar sobre prevenção e avaliar necessidade de desensibilização e de prescrição de autoinjetor para uso contínuo.

Para profissionais, recomenda-se revisar sistematicamente a anamnese e o exame físico em situações agudas, consultando materiais de referência sobre anamnese e exame físico em situações agudas e atualizando protocolos institucionais com base em protocolos clínicos e diretrizes práticas. Ferramentas de triagem e treino prático ajudam a reduzir erros de reconhecimento e atraso na administração de adrenalina.

Resumo prático para pacientes e familiares

  • Tenha sempre um autoinjetor de adrenalina se houver risco conhecido de anafilaxia; aprenda a usá-lo e verifique validade e técnica periodicamente.
  • Reconheça sinais precoces como urticária, inchaço facial, dificuldade respiratória e tontura; não adie a administração de adrenalina IM na primeira suspeita.
  • Após o uso do autoinjetor, procure atendimento médico imediato para observação e investigação posterior.
  • Busque avaliação com alergologia para identificação de alérgenos, educação sobre prevenção e elaboração de plano de ação personalizado.

Notas finais para prática clínica

A resposta à anafilaxia depende da rapidez do reconhecimento e da administração correta da adrenalina intramuscular. Treinamento regular de equipes, protocolos claros, posicionamento adequado do paciente e encaminhamento para avaliação especializada reduzem complicações e melhoram desfechos. Palavras-chave importantes a considerar neste contexto: anafilaxia, choque anafilático, adrenalina IM, autoinjetor, urticária e reação bipásica.

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