Antibioticoterapia para faringoamigdalite em consultório: diretrizes e práticas

Antibioticoterapia para faringoamigdalite em consultório: diretrizes e práticas

A faringoamigdalite aguda é uma queixa frequente em consultório. Embora muitas vezes seja viral, o estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBHGA) permanece como a principal causa bacteriana relevante por risco de complicações como febre reumática e glomerulonefrite pós-estreptocócica. Este texto resume decisões práticas para o atendimento ambulatorial, com foco em diagnóstico, condutas e prevenção da resistência antimicrobiana.

Faringoamigdalite: quando indicar antibioticoterapia

A decisão clínica deve combinar história, exame físico e, sempre que possível, testes complementares. Achados que aumentam a probabilidade de etiologia estreptocócica incluem presença de exsudato, febre alta, ausência de coriza e adenopatias cervicais. Ferramentas como o escore de Centor podem orientar a estratificação do risco, mas não substituem testes microbiológicos quando disponíveis.

Teste rápido de antígeno e cultura de orofaringe

O teste rápido de antígeno é útil para confirmar EBHGA em pacientes com probabilidade intermediária/alta; a sensibilidade varia, então resultados negativos podem requerer cultura de orofaringe em indivíduos com alta suspeita clínica. Em serviços com capacidade de diagnóstico, testar antes de prescrever reduz tratamentos desnecessários e melhora a prescrição racional.

Escolha do antibiótico e duração

Quando confirmado EBHGA, a penicilina V ou a amoxicilina são as opções de primeira linha devido à eficácia, baixo custo e perfil de segurança. A duração clássica recomendada para erradicar o patógeno e prevenir complicações é de 10 dias. Em pacientes com alergia imediata à penicilina, a azitromicina ou macrolídeos podem ser utilizados conforme padrões locais de sensibilidade; em alergias não imediatas, cefalosporinas podem ser consideradas com cautela.

Prescrição racional e educação do paciente

Explique ao paciente que a maioria das faringoamigdalites é viral e não se beneficia de antibióticos. Oriente sobre sinais de alarme (dificuldade respiratória, disfagia progressiva, febre persistente) e sobre medidas sintomáticas: hidratação, analgesia e antipiréticos. A comunicação clara reduz demandas por antibiótico e melhora adesão às recomendações.

Resistência antimicrobiana e vigilância local

Apresença crescente de resistência antimicrobiana torna essencial adaptar escolhas terapêuticas à epidemiologia local. Protocolos institucionais e dados de vigilância orientam quando alternativas à penicilina são necessárias e ajudam a preservar antibióticos críticos. Estratégias de preservação incluem confirmação laboratorial quando viável e duração adequada do tratamento.

Para estratégias práticas de prescrição e conservação de antimicrobianos, veja as recomendações sobre boas práticas no uso de antibióticos na prática clínica e a discussão sobre resistência bacteriana e gestão de antibióticos em nosso acervo. Em cenários de multirresistência e pesquisas de alternativas, terapias como a fagoterapia têm sido objeto de estudo.

Aspectos práticos no consultório

  • Use o escore clínico para triagem, mas confirme com teste rápido ou cultura quando indicado.
  • Prefira penicilina V ou amoxicilina para EBHGA; em alergia, escolha alternativa baseada em perfil de reação e sensibilidade local.
  • Oriente o paciente sobre cuidados sintomáticos e sinais de agravamento.
  • Documente a justificativa para prescrição de antibiótico e planeje seguimento quando necessário.

Diretrizes internacionais e documentos de referência que orientam práticas seguras incluem as recomendações da Organização Mundial da Saúde sobre resistência antimicrobiana, a orientação para prescrição de antimicrobianos do NICE (Reino Unido) e as recomendações do CDC para faringite estreptocócica. Esses recursos ajudam a alinhar práticas locais com evidência internacional.

Orientações finais

O manejo seguro da faringoamigdalite em consultório combina avaliação clínica acurada, uso dirigido de teste rápido de antígeno e cultura quando apropriado, e prescrição racional — preferindo penicilina V ou amoxicilina quando EBHGA confirmado. A educação do paciente e a atenção à resistência antimicrobiana são essenciais para resultados individuais melhores e para a saúde pública. Para aprofundamento, consulte os artigos indicados nesta página e os materiais de referência citados.

Links internos relacionados: Boas práticas no uso de antibióticos na prática clínica, Resistência bacteriana: gestão de antibióticos, Fagoterapia em infecções multirresistentes.

Referências externas selecionadas para leitura adicional: WHO sobre resistência antimicrobiana (who.int), NICE NG84 sobre prescrição de antimicrobianos (nice.org.uk) e CDC sobre faringite estreptocócica (cdc.gov).

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