O que é CRE: enterobacterales resistentes a carbapenêmicos

Os enterobacterales resistentes a carbapenêmicos (CRE) são bactérias do grupo Enterobacterales que desenvolveram resistência aos antibióticos carbapenêmicos, geralmente por produção de carbapenemases (por exemplo, KPC, NDM, VIM, IMP, OXA-48), perda de porinas ou aumento de bombas de efluxo. Este quadro tem grande impacto clínico e epidemiológico: exige vigilância ativa, identificação laboratorial precisa (antibiograma e testes moleculares) e medidas de controle para reduzir transmissão e mortalidade.

CRE: mecanismos de resistência e resistência antimicrobiana

A resistência antimicrobiana em CRE decorre sobretudo da presença de genes de carbapenemase, que inativam os carbapenêmicos, mas também pode resultar de alterações na permeabilidade da membrana e de bombas de efluxo. Conhecer o mecanismo (por exemplo, KPC versus MBL como NDM) orienta opções terapêuticas como ceftazidima–avibactam, meropenem–vaborbactam ou cefiderocol, e influencia a política local de antimicrobial stewardship (gestão de antimicrobianos).

Definição e diferenciação entre colonização e infecção

  • Colonização: isolamento de CRE em pele, mucosas ou fezes sem sinais clínicos de infecção. Importa pela risco de transmissão e por possível evolução para infecção em pacientes fragilizados.
  • Infecção: invasão tecidual com sinais clínicos e laboratoriais (febre, leucocitose, sinais locais, alterações hemodinâmicas) e cultura positiva compatível com foco (urinário, respiratório, intra-abdominal, sanguíneo).

A decisão terapêutica deve correlacionar isolamento, quadro clínico e resultados do antibiograma; pacientes colonizados não recebem antibiótico apenas pela presença de CRE.

Diagnóstico e vigilância

Detecção microbiológica

O diagnóstico laboratorial combina métodos fenotípicos e moleculares: testes de susceptibilidade (MICs), testes fenotípicos como Carba NP ou meios cromogênicos, e sistemas automatizados. O antibiograma orienta a escolha terapêutica e o ajuste por função renal.

Testes moleculares e categorização de carbapenemases

Testes moleculares detectam genes específicos (KPC, NDM, VIM, IMP, OXA-48) e ajudam a definir a melhor estratégia terapêutica e a necessidade de medidas de contenção imediatas. A vigilância epidemiológica local é essencial para protocolos de triagem e isolamento.

Para interpretar resultados laboratoriais e aplicar ao manejo clínico, veja conteúdos sobre antibiograma: interpretação de resultados e sobre prescrição segura de antibióticos.

Riscos, impacto clínico e custos

Infecções por CRE associam-se a maior mortalidade, internações mais longas e custos elevados. Fatores de risco incluem dispositivos invasivos (cateteres, sondas), imunossupressão, comorbidades, exposições prévias a antibióticos de amplo espectro e internação em UTI. A prevenção passa por gestão de antimicrobianos, vigilância e práticas rigorosas de controle de infecção.

Prevenção e controle de infecção

  • Higiene das mãos com álcool em gel ou lavagem adequada entre atendimentos.
  • Precauções de contato (luvas, avental) e isolamento de pacientes com CRE conhecido ou suspeito.
  • Limpeza ambiental com desinfetantes eficazes em superfícies de alto contato.
  • Triagem e vigilância em pacientes de alto risco (UTI, unidades cirúrgicas, transplante).
  • Gestão de antimicrobianos para reduzir pressões seletivas e uso desnecessário de carbapenêmicos.

Educação contínua da equipe e protocolos locais alinhados com diretrizes nacionais são fundamentais. Recursos práticos sobre prescrição e manejo ambulatorial podem ser consultados em prescrição segura de antibióticos e manejo de infecções respiratórias agudas na prática APS.

Manejo terapêutico: opções e considerações práticas

Abordagem baseada no gene de carbapenemase

A seleção antimicrobiana depende do tipo de carbapenemase e da susceptibilidade individual (MIC). Exemplos práticos:

  • KPC: ceftazidima–avibactam, meropenem–vaborbactam e imipenem–relebactam são opções com boa atividade quando suportadas pelo antibiograma.
  • MBL (NDM, VIM, IMP): opções limitadas; cefiderocol e combinações dirigidas podem ser consideradas conforme suscetibilidade e disponibilidade.
  • OXA-48: resposta variável; escolha terapêutica guiada pelo antibiograma e acompanhamento clínico.

Decisões devem incluir equipe de doenças infecciosas, farmácia clínica e uso do antibiograma local para otimizar terapêutica e reduzir risco de falha. Para suporte prático, consulte antibiograma: interpretação de resultados.

Considerações clínicas

  • A duração do tratamento, necessidade de associação e desescalonamento dependem da gravidade, sítio de infecção e resposta clínica.
  • Pacientes colonizados sem sinais de infecção não devem receber antibiótico apenas pela colonização; foco em isolamento e monitorização.
  • Ajustes de dose por insuficiência renal e revisão de interações medicamentosas são essenciais.

Implicações para pacientes e equipes de saúde

Pacientes devem entender a diferença entre colonização e infecção, seguir orientações de isolamento quando indicadas e manter retorno programado após alta. Profissionais precisam de comunicação clara com familiares, atualização contínua em normas de prevenção e integração entre equipes para continuidade do cuidado. Materiais de suporte incluem educação terapêutica na prática clínica e comunicação clínica para adesão.

Resumo prático: ações imediatas

Para profissionais de saúde:

  • Implementar triagem de pacientes de risco e isolamento precoce na suspeita de CRE.
  • Usar resultados de testes moleculares e antibiograma para guiar terapêutica e desescalonamento.
  • Fortalecer programas de gestão de antimicrobianos para reduzir pressão seletiva.

Para pacientes e familiares:

  • Seguir orientações sobre higiene e precauções de contato durante internação.
  • Comunicar-se com a equipe sobre sinais de infecção e plano terapêutico ao receber alta.

CRE constitui um desafio que exige diagnóstico preciso, medidas de controle rigorosas, terapias dirigidas e comunicação efetiva entre equipe e paciente para reduzir morbidade e transmissão.

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