Diretrizes de manejo da asma no atendimento ambulatorial
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que exige diagnóstico preciso, terapia individualizada e educação continuada do paciente. Este texto resume práticas atualizadas e aplicáveis no consultório, com foco em controle de sintomas, prevenção de exacerbações e otimização do tratamento.
Diagnóstico da asma
História clínica e sinais sugestivos
A avaliação clínica deve investigar padrão de sintomas (tosse, sibilância, dispneia, aperto torácico), variação ao longo do dia e fatores desencadeantes como alergia, exercício ou infecções respiratórias. Comorbidades como rinite alérgica e refluxo gastroesofágico influenciam o controle.
Espirometria e PFE no diagnóstico
A espirometria é essencial para confirmar obstrução e reversibilidade. Quando a espirometria não estiver disponível, o monitoramento do pico de fluxo expiratório (PFE) pode ajudar a documentar variabilidade do fluxo aéreo. Orientações detalhadas sobre critérios diagnósticos estão nas diretrizes nacionais e internacionais, como as publicadas pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Classificação da asma e implicações terapêuticas
Intermitente a grave
A gravidade (intermitente, persistente leve, moderada ou grave) deve orientar o escalonamento terapêutico. A avaliação do controle clínico inclui frequência de sintomas, uso de broncodilatador de resgate e limitações nas atividades.
Risco de exacerbação
Identificar fatores de risco para exacerbações (histórico de internação, uso frequente de corticosteroides sistêmicos, baixa função pulmonar) é crucial para planejar seguimento e considerar tratamentos avançados.
Tratamento da asma: abordagem escalonada
Medicações de alívio e manutenção
Para alívio rápido, os broncodilatadores de curta ação (SABA) continuam sendo úteis, mas as recomendações atuais favorecem estratégias que incluam um anti-inflamatório mesmo no início do tratamento para reduzir risco de exacerbação. Os corticosteroides inalatórios (ICS) são a base do controle anti-inflamatório; broncodilatadores de longa ação (LABA) devem ser usados combinados com ICS quando indicados.
Casos graves e terapias biológicas
Pacientes com asma grave ou não controlada apesar do uso adequado de ICS+LABA podem ser elegíveis para anticorpos monoclonais (biológicos). O manejo desses casos exige avaliação multidisciplinar e referência a centros especializados. Um guia específico para asma grave traz recomendações práticas (Guia ABAAI 2019).
Educação e autocontrole na asma
Técnica de inalação e adesão
Treinamento regular da técnica de inalação e revisão da adesão aumentam a eficácia dos ICS e diminuem falhas terapêuticas. Ferramentas educativas e planos escritos de ação para exacerbações reduzem visitas emergenciais e melhoram qualidade de vida; estudos publicados no Jornal Brasileiro de Pneumologia mostram ganho em adesão com intervenções dirigidas.
Plano de ação personalizado
O plano deve incluir sinais de alerta, quando aumentar medicação de manutenção, uso de PFE e critérios para buscar atendimento. Incluir orientação sobre imunização e controle de fatores ambientais (ácaros, fumo) é parte integrante do cuidado.
Monitoramento e ajuste do tratamento
Revisões periódicas e medidas objetivas
Consultas regulares para reavaliar controle, rever técnica de inalação e ajustar doses são fundamentais. Utilize espirometria ou PFE para decisões de escalonamento ou desescalonamento terapêutico.
Integração com cuidados especializados
Pacientes com controle insatisfatório devem ser encaminhados conforme protocolos locais. Para manejo ambulatorial integrado com condutas hospitalares em crises, veja orientações sobre manejo de crises e seguimento (manejo de crises) e cuidados em comorbidades (asma e comorbidades).
Considerações especiais
Gravidez, infância, tabagismo e obesidade exigem adaptações terapêuticas. Avalie sempre interações medicamentosas e efeitos adversos, e considere referenciação para avaliação de asma grave e opções de terapias avançadas. Para alinhamento com recomendações atualizadas, consulte as diretrizes GINA e materiais nacionais, incluindo sínteses locais (diretrizes GINA 2025).
Manejo da asma — mensagem final
O manejo eficaz da asma em ambulatório combina diagnóstico baseado em espirometria, tratamento escalonado centrado em ICS, educação do paciente e monitoramento regular com PFE ou espirometria. A identificação precoce de risco de exacerbação, correção da técnica de inalação e integração com serviços especializados quando necessário reduzem morbi‑mortalidade e melhoram a qualidade de vida. Profissionais devem manter-se atualizados nas diretrizes locais e internacionais e aplicar medidas práticas para melhorar adesão e autocontrole.
Links internos citados neste texto ajudam a aprofundar o manejo clínico e o seguimento de crises, e referências externas (SBPT, Jornal Brasileiro de Pneumologia e guia ABBAI) trazem suporte às recomendações aqui apresentadas.