Dispepsia: abordagem prática para profissionais

Dispepsia: abordagem prática para profissionais

Pergunta clínica: como diferenciar dispepsia orgânica de funcional e quando indicar endoscopia? Cerca de 30% dos adultos apresentam episódios de indigestão, o que exige abordagem sistemática e baseada em evidência (CUF).

Definição e classificação

Dispepsia é um conjunto de sintomas do trato gastrointestinal superior — dor epigástrica, sensação de plenitude pós-prandial, eructação, náuseas e azia. Diferencie dispepsia funcional (sem causa orgânica identificável) de dispepsia orgânica. A dispepsia funcional subdivide-se em síndrome do desconforto pós-prandial e síndrome da dor epigástrica, conforme descrito em diretrizes clínicas e revisões (Secad/Artmed).

Avaliação inicial e sinais de alarme

A anamnese deve investigar idade, medicações (AINEs, ácido acetilsalicílico), história de cirurgia gástrica, perda de peso, anemia e outros sintomas de alarme. Indique endoscopia em pacientes com qualquer sinal de alarme ou idade acima de 55 anos (ou conforme diretrizes locais) — sumarizado em revisões clínicas (revisão).

  • Sinais de alarme: perda de peso inexplicada, anemia, sangramento gastrointestinal, disfagia progressiva, vômitos persistentes, icterícia, massas abdominais.
  • Investigações iniciais: hemograma, avaliação de função tiroideana quando indicado e teste para Helicobacter pylori (testes não invasivos) em pacientes sem sinais de alarme.

Manejo prático

Estratégia em adultos sem sinais de alarme: testar e tratar Helicobacter pylori quando positivo; se negativo ou após erradicação sem resposta, considerar terapia empírica com inibidores da bomba de prótons por 4–8 semanas ou agentes procinéticos conforme fenótipo.

  • Medidas não farmacológicas: aconselhamento sobre desencadeantes alimentares, redução de álcool e tabaco e técnicas de modulação do estresse.
  • Fármacos: antiácidos, antagonistas H2, inibidores da bomba de prótons, procinéticos; para dispepsia funcional refratária, neuromoduladores em baixas doses podem ser úteis.
  • Refluxo gastroesofágico: avalie sintomas sobrepostos e trate conforme fenótipo predominante.
  • Na erradicação de H. pylori, adote prescrições responsáveis e siga protocolos locais e boas práticas de antimicrobianos (boas práticas uso antibióticos).

Considerações especiais e seguimento

Na dispepsia funcional, avalie fatores que modulam a sensibilidade visceral e o papel do microbioma intestinal; investigações emergentes em microbioma intestinal e o uso de biomarcadores como a proteína C‑reativa podem orientar pesquisas e triagens em cenários selecionados.

Quando os sintomas persistem após a abordagem inicial, considere encaminhamento para gastroenterologia para endoscopia digestiva alta ou testes funcionais. Tenha em mente a sobreposição com síndrome do intestino irritável e com refluxo gastroesofágico, que podem demandar estratégias combinadas.

Algoritmo resumido

  • Paciente <55 anos sem sinais de alarme: testar/erradicar H. pylori → PPI/procinético se necessário → reavaliar 4–8 semanas.
  • Paciente ≥55 anos ou com sinais de alarme: endoscopia digestiva alta prioritária.

Para integração com doenças inflamatórias e diferenciais, consulte materiais sobre doença inflamatória intestinal. Siga sempre diretrizes locais e evidências de grupos de especialistas (Talley et al., GDG) ao tomar decisões clínicas.

Pontos práticos: documente sinais de alarme, priorize teste para H. pylori antes de iniciar PPI quando possível, estabeleça duração e metas de tratamento com PPI, e envolva o paciente em medidas comportamentais. A abordagem multidisciplinar e a revisão periódica do plano terapêutico melhoram resultados e adesão.

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