Doença de Graves: manejo do hipertireoidismo e tireotoxicose

Doença de Graves: manejo do hipertireoidismo e tireotoxicose

A Doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo e resulta de autoanticorpos que estimulam o receptor de TSH, levando à produção excessiva de hormônios tireoidianos. Este texto sintetiza orientações práticas para diagnóstico e tratamento, em linguagem acessível a profissionais de saúde e leitores leigos informados, com referências clínicas para aprofundamento.

TRAb e exames laboratoriais

O diagnóstico começa pela história clínica e exames laboratoriais. Valores suprimidos de TSH com elevação de T4 livre e/ou T3 livre confirmam hipertireoidismo. A dosagem de anticorpos antirreceptor de TSH (TRAb) tem alta sensibilidade e especificidade para Doença de Graves e é recomendada quando o diagnóstico clínico é incerto, durante a avaliação de gestantes com história de doença tireoidiana ou no seguimento após tratamento.

Para orientação prática sobre investigação e manejo inicial, consulte também o material sobre diagnóstico e manejo disponível no nosso blog. Para revisão das indicações de exames de imagem, a cintilografia e a ultrassonografia com Doppler complementam a avaliação quando necessário.

metimazol e propiltiouracil: antitireoidianos

Os medicamentos antitireoidianos (DATs) são frequentemente a primeira opção. Metimazol é o fármaco de escolha na maioria dos adultos por oferecer melhor perfil de segurança e posologia mais conveniente; propiltiouracil (PTU) é preferido no primeiro trimestre da gestação por menor risco teratogênico relativo. O objetivo é usar a menor dose eficaz para controlar sintomas e evitar hipotireoidismo iatrogênico.

O tratamento com DAT costuma durar em média 12–18 meses. A remissão ocorre em aproximadamente 30% a 60% dos casos; fatores como idade, tabagismo e presença de oftalmopatia influenciam a probabilidade de recidiva. Monitoramento laboratorial regular é essencial para ajuste de dose e detecção de efeitos adversos, como hepatotoxicidade ou agranulocitose.

Iodo radioativo e tireoidectomia

A terapia com iodo radioativo (RAI) é uma opção segura e efetiva, indicada em recidivas pós-DAT, bócios volumosos ou quando se busca tratamento definitivo. A maioria dos pacientes evolui para hipotireoidismo e necessita de reposição com levotiroxina a longo prazo.

A tireoidectomia total ou subtotal é indicada em casos de compressão por bócio, nódulos com suspeita de malignidade, ou quando DATs e RAI são contraindicados. A preparação com iodeto inorgânico pré-operatório e o cuidado com o manejo do cálcio pós-operatório são medidas importantes para reduzir complicações. Para uma visão prática sobre opções terapêuticas, veja também nosso artigo sobre hipertireoidismo: tratamento atualizado.

Oftalmopatia de Graves

A oftalmopatia é a principal manifestação extratireoidiana e deve ser avaliada de forma independente do controle tireoidiano. Medidas conservadoras incluem lubrificação ocular, proteção noturna e elevação da cabeceira. Cessação do tabagismo é essencial para reduzir progressão. Em casos moderados a graves, tratamentos com corticosteroides sistêmicos, terapias imunomoduladoras ou radioterapia orbitária podem ser necessários — recomenda-se encaminhamento para equipe multidisciplinar. Para abordagem clínica detalhada, confira nosso conteúdo sobre oftalmopatia de Graves.

Gestação e planejamento reprodutivo

No planejamento e durante a gestação é necessário equilibrar o controle materno e o risco fetal. PTU é preferido no primeiro trimestre; metimazol pode ser usado após a 10ª–12ª semana em doses mínimas eficazes. A monitorização por endocrinologista e obstetra com experiência em tiroide é recomendada. Fontes internacionais oferecem guias práticos sobre manejo gestacional (American Thyroid Association), úteis para consulta clínica: ATA – hyperthyroidism e orientações sobre gravidez em doenças tireoidianas: ATA – pregnancy and thyroid.

Manejo individualizado: orientações práticas

Decisão terapêutica deve considerar idade, gravidade do hipertireoidismo, desejo reprodutivo, tamanho do bócio, presença de oftalmopatia e preferência do paciente. A monitorização contínua da função tireoidiana e avaliação clínica periódica são fundamentais para detectar recaída e complicações como hipotireoidismo pós-RAI. Para revisão abrangente e comparativa de estratégias, recursos públicos de saúde e grupos especializados fornecem diretrizes complementares, como as recomendações do grupo europeu EUGOGO sobre orbitopatia: EUGOGO – guidelines, e material de referência para pacientes em MedlinePlus – Graves disease.

Recomendações práticas finais

  • Confirme hipertireoidismo com TSH e T4/T3 livres; dosar TRAb quando houver dúvida diagnóstica ou em gestantes.
  • Inicie DAT (metimazol na maioria; PTU no 1.º trimestre) quando indicado e ajuste conforme monitorização.
  • Considere RAI para tratamento definitivo em pacientes não grávidas ou tireoidectomia em casos com indicação cirúrgica.
  • Avalie e trate a oftalmopatia em equipe multidisciplinar; promova cessação do tabagismo.

Para aprofundamento e leitura complementar, os artigos e diretrizes citados neste texto (links internos e externos) ajudam a orientar a prática clínica e a educação do paciente. Em caso de dúvidas complexas ou situações especiais, procure orientação de endocrinologia especializada.

Referências e leituras sugeridas: American Thyroid Association (ATA) — hiperfunção e gravidez, EUGOGO — diretrizes de orbitopatia, MedlinePlus — informações gerais sobre Doença de Graves. Para conteúdo complementar em nosso blog, explore os links internos mencionados ao longo do texto.

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