O que é doença venosa crônica e quais são os sinais
A doença venosa crônica (DVC) engloba alterações estruturais e funcionais das veias das pernas que prejudicam o retorno venoso. As causas incluem insuficiência valvar, fragilidade da parede venosa e obstruções. Na prática clínica, os sinais mais frequentes são varizes visíveis, sensação de peso ou cansaço nas pernas, edema que piora ao final do dia, prurido, alterações pigmentares e, em estágios avançados, úlcera venosa. Nem sempre a aparência das veias reflete a intensidade dos sintomas; por isso a avaliação clínica conjunta com exames é fundamental.
CEAP: como a classificação orienta o tratamento
A classificação CEAP padroniza a descrição da DVC para facilitar decisão terapêutica e comunicação entre profissionais. CEAP significa Clinical (C), Etiologic (E), Anatomic (A) e Pathophysiologic (P). Na prática:
- Clinical (C): vai de C0 (sem sinais) a C6 (úlcera venosa ativa).
- Etiologic (E): define se é primária, secundária ou congênita.
- Anatomic (A): indica se o acometimento é em veias superficiais, profundas, perfurantes ou combinado.
- Pathophysiologic (P): descreve o mecanismo (refluxo venoso, obstrução ou ambos).
Exemplo prático: um paciente C3 (edema) com refluxo de safena (P) e acometimento superficial (A) terá um plano terapêutico diferente daquele com refluxo profundo. A CEAP orienta escolha entre tratamento conservador, procedimentos minimamente invasivos ou cirurgia.
Ultrassom Doppler duplex: exame essencial
O ultrassom Doppler duplex é o exame de escolha para confirmar DVC, avaliar refluxo venoso e identificar trombose ou obstruções. O exame associa imagem anatômica à avaliação do fluxo sanguíneo e costuma ser realizado com o paciente em pé para melhor detectar refluxo. Resultados do Doppler duplex orientam indicação de escleroterapia, ablação endovenosa por laser ou radiofrequência, e outras intervenções.
Tratamentos minimamente invasivos: opções e indicações
As opções menos invasivas reduziram tempo de recuperação e morbidade em comparação com a cirurgia aberta. Entre as principais técnicas:
- Escleroterapia: injeção de solução ou espuma esclerosante em ramos varicosos, indicada para veias segmentares e telangiectasias. Geralmente exige sessões repetidas e uso de meia de compressão.
- Ablação endovenosa (laser ou radiofrequência): cateterismo guiado por ultrassom para aplicar energia térmica e fechar veias insuficientes, como a veia safena. Alta taxa de sucesso e retorno rápido às atividades.
- Microcirurgia e tratamentos complementares: em alguns casos são necessários complementos como flebectomia ambulatorial para remoção de ramos residuais.
A escolha entre escleroterapia, ablação endovenosa por laser ou radiofrequência depende da anatomia avaliada no Doppler duplex, extensão do refluxo venoso, preferência do paciente e experiência da equipe. Em situações complexas ou falhas prévias, pode haver indicação de cirurgia convencional.
Escleroterapia: técnica, benefícios e riscos
Na escleroterapia, a solução esclerosante provoca irritação controlada do endotélio, levando ao fechamento da veia. Benefícios: procedimento ambulatorial, recuperação rápida e boa eficácia em veias pequenas a médias. Riscos raros incluem hiperpigmentação, tromboflebite superficial e reações locais. Uso correto de compressão e acompanhamento reduzem eventos adversos.
Ablação por laser e radiofrequência: o que esperar
Ambas promovem o colabamento da veia alvo por calor. Procedimentos são feitos com anestesia local e guiados por ultrassom. Pós-operatório costuma ter dor leve, equimoses e sensação de calor no trajeto venoso que cedem em dias a semanas. Em alguns casos, são necessários procedimentos complementares para tratar ramos residuais.
Manejo clínico e prevenção
O tratamento efetivo da DVC combina procedimentos com medidas conservadoras:
- Meias de compressão graduada para reduzir edema e sintomas;
- Exercícios (caminhada, exercícios de panturrilha) para melhorar a bomba muscular venosa;
- Controle de fatores de risco: perda de peso, cessação do tabagismo, controle da hipertensão e diabetes;
- Higiene e cuidados com a pele em pacientes com alterações cutâneas ou úlcera venosa para prevenir infecções;
- Acompanhamento com Doppler duplex quando houver progressão ou após intervenção.
Para suporte na adesão terapêutica e educação do paciente, pode ser útil consultar material sobre educação terapêutica e adesão em doenças crônicas. Já as medidas de prevenção cardiovascular que se aplicam ao manejo venoso estão bem sumarizadas em promoção da saúde cardiovascular — prática clínica, que aborda hábitos e estratégias úteis no acompanhamento a longo prazo.
Quando procurar avaliação especializada
Procure um especialista se houver: dor persistente ou sensação de peso, edema que não melhora com medidas simples, varizes que incomodam, alterações de pele ou úlceras que não cicatrizam. Pacientes com histórico de trombose venosa profunda, diabetes ou doença arterial periférica exigem avaliação integrada para definir melhor a conduta.
Orientações práticas para quem busca atendimento
Na consulta, espere anamnese detalhada, exame físico e, em geral, Doppler duplex. Perguntas úteis para levar ao médico: há quanto tempo os sintomas começaram, o que agrava ou melhora, histórico de trombose ou cirurgias venosas e impacto na qualidade de vida. Discuta opções entre manejo conservador (compressão, exercícios) e procedimentos minimamente invasivos, avaliando benefícios, riscos e tempo de recuperação.
Resumo clínico e recomendações finais
- Doença venosa crônica é comum, envolve varizes, refluxo venoso e pode progredir para úlcera venosa se não tratada adequadamente.
- A classificação CEAP e o ultrassom Doppler duplex são ferramentas essenciais para diagnóstico e planejamento terapêutico.
- Escleroterapia e ablação endovenosa (laser ou radiofrequência) são opções minimamente invasivas eficazes para muitos pacientes.
- Meias de compressão, exercícios e controle de fatores de risco são pilares do manejo a longo prazo.
- Busque avaliação especializada para confirmar diagnóstico e definir estratégia personalizada.
Para esclarecer dúvidas específicas sobre opções de tratamento ou para discutir resultados do seu Doppler duplex, consulte um angiologista ou cirurgião vascular de confiança e participe ativamente das decisões sobre seu cuidado.