Dor lombar aguda: avaliação, alívio e reabilitação

Dor lombar aguda: avaliação, alívio e reabilitação

Introdução

Na prática clínica geral, a dor lombar aguda é uma das queixas mais comuns. Como priorizar uma avaliação rápida, oferecer alívio eficaz e decidir quando encaminhar para reabilitação? Este guia prático focaliza triagem inicial, manejo farmacológico e não farmacológico e critérios objetivos para encaminhamento — tudo pensado para profissionais de saúde que atendem em atenção primária e serviços de urgência.

Avaliação rápida e identificação de sinais de gravidade

Primeiro passo: triagem por bandeiras vermelhas

Ao receber um paciente com dor lombar de menos de seis semanas, faça triagem imediata para bandeiras vermelhas — sinais que indicam necessidade de atenção urgente ou investigação avançada. Procure:

  • Sinais de síndrome da cauda equina (retenção urinária, anestesia em sela, perda progressiva de força);
  • Suspeita de compressão medular ou déficit neurológico progressivo;
  • História ou suspeita de neoplasia (câncer prévio, perda de peso inexplicada);
  • Sinais de infecção (febre, imunossupressão, uso de imunossupressores, infecção recente);
  • Fratura ou luxação relacionável a trauma recente, especialmente em idosos ou pacientes com osteoporose).

Protocolos nacionais descrevem esses critérios em detalhe e devem nortear a conduta inicial em pronto-atendimento e atenção primária. Para referência prática sobre avaliação e conduta, consulte as diretrizes do Ministério da Saúde (Linhas de Cuidado) que detalham triagem e manejo inicial em diferentes níveis de atenção.

Avaliação clínica sem bandeiras vermelhas

Em pacientes que não apresentam bandeiras vermelhas, a anamnese dirigida e o exame físico orientam o manejo: intensidade da dor, localização, fatores precipitantes (esforço, levantamento, torção), sinais neurológicos focais, e fatores de risco (idade >50 anos, câncer prévio, uso crônico de corticosteroides). Exames de imagem não são obrigatórios de rotina; são reservados para casos com bandeiras vermelhas ou quando a dor não melhora conforme esperado. Para reduzir exames desnecessários, veja estratégias práticas em reduzindo-exames-consultorio.

Alívio eficaz: manejo farmacológico e não farmacológico

Estratégia farmacológica escalonada

Personalize conforme intensidade da dor e comorbidades:

  • Leve (escala 0–3): dipirona ou paracetamol são opções iniciais seguras em muitos pacientes.
  • Moderada (4–7): considerar AINEs (ex.: cetoprofeno, tenoxicam) se sem contraindicações gastrointestinais, renais ou cardiovasculares.
  • Intensa (8–10): opioides fracos como tramadol podem ser usados por curto período, com monitorização e plano de desmame; avaliar riscos e interações. Para orientações sobre prescrição segura de opioides, veja o material prático em prescrição-segura-opioides-dor-cronica.

Monitore sinais vitais, resposta analgésica e efeitos adversos, especialmente com AINEs e opioides. Reavalie em 48–72 horas ou antes se piora.

Intervenções não farmacológicas imediatas

  • Orientação para manter atividade dentro do tolerável; evitar repouso absoluto prolongado.
  • Medidas adjuvantes: calor superficial, massagem breve, mobilização manual quando indicado e, em serviço com recursos, técnicas de analgesia multimodal.
  • Considerar encaminhamento rápido para fisioterapia quando disponível e conforme avaliação inicial.

Encaminhamento para reabilitação: quando e como

Após controle inicial dos sintomas, o encaminhamento para reabilitação visa restaurar função, educar e prevenir cronificação. Recomende programas que incluam:

  • Exercícios terapêuticos personalizados (estabilização, alongamento, fortalecimento global);
  • Educação postural e treino de movimento funcional;
  • Técnicas de autocontrole da dor e estratégias de retorno ao trabalho.

A adesão é crucial: utilize abordagens de educação terapêutica para melhorar seguimento e adesão ao programa (ver educacao-terapeutica-adesao-doencas-cronicas). Programas baseados em princípios de estabilização segmentar e escola de coluna mostram benefício em reduzir recorrência e prevenir dor crônica; há descrição prática de programas em literatura especializada e revisões sobre reabilitação.

Prevenção, complicações e sinais para retorno

Eduque o paciente sobre ergonomia, postura e atividade física regular como medidas preventivas. Explique o risco de cronicidade da dor se houver inatividade prolongada, medos catastróficos ou adesão inadequada ao tratamento.

  • Sinais para retorno imediato: perda de força progressiva, alteração sensorial nova, retenção urinária, febre associada à dor ou dor refratária apesar de tratamento adequado.
  • Sinais para reavaliação em 48–72 horas: dor não controlada, incapacidade funcional crescente ou efeitos adversos aos medicamentos.

Fechamento e insights práticos

Na atenção primária, a combinação de triagem rápida para bandeiras vermelhas, manejo analgésico escalonado e encaminhamento clínico-estruturado para reabilitação permite tratar a maioria dos casos de dor lombar aguda com segurança e eficiência. Integre educação do paciente e estratégias para melhorar adesão; quando houver dúvida ou sinais de gravidade, amplie investigação ou encaminhe para emergência/neurologia/ortopedia. Para guias e diretrizes que embasam estas recomendações, consulte revisões de prática clínica e protocolos nacionais disponíveis em fontes confiáveis como a Pesquisa em Dor e o portal Linhas de Cuidado do Ministério da Saúde, além de programas de reabilitação descritos em literatura especializada.

Referências selecionadas (leitura complementar): Diretrizes e protocolos do Ministério da Saúde para avaliação e manejo inicial da dor lombar (Linhas de Cuidado), orientações sobre manejo inicial em serviço móvel e emergência (manejo inicial) e revisões sobre programas de reabilitação baseados em estabilização segmentar (RBMT – programa de tratamento). Para síntese de evidências em dor, ver também a revisão da Pesquisa em Dor (Pesquisa em Dor).

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