O que é FeNO no manejo da asma: interpretação e referências
O teste de FeNO (fração exalada de óxido nítrico) é um biomarcador não invasivo da inflamação das vias aéreas associado à asma. Este texto explica o que é FeNO, como é medido, como interpretar os resultados e como integrar o exame ao manejo clínico, com linguagem acessível para pacientes e útil para profissionais de saúde na atenção primária e em consultórios especializados.
FeNO e a relação com a asma
FeNO reflete a produção de óxido nítrico nas vias aéreas e costuma se relacionar com inflamação eosinofílica. Níveis elevados de FeNO frequentemente indicam componente alérgico ou eosinofílico da asma, que tende a responder bem a corticosteroides inalatórios (ICS). O exame complementa, mas não substitui, a história clínica, a espirometria e a avaliação de sintomas e exacerbações.
É importante lembrar que FeNO informa sobre o estado inflamatório no momento da medição, não medindo diretamente a gravidade ou a frequência de crises. Fatores como infecções respiratórias recentes, rinite alérgica, tabagismo, uso prévio de corticosteroides, idade e comorbidades podem alterar os valores, por isso a interpretação deve ser integrada ao contexto clínico e à avaliação da adesão.
Como é feito o exame de FeNO
O FeNO é medido por analisadores portáteis ou de bancada que captam o óxido nítrico exalado durante uma expiração padronizada. O procedimento é rápido e indolor e, em geral, inclui:
- Inspiração profunda seguida de expiração lenta e constante por um bocal padronizado;
- Manutenção de fluxo expiratório estável conforme instruções do aparelho;
- Registro do valor em partes por bilhão (ppb) ao final da exalação.
O exame pode ser repetido em consultas de acompanhamento para monitorar resposta ao tratamento. Muitos serviços utilizam FeNO como ferramenta complementar às diretrizes de manejo da asma 2025 para orientar decisões sobre ICS e encaminhamentos.
Interpretação dos níveis de FeNO
A interpretação considera faixas de referência e deve ser integrada a espirometria, sintomas e histórico de exacerbações.
Valores de referência em adultos
- FeNO baixo (< 25 ppb): pouco sugestivo de inflamação eosinofílica ativa; pode indicar bom controle inflamatório ou fenótipo não eosinofílico.
- FeNO intermediário (25–50 ppb): inflamação eosinofílica moderada ou variável; indica vigilância e possível ajuste terapêutico conforme quadro clínico.
- FeNO alto (> 50 ppb): inflamação eosinofílica significativa; sugere benefício potencial de aumento ou otimização de ICS, investigação de adesão e avaliação de gatilhos alérgicos.
Valores em crianças
- FeNO baixo (< 20 ppb): menos provável inflamação eosinofílica relevante, lembrando dificuldades de cooperação no exame.
- FeNO moderado (20–35 ppb): inflamação possível; correlacionar com sintomas e alergias.
- FeNO alto (> 35 ppb): sugere inflamação eosinofílica e possível benefício de ajuste de ICS após avaliação clínica.
Como usar o FeNO no manejo diário da asma
O FeNO é especialmente útil nas seguintes situações clínicas:
Indicações práticas
- Avaliar presença de inflamação eosinofílica em pacientes com suspeita de asma ou diagnóstico incerto;
- Investigar adesão ao tratamento com corticosteroides inalatórios (ICS): valores persistentemente altos podem indicar não adesão ou subtratamento;
- Auxiliar decisão sobre escalonamento terapêutico ou encaminhamento para especialista quando a inflamação persiste apesar do tratamento;
- Monitorar resposta inflamatória ao longo do tempo em pacientes com exacerbações recorrentes.
Interpretando variações na sequência de exames
Uma queda consistente no FeNO após início ou ajuste de ICS indica controle inflamatório e resposta ao tratamento. Já a manutenção de FeNO elevado, mesmo com melhora subjetiva dos sintomas, alerta para risco aumentado de exacerbações futuras e demanda revisão de adesão, técnica inalatória, controle ambiental (alergênicos) e presença de comorbidades.
Limitações, benefícios e segurança
- Benefícios: método não invasivo, rápido e reprodutível; útil como biomarcador para identificar inflamação eosinofílica e orientar uso racional de ICS.
- Limitações: valores influenciados por infecções virais, rinite alérgica, tabagismo, uso prévio de corticosteroides e outras condições; não substitui espirometria ou avaliação clínica completa.
- Segurança: exame seguro, com baixo risco e bem tolerado por adultos e crianças cooperantes.
Perguntas frequentes
- FeNO alto significa sempre aumentar os ICS? Nem sempre; a decisão depende da avaliação clínica global, espirometria e confirmação de adesão.
- FeNO serve para diagnosticar asma? Pode apoiar o diagnóstico quando há inflamação eosinofílica, mas o diagnóstico definitivo requer correlação com história, sintomas e função pulmonar.
- FeNO é útil em crianças? Sim; ajuda a diferenciar fenótipo eosinofílico e orientar ICS, respeitando diferenças de referência e cooperação no exame.
- Quais fatores alteram o FeNO? Infecções virais, rinite, uso de certos vasoconstritores e mudanças recentes na terapia podem elevar; tabagismo e tratamento efetivo com ICS podem reduzir valores.
Checklist prático para pacientes antes do exame
- Realize o exame quando orientado por profissional de saúde e conforme o protocolo local;
- Informe sobre uso atual de ICS, frequência e adesão, exposição a alérgenos, tabagismo e infecções recentes;
- Compare FeNO com espirometria e sintomas para decisões terapêuticas; não interprete isoladamente;
- Revise técnica de inalação e educação sobre adesão quando necessário.
FeNO no manejo: recomendações práticas
O FeNO é uma ferramenta valiosa para personalizar o tratamento da asma, sobretudo quando integrada a espirometria, avaliação de sintomas, histórico de exacerbações e análise da adesão. Para profissionais, usar FeNO pode otimizar o uso de corticosteroides inalatórios e reduzir exacerbações; para pacientes, entender o papel do FeNO ajuda na adesão e no autocuidado. Mantenha a prática atualizada consultando as diretrizes de manejo da asma 2025 e materiais sobre manejo ambulatorial e estratégias de controle no consultório, que contextualizam o FeNO dentro de uma abordagem baseada em evidências.
Para aprofundar, recomendamos revisar os documentos práticos sobre manejo da asma em atendimento ambulatorial e as atualizações para consultório disponíveis nos links citados, que orientam a integração do FeNO nas decisões de tratamento e no cuidado longitudinal do paciente.