Hipertensão arterial: diretrizes recentes para diagnóstico e tratamento

Hipertensão arterial: diretrizes recentes para diagnóstico e tratamento

A hipertensão arterial é uma das principais causas de morbidade e mortalidade cardiovascular no Brasil e no mundo. Este texto resume, em linguagem acessível, as recomendações práticas atuais para diagnóstico, classificação e tratamento, com ênfase em medidas que profissionais de saúde e pacientes podem aplicar na atenção primária.

Diagnóstico e classificação da pressão arterial

O diagnóstico é baseado em leituras de pressão arterial em ambiente clínico e, quando possível, complementado por monitorização domiciliar ou por monitorização ambulatorial de 24 horas. Segundo revisões recentes, a classificação prática utilizada considera:

  • Pressão normal: sistólica < 120 mmHg e diastólica < 80 mmHg;
  • Pressão elevada: sistólica 120–129 mmHg e diastólica < 80 mmHg;
  • Hipertensão estágio 1: sistólica 130–139 mmHg ou diastólica 80–89 mmHg;
  • Hipertensão estágio 2: sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg.

Esses limiares orientam quando iniciar intervenções no estilo de vida e/ou terapia farmacológica. Para orientação complementar sobre estratificação de risco e registro clínico, consulte o material sobre predição de risco cardiovascular.

Tratamento farmacológico

Ao decidir o tratamento farmacológico, deve-se avaliar o risco cardiovascular global, comorbidades (como diabetes mellitus e doença renal crônica) e características do paciente (idade, fragilidade, interações medicamentosas). As recomendações das organizações internacionais indicam três classes de primeira linha:

IECA, BRA, diuréticos tiazídicos e bloqueadores de canal de cálcio

Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA), diuréticos tiazídicos (ou similares) e bloqueadores dos canais de cálcio diidropiridínicos são opções bem estabelecidas como terapia inicial. Quando houver indicação de tratamento medicamentoso, a terapia combinada — preferencialmente em formulação de dose fixa (single pill) — melhora a adesão e o controle pressórico (evidência disponível).

Para decisões sobre iniciar medicação no estágio 1, as diretrizes mais conservadoras recomendam priorizar mudanças no estilo de vida em pacientes de baixo risco, com início de fármaco caso não haja controle em alguns meses; outras diretrizes sugerem iniciar terapia medicamentosa quando a sistólica for ≥ 140 mmHg ou a diastólica ≥ 90 mmHg. Uma síntese prática sobre limiares e condutas pode ser consultada em fontes de referência clínica (revisão clínica).

Metas de pressão arterial

As metas devem ser individualizadas:

  • Pacientes sem comorbidades: meta geralmente < 140/90 mmHg;
  • Doença cardiovascular estabelecida ou alto risco (incluindo diabetes e doença renal crônica): meta sistólica frequentemente < 130 mmHg quando tolerada;
  • Idosos frágeis: metas menos agressivas podem ser apropriadas, considerando hipotensão sintomática e risco de quedas.

Essas metas estão alinhadas com revisões sistemáticas e documentos de implementação que recomendam aproximar a prática à evidência disponível, priorizando segurança e adesão.

Atenção primária, adesão e monitoramento

O sucesso do controle pressórico depende tanto da escolha terapêutica quanto da adesão ao tratamento, do monitoramento regular e das intervenções não farmacológicas (redução de sal, atividade física, controle de peso e cessação do tabagismo). Programas de atenção primária que implementam protocolos padronizados melhoram resultados: veja recomendações práticas sobre manejo na atenção primária em manejo na atenção primária.

Pacientes idosos exigem avaliação geriátrica e individualização; para orientações específicas de abordagem em idosos, há material detalhado em manejo em pacientes idosos. Além disso, o uso de ferramentas de estratificação de risco e modelos preditivos pode auxiliar na priorização de intervenções em populações de risco; exemplos e pesquisas sobre modelos de predição estão disponíveis em predição de risco cardiovascular.

A implementação das diretrizes depende também de políticas públicas e programas como a iniciativa HEARTS, que fornece orientações práticas para nível primário de atenção e já é adotada em várias regiões das Américas (mais sobre HEARTS).

Medidas práticas para melhorar o controle

  • Incentivar monitoramento domiciliar da pressão arterial para diagnóstico e ajuste terapêutico;
  • Priorizar combinações em dose fixa quando possível para aumentar a adesão ao tratamento farmacológico;
  • Avaliar rotina de exames para detectar lesão de órgão-alvo (creatinina, albuminúria, eletrólitos) antes e durante a terapia, conforme risco;
  • Promover intervenções de estilo de vida — redução de sódio, dieta DASH, atividade física regular e manejo do peso — como parte integrante do plano.

Controle da pressão arterial: recomendações práticas finais

Para reduzir o risco cardiovascular associado à hipertensão, combine estratégia populacional (políticas de redução de sal e promoção da atividade física) com cuidado individualizado na atenção primária. Profissionais devem atualizar-se continuamente nas diretrizes internacionais e nacionais, aplicar estratificação de risco, ajustar metas conforme comorbidades e promover adesão ao tratamento. Recursos e materiais de apoio citados aqui — incluindo revisões científicas e iniciativas de implementação — ajudam a traduzir evidência em práticas seguras e eficazes.

Se desejar aprofundar aspectos práticos do manejo na atenção primária, acesso a protocolos locais ou orientações específicas para idosos e avaliação de risco, consulte os links indicados no texto para direcionamento clínico e implementação.

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