Hipertensão arterial: diretrizes recentes para diagnóstico e tratamento

Hipertensão arterial: diretrizes recentes para diagnóstico e tratamento

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para doença cardiovascular e mortalidade precoce. Este texto resume, em linguagem clínica e prática, as principais recomendações recentes — incluindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), das diretrizes brasileiras e das sociedades norte-americanas — e indica ações aplicáveis na atenção primária e no ambulatório.

Hipertensão arterial: definições e metas atuais

As definições e metas variam ligeiramente entre documentos, mas há consenso sobre pontos essenciais. Em linhas gerais, a hipertensão é definida por pressão arterial sistólica (PAS) e/ou diastólica (PAD) persistentemente elevadas; muitas diretrizes mantêm 140/90 mmHg como limiar prático para diagnóstico em adultos, enquanto ajustes de meta (por exemplo, PAS < 130 mmHg) são recomendados para pacientes com doença cardiovascular estabelecida ou alto risco. Consulte também recomendações internacionais sobre hipertensão em páginas como a da Organização Mundial da Saúde e da American Heart Association.

Diretrizes da OMS (2021) e implicações para tratamento

A OMS reforça o início do tratamento farmacológico em níveis a partir de 140/90 mmHg para a maioria dos adultos, com metas mais estritas em pacientes com doença cardiovascular. As classes de primeira linha incluem diuréticos tiazídicos, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA) e bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) di-hidropiridínicos. A terapia combinada (por exemplo, IECA + BCC) é frequentemente mais eficaz para alcançar controle pressórico e reduzir polifarmácia tardia.

Essas recomendações têm impacto direto no manejo cotidiano: priorizar medicações com eficácia comprovada, avaliar comorbidades (doença renal, diabetes) e planejar acompanhamento clínico mais frequente até estabilizar o controle pressórico.

Diretrizes brasileiras (2020): contexto e adaptações locais

As Diretrizes Brasileiras reforçam a individualização do tratamento, a investigação de hipertensão secundária quando indicada e a importância do diagnóstico correto (medidas repetidas, monitoramento domiciliar e ambulatório para evitar diagnóstico errado por efeito camisola branca). Para orientações práticas sobre o manejo na atenção primária, veja o nosso conteúdo sobre manejo da hipertensão na atenção primária.

AHA/ACC 2025: novas classificações e uso de ferramentas de risco

As diretrizes da AHA/ACC atualizam a estratificação da pressão arterial (normal, elevada, estágio 1 e 2) e incentivam o uso de ferramentas de risco cardiovascular para decidir quando iniciar terapia medicamentosa. A aplicação de estimadores de risco facilita decisões compartilhadas e escolhas terapêuticas individualizadas; para aprofundamento sobre predição de risco, confira publicações científicas e iniciativas inovadoras como projetos de predição de risco cardiovascular.

Abordagem prática no consultório

Avaliação inicial e investigação de causas

  • Confirmar diagnóstico com múltiplas medidas, preferencialmente com monitorização domiciliar ou monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) para evitar o efeito do ambiente clínico.
  • Pesquisar sinais de hipertensão secundária em casos de início precoce, resistência ao tratamento ou alterações laboratoriais sugestivas (ex.: hipocalemia que sugira hiperaldosteronismo primário).

Escolha terapêutica e seguimento

  • Iniciar monoterapia ou combinação conforme gravidade e risco cardiovascular. A combinação fixa pode melhorar adesão e controle.
  • Preferir fármacos com boa evidência em comorbidades específicas (IECA/BRA em doença renal ou diabetes; BCC em alguns grupos etários).
  • Reavaliar mensalmente após início/ajuste até controle; depois, manter seguimento a cada 3–6 meses ou conforme risco.

Para estratégias voltadas a populações específicas, como idosos, veja nossas recomendações clinicamente aplicáveis em conduta para hipertensão em idosos e orientações sobre monitoramento domiciliar em idosos.

Hipertensão resistente: rastreamento e condutas

Em hipertensão resistente — pressão não controlada com três classes, incluindo um diurético — é imprescindível revisar adesão, interações medicamentosas e causas secundárias (especial atenção ao hiperaldosteronismo primário). A investigação adequada e a otimização da terapia (por exemplo, inclusão de diurético de alça quando indicado) são práticas essenciais.

Resumo prático para o profissional

  • Use medidas repetidas e monitorização domiciliar para diagnóstico confiável.
  • Individualize metas pressóricas conforme risco cardiovascular e comorbidades.
  • Prefira combinações eficazes e simplifique esquemas para melhorar adesão.
  • Investigue causas secundárias em casos atípicos ou resistentes.
  • Mantenha-se atualizado com fontes confiáveis, como a European Society of Cardiology, a OMS e a AHA.

Manter práticas de monitoramento, otimização terapêutica e educação do paciente (controle pressórico, adesão, estilo de vida) é a base para reduzir eventos cardiovasculares. Para aprofundar condutas e protocolos aplicáveis na atenção primária, explore outros artigos do nosso blog e protocolos clínicos relacionados.

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