Hipotensão ortostática em adultos: diagnóstico e prevenção de quedas

Hipotensão ortostática: o que é e por que causa quedas

Hipotensão ortostática (também chamada de hipotensão postural) é a queda abrupta da pressão arterial ao passar da posição supina ou sentada para a posição em pé, geralmente associada a tontura, visão turva, fraqueza ou síncope. Em adultos mais velhos e em pacientes com polifarmácia, diabetes ou disfunção autonômica, esse quadro aumenta significativamente o risco de quedas, lesões e internações.

Diagnóstico rápido: teste ortostático e medidas corretas

O diagnóstico pode ser realizado de forma simples na clínica ou em casa, quando as medidas são padronizadas. A definição clínica aceita é queda de ≥ 20 mmHg na pressão arterial sistólica (PAS) ou ≥ 10 mmHg na diastólica (PAD) dentro de 3 minutos após a mudança para a posição ereta, com ou sem sintomas.

Teste ortostático: passo a passo

  • Preparação: o paciente deve permanecer deitado por 5–10 minutos; evitar refeições pesadas e esforços físicos antes do teste.
  • Medida em decúbito: registre PAS, PAD e frequência cardíaca (FC).
  • Transição controlada: solicite que o paciente se levante lentamente, primeiro para sentado e depois para pé, oferecendo suporte se necessário.
  • Medidas em ortostatismo: registre PAS, PAD e FC ao 1º, 3º e 5º minuto em pé.
  • Interpretação: confirme hipotensão ortostática se os critérios numéricos forem atendidos; porém, sintomas típicos (tontura, sensação de desmaio) têm valor diagnóstico mesmo na ausência de queda numérica completa.

Em pacientes com neuropatia autonômica (por exemplo, diabetes de longa data) ou em uso de múltiplos fármacos, o teste pode ser mais sensível se repetido em diferentes momentos do dia.

Causas reversíveis e fatores de risco

Muitas causas são tratáveis ou atenuáveis. As mais frequentes incluem:

  • Hipovolemia e desidratação: ingestão inadequada de líquidos, vômitos ou diarreia.
  • Polifarmácia: anti-hipertensivos, diuréticos, vasodilatadores, inibidores de ACE/ARBs, beta-bloqueadores, antidepressivos sedativos e benzodiazepínicos podem agravar a hipotensão ortostática.
  • Disfunção autonômica: neuropatia autonômica diabética, doença de Parkinson e algumas neuropatias periféricas.
  • Anemia e deficiências nutricionais: reduzem a capacidade de manutenção de débito cardíaco e favorecem sintomas ao ortostatismo.
  • Causas cardíacas e endócrinas: arritmias, insuficiência cardíaca, insuficiência adrenal e hipotireoidismo.

Identificar e corrigir causas reversíveis é a estratégia principal para reduzir o risco de queda.

Avaliação clínica inicial: perguntas e exames úteis

  • História de quedas: frequência, circunstâncias, lesões associadas.
  • Revisão de medicamentos: incluindo suplementos e álcool nos últimos 30 dias.
  • Sintomas associados: tontura, visão borrada, síncope, fraqueza.
  • Estado de hidratação e ingestão de sódio: padrão alimentar e perdas recentes.
  • Condições crônicas: diabetes, doença neurológica, insuficiência renal ou cardíaca.

Exames iniciais recomendados: hemograma (investigar anemia), função renal e eletrólitos, glicemia, TSH e, se indicado, vitamina B12. O exame físico deve buscar sinais de desidratação, edema, sopros cardíacos e sinais de disfunção autonômica.

Plano prático para reduzir quedas: intervenções imediatas

As intervenções eficazes combinam medidas comportamentais, revisão de medicamentos, reabilitação física e adaptações ambientais.

Hidratação e reposição de volume

  • Mantenha ingestão regular de líquidos; meta usual de 2–3 litros/dia para adultos, ajustada conforme comorbidades (insuficiência cardíaca, doença renal).
  • Aumente temporariamente a ingestão de sal sob orientação médica quando apropriado para aumentar o volume intravascular.
  • Inclua bebidas isotônicas durante esforço físico ou calor intenso.

Revisão de medicamentos e manejo da polifarmácia

  • Reavalie anti-hipertensivos e diuréticos se houver quedas repetidas de pressão ao ficar em pé.
  • Reduza ou substitua sedativos, antidepressivos com efeito sedativo e medicamentos com alto risco ortostático quando possível.
  • Quaisquer alterações terapêuticas devem ser feitas em conjunto com o médico assistente.

Exercícios e treino de equilíbrio

  • Fortalecimento de membros inferiores (2–3 vezes/semana) e exercícios de equilíbrio (tai chi, treino proprioceptivo) reduzem o risco de quedas.
  • Programas de reabilitação supervisionada são recomendados para pacientes com histórico de quedas.

Medidas simples no dia a dia

  • Levantar-se devagar: deitado → sentado → em pé, com pausas entre as etapas.
  • Usar apoio (corrimão, andador) quando necessário; manter iluminação adequada e eliminar tapetes soltos.
  • Registrar eventos de tontura ou quedas para identificar padrões.

Para informações práticas sobre adaptação do domicílio e intervenções de prevenção de quedas, consulte o material sobre avaliação e intervenções para prevenção de quedas.

Manejo farmacológico e encaminhamento especializado

Se medidas não farmacológicas e ajustes de medicamentos forem insuficientes, pode haver indicação para terapias específicas em casos selecionados:

  • Midodrina (vasoconstritor) e fludrocortisona (aumenta o volume intravascular) são opções úteis em cenários selecionados, com monitorização cuidadosa para evitar hipertensão de repouso e edema.
  • Encaminhe para cardiologia, geriatria ou neurologia quando houver síncopes recorrentes, suspeita de disfunção autonômica grave ou causa cardíaca.

Sinais de alerta: quando buscar atendimento imediato

  • Síncope súbita, confusão aguda ou perda de consciência.
  • Dor torácica, dispneia intensa ou sudorese profusa associadas a queda.
  • Sinais de hipoperfusão grave: palidez marcante, hipotermia ou pressão arterial persistentemente muito baixa.
  • Quedas repetidas em curto espaço de tempo ou traumatismo significativo.

Próximos passos concretos para pacientes e cuidadores

  • Realize testes ortostáticos periódicos sempre que houver sintomas ou ajuste de medicação.
  • Faça revisão de medicamentos com seu médico para reduzir riscos de hipotensão ortostática e polifarmácia.
  • Mantenha hidratação adequada e ajuste a ingestão de sal conforme orientação clínica.
  • Pratique exercícios focados em força de membros inferiores, equilíbrio e mobilidade.
  • Avalie e adapte o ambiente doméstico para reduzir riscos de queda.

Para material de referência e orientações clínicas adicionais, veja também avaliação e intervenções para prevenção de quedas e consultório médico: manejo de quedas.

Resumo prático

Hipotensão ortostática é frequente, especialmente em idosos e pacientes em uso de múltiplos medicamentos. O diagnóstico por teste ortostático, a identificação de causas reversíveis (desidratação, polifarmácia, anemia, disfunção autonômica) e a implementação de medidas simples — hidratação, revisão medicamentosa, exercícios e adaptação do ambiente — reduzem significativamente o risco de quedas. Em casos persistentes, avalie terapias farmacológicas específicas e encaminhe para equipe especializada.

Observação: este conteúdo é informativo e não substitui avaliação médica individualizada. Em caso de dúvidas, tonturas persistentes ou quedas, procure atendimento médico.

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