Prevenção de quedas em idosos no consultório

Prevenção de quedas em idosos no consultório

Introdução

Quedas em idosos são causas frequentes de lesões, perda de independência e internações. Sabia que cerca de 28% a 35% das pessoas >65 anos caem anualmente, com aumento para ~42% em >70 anos? Na atenção primária, a consulta é uma oportunidade para avaliação de risco e intervenções simples que reduzem eventos adversos e fraturas.

Avaliação prática no consultório

O objetivo é identificar fatores modificáveis de risco e priorizar medidas. Propomos um roteiro rápido aplicável em 10–15 minutos.

1. Anamnese dirigida

  • Perguntar sobre episódios de queda no último ano, circunstâncias e consequências.
  • Avaliar sintomas neurológicos (tontura, perda de força, síncope) e capacidade funcional.
  • Revisão de uso de medicamentos: benzodiazepínicos, opioides, antidepressivos, antipsicóticos, antihipertensivos intensos e hipoglicemiantes são potenciais fatores — faça revisão de medicamentos sistemática.

2. Exame rápido e testes funcionais

  • Timely Up and Go (TUG): levantar da cadeira, andar 3 m, retornar. >12 s indica risco aumentado.
  • Avaliação da marcha e equilíbrio: observar base de apoio, passos curtos, arrasto.
  • Teste de força de preensão manual (se disponível) e avaliação de força de membros inferiores.
  • Verificar pressão arterial em pé/decúbito para hipotensão ortostática.
  • Checar acuidade visual e encaminhar quando necessário.

Para apoiar a avaliação, consulte recursos práticos sobre avaliação de quedas e fatores de risco em adultos idosos no nosso blog: Avaliação de quedas em idosos: fatores e prevenção e um enfoque sobre prática clínica.

Intervenções simples e priorização

Após identificar riscos, implemente intervenções de baixo custo e alto impacto durante a consulta.

1. Revisão e ajuste de medicamentos

Faça uma triagem farmacológica: identifique fármacos sedativos, polifarmácia e oportunidades de desprescrição. Ajustes simples (reduzir dose, espaçar horários noturnos, substituir por alternativas com menor sedação) podem reduzir quedas. Veja também nosso conteúdo sobre polifarmácia e desprescrição em idosos: polifarmácia e prevenção de quedas.

2. Prescrição de atividade física orientada

Recomende programas que melhoram força muscular e equilíbrio: treinamento resistido leve, exercícios de equilíbrio (ex.: Tai Chi, exercícios de pé sobre uma perna) e caminhada supervisionada. Mesmo pequenas adaptações (2–3 sessões semanais) trazem benefício. Para integração com cuidados nutricionais e atividade física, consulte: Nutrição e atividade física.

3. Orientação sobre adaptações ambientais

Forneça uma lista de verificação do domicílio ao paciente/cuidador: tapetes fixos, iluminação adequada, barras de apoio em banheiro, corrimãos em escadas, remoção de obstáculos e calçados com sola antiderrapante. Indique avaliação domiciliar quando houver história de quedas repetidas. Para material prático sobre prevenção em casa, inclua materiais como os do IAMSPE que detalham ajustes por cômodo.

4. Encaminhamentos e red flags

  • Encaminhar para fisioterapia/geriatra quando perda funcional, quedas recorrentes ou suspeita de Doença de Parkinson ou síncope.
  • Investigar causas médicas reversíveis: alteração visual, hipotensão ortostática, arritmias, hipoglicemia.
  • Se fratura suspeita ou trauma significativo, seguir via de urgência.

Para um protocolo mais aprofundado de avaliação e intervenção na atenção primária, veja: Prevenção de quedas: avaliação e intervenção na APS.

Checklist rápido para a consulta (10–15 min)

  • Perguntar sobre quedas no último ano.
  • Revisar medicamentos potenciais de risco e propor ajuste.
  • Realizar TUG ou observar marcha; medir PA supino/ortostático.
  • Prescrever exercício de equilíbrio/força e orientar adaptações ambientais.
  • Agendar seguimento para monitorar adesão e resposta.

Evidências e recursos recomendados

As recomendações de avaliação e adaptações ambientais estão alinhadas com materiais de referência. O IAMSPE traz orientações práticas para modificações domiciliares e prevenção em casa, úteis para educação ao cuidador; veja detalhes em sua página sobre prevenção de quedas em casa. Diretrizes sobre revisão de medicamentos e riscos associados são discutidas em fontes que enfatizam a polifarmácia como fator modificável. Conteúdos práticos e revisões de intervenção na atenção primária mostram redução significativa de quedas quando combinadas intervenções são aplicadas.

Leituras úteis citadas no resumo: informações práticas do IAMSPE sobre prevenção doméstica (IAMSPE), revisão sobre fatores de risco e prevenção aplicada (AML) e recomendações que incluem revisão medicamentosa como etapa-chave (IBES).

Encerramento e insights práticos

Na atenção primária, pequenas ações na consulta — avaliação de risco, revisão de medicamentos, prescrição de atividade física e orientações sobre adaptações ambientais — têm impacto direto na prevenção de quedas e na manutenção da independência. Priorize intervenções simples, combine medidas e acompanhe a adesão. Para aprofundar o gerenciamento multidisciplinar e protocolos na prática clínica, confira também nosso post sobre polifarmácia e segurança e o conteúdo prático sobre como prevenir quedas em casa: Prevenir quedas em casa.

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