Manejo da asma no consultório: atualizações e estratégias de controle
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, com episódios de sibilância, dispneia, aperto torácico e tosse. No consultório, o objetivo é reduzir sintomas, prevenir exacerbações e preservar a função pulmonar por meio de diagnóstico preciso, terapêutica adequada e suporte educacional ao paciente.
Asma: diagnóstico e espirometria
O diagnóstico começa com anamnese detalhada (sintomas noturnos, variabilidade dos sintomas, fatores desencadeantes e história alérgica) e exame físico focado. Confirmar obstrução ventilatória variável com espirometria é essencial: um aumento do VEF1 ≥ 12% e ≥ 200 ml após broncodilatador apoia o diagnóstico.
Espirometria e testes complementares
A espirometria deve ser sempre buscada quando disponível; quando há dúvida diagnóstica, testes de provocação bronquial ou monitorização do pico de fluxo podem ser úteis. Ferramentas baseadas em inteligência artificial e suporte à interpretação têm se mostrado promissoras para ampliar o acesso e melhorar a leitura dos exames — veja recomendações práticas sobre espirometria em atenção primária em nosso texto sobre espirometria na atenção primária. Exames alérgicos (prick test ou IgE específica) ajudam a identificar sensibilizações relevantes para manejo ambiental e imunoterapia.
Corticosteroides inalatórios e estratégias de controle
Os corticosteroides inalatórios (CI) são a base do tratamento de manutenção da asma persistente, reduzindo inflamação e risco de exacerbações. Para muitos pacientes, a combinação CI+LABA proporciona melhor controle do que monoterapia. A prescrição deve considerar a técnica inalatória, o dispositivo mais adequado e a monitorização da resposta clínica.
Escalonamento terapêutico e terapias avançadas
Estabeleça metas de controle e ajuste a terapia conforme sintomas, função pulmonar e histórico de exacerbações. Em asma grave, após otimização da aderência e exclusão de comorbidades, considerar encaminhamento para avaliação de terapias biológicas (anticorpos monoclonais) ou imunoterapia específica em casos alérgicos — abordagem respaldada por diretrizes atualizadas, como as recomendações da GINA e materiais técnicos nacionais.
Plano de ação, adesão terapêutica e educação
Entregar ao paciente um plano de ação escrito que detalhe sinais de alerta, uso de medicação de resgate e quando procurar emergência é prática obrigatória. A educação sobre técnica inalatória, reconhecimento de gatilhos (alérgenos, tabaco, poluição, infecções virais) e adesão medicamentosa reduz hospitalizações e melhora controle da asma.
Promover adesão e seguimento
Identifique barreiras à adesão — efeitos adversos percebidos, custo, dificuldade com o inalador — e proponha estratégias práticas (ajuste do dispositivo, lembretes, plano simplificado). Programas e intervenções centradas no paciente mostram ganho no controle; consulte recomendações sobre adesão terapêutica na atenção primária para medidas aplicáveis no consultório.
Estratégias para prevenir exacerbações e otimizar o seguimento
Além da farmacoterapia, controle ambiental, vacinação contra influenza e COVID-19 conforme indicação, cessação do tabagismo e tratamento das comorbidades respiratórias (rinite, refluxo) são fundamentais. Avaliações periódicas da função pulmonar, revisão do plano de ação e educação contínua ajudam a reduzir exacerbções e visitas de emergência.
As diretrizes nacionais e internacionais oferecem orientações práticas atuais: consulte a revisão brasileira sobre manejo da asma para detalhes clínicos e fluxos de diagnóstico (UFMG/NESCON) e o Protocolo e Diretrizes Terapêuticas aprovados pela CONITEC para recomendações formais em saúde pública (CONITEC).
Para aprofundamento técnico sobre uso de dispositivos, escalonamento terapêutico e estratégias específicas de tratamento, material de referência adicional pode ser consultado em revisões clínicas e guias terapêuticos especializados (Bibliomed).
Em suma, o manejo eficaz da asma no consultório combina diagnóstico funcional (espirometria), tratamento baseado em corticosteroides inalatórios e combinações adequadas, plano de ação personalizado, educação contínua e atenção às questões de adesão e comorbidades. A integração de boas práticas locais com as recomendações das diretrizes melhora o controle clínico e a qualidade de vida dos pacientes.