Manejo prático de dermatites na clínica geral

Manejo prático de dermatites na clínica geral

Introdução

Paciente com prurido, eritema e crostas: como diferenciar e tratar rapidamente na prática diária? As dermatites são frequentes na atenção primária e no consultório geral; um manejo objetivo reduz sofrimento, evita complicações (infecções secundárias) e encaminhamentos desnecessários.

1. O que são e como classificar as dermatites mais comuns

Dermatites são processos inflamatórios cutâneos caracterizados por prurido, eritema e alterações da barreira cutânea. As formas mais prevalentes na prática geral incluem:

  • Dermatite atópica: costuma iniciar na infância, com histórico pessoal/familiar de atopias, distribuição típica em flexuras (adultos: mãos, face).
  • Dermatite de contato (alérgica e irritativa): relacionada a exposição a agentes externos; avaliação da causa é essencial.
  • Dermatite de estase: associada a insuficiência venosa crônica, edema e localização em terço inferior das pernas.

Para revisões e diretrizes sobre manejo da dermatite atópica e condições alérgicas, consulte o material da SECAD e análise de consultas dermatológicas em hospital universitário para compreender padrões e encaminhamentos clínicos.

Leituras úteis: atualizações no manejo da dermatite atópica (SECAD), análise de consultas dermatológicas em hospital universitário, e a síntese conceitual em Dermatite (Wikipédia).

2. Abordagem diagnóstica prática

Anamnese focada

Priorize perguntas que orientam diagnóstico e conduta imediata:

  • Início, evolução e padrões (intermitente/contínuo).
  • Localização das lesões (flexuras, mãos, pernas, regiões de contato).
  • Fatores desencadeantes: produtos, ocupação, contato com água, luvas, cosméticos.
  • História atópica pessoal ou familiar (asma, rinite, eczema).
  • Sinais de infecção (exsudato, crostas purulentas, febre local/geral).

Exame físico e sinais orientadores

Documente morfologia (pápulas, vesículas, liquenificação), extensão e sinais de superinfecção. Na suspeita de dermatite de estase, avalie edema e sinais de insuficiência venosa.

Testes complementares

O diagnóstico é predominantemente clínico. Utilize patch test quando houver forte suspeita de dermatite de contato alérgica para identificar alérgenos específicos — encaminhar para alergologista/dermatologista quando necessário. Exames adicionais (hemograma, PCR) só se houver sinais sistêmicos ou suspeita de complicação.

3. Medidas gerais e tratamento inicial

Cuidados básicos (sempre indicados)

  • Hidratação da pele: emolientes com aplicação regular (2x/dia ou mais conforme ressecamento). Priorizar cremes sem fragrância e formulações oclusivas nas áreas mais ressecadas.
  • Evitar detergentes agressivos; orientar banhos breves com água morna e pH neutro.
  • Identificação e remoção de fatores desencadeantes (produtos, contato ocupacional).

Tratamento farmacológico tópico

  • Corticosteroides tópicos: são a base para controlar inflamação aguda. Escolher potência conforme local e gravidade (baixa potência para face e áreas finas; potências moderadas a altas para tronco e palmas/plantas). Limitar uso prolongado e orientar potenciais efeitos adversos (atrofia cutânea, telangiectasias).
  • Inibidores de calcineurina tópicos (pimecrolimus, tacrolimus) como alternativa em áreas delicadas ou uso prolongado para evitar efeitos locais dos corticoides.
  • Em casos com sinais de infecção secundária bacteriana: considerar terapia antibiótica tópica ou sistêmica conforme extensão e severidade; quando houver dúvida sobre necessidade ou escolha do antibiótico, consulte diretrizes e práticas de prescrição racional de antibióticos.

Tratamentos adjuvantes

  • Curativos úmidos (wet-wrap) em dermatite atópica severa por curto período para reduzir inflamação e prurido.
  • Antihistamínicos sedativos à noite para controle do prurido intenso e melhorar sono quando indicado.

4. Prevenção e considerações ocupacionais

Medidas preventivas são cruciais para dermatite ocupacional e de contato irritativa/alérgica. Recomendações práticas:

  • Identificar exposição ocupacional e recomendar luvas adequadas; alternar materiais quando suspeita de alergia ao látex ou componentes.
  • Higienização da pele com produtos suaves; aplicar emolientes após o trabalho.
  • Orientar o empregador e, se necessário, emitir comunicação para medidas de controle ambiental. Para guias práticos sobre reconhecimento e cuidados de áreas genitais afetadas, veja dermatite de contato vulvar: reconhecimento e cuidados e o guia de dermatites de contato (guia clínico) para aprofundamento.

5. Educação do paciente e seguimento

A educação em saúde é essencial: instrua sobre aplicação correta de corticosteroides tópicos, uso regular de emolientes, identificação de desencadeantes e sinais de alarme (aumento da dor, secreção purulenta, febre). Estratégias de adesão e educação terapêutica aumentam resultados — veja recursos sobre educação terapêutica e adesão para técnicas aplicáveis na consulta.

Fechamento e insights práticos

Na prática clínica geral, priorize um diagnóstico clínico bem feito (história+exame), medidas básicas de cuidado da pele e tratamento tópico dirigido. Use patch test e encaminhamentos quando a causa não for óbvia ou a doença for refratária. Evite corticosteroides tópicos prolongados sem revisão e trate prontamente suspeitas de infecção. Quando em dúvida sobre antibióticos ou manejo mais complexo, recorra a recursos locais e ao protocolo de prescrição racional de antibióticos para decisões seguras.

Links e leituras complementares na prática: materiais da SECAD sobre dermatite atópica, análise de consultas dermatológicas para padrões clínicos e a síntese sobre Dermatite para revisão conceitual.

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