Nutrição e atividade física na prevenção de doenças cardíacas
As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no Brasil. No consultório, orientar sobre alimentação e exercício é uma das intervenções preventivas mais eficazes para reduzir fatores de risco como hipertensão, colesterol elevado, obesidade e diabetes tipo 2.
Diretrizes e avaliação do risco cardiovascular
As principais sociedades científicas recomendam uma abordagem multifatorial: avaliação do risco individual, meta de pressão arterial, rastreio de dislipidemia e controle glicêmico quando indicado. Consulte as diretrizes nacionais e internacionais para embasar as decisões clínicas, por exemplo as recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e revisões sobre prevenção primária (diretrizes de prevenção).
Avaliação clínica prática
- Calcule o risco cardiovascular global sempre que possível e registre o histórico familiar e hábitos de vida.
- Meça e acompanhe pressão arterial em consultório e, quando indicado, por monitorização domiciliar para identificar hipertensão sustentada (manejo da hipertensão).
- Avalie índice de massa corporal, circunferência abdominal e sinais de síndrome metabólica, pois a obesidade central aumenta o risco cardiovascular (manejo da obesidade).
Nutrição na prevenção de doenças cardíacas
Orientações alimentares devem ser individualizadas, simples e factíveis. Evidências indicam benefícios de dietas ricas em frutas, verduras, legumes, grãos integrais e fontes de gorduras insaturadas, com redução do consumo de sódio, gorduras saturadas e açúcares adicionados. Para basear o aconselhamento, utilize materiais de suporte e literatura científica sobre alimentação e exercício (nutrição e exercício).
Recomendações práticas para o consultório
- Incentive o aumento de fibras (frutas, verduras, leguminosas e grãos integrais) para reduzir colesterol LDL e melhorar o perfil lipídico.
- Oriente substituições: óleos vegetais, peixes e oleaginosas no lugar de gorduras saturadas e produtos ultraprocessados.
- Explique a importância de reduzir o sal na dieta, especialmente em pacientes com hipertensão ou risco de derrame e infarto.
- Estabeleça metas de perda de peso realistas quando indicado; pequenas reduções de peso (5–10%) já trazem benefícios sobre pressão arterial, glicemia e perfil lipídico.
Atividade física e redução do risco cardiovascular
A atividade física reduz mortalidade cardiovascular independentemente de perda de peso, melhora tolerância ao esforço, reduz sedentarismo e melhora controle pressórico e glicêmico. Recomenda-se, em adultos saudáveis, ao menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos intensos, além de treinamento de resistência duas vezes por semana.
Como prescrever exercício no consultório
- Avalie limitações clínicas antes de prescrever: dor torácica, dispneia inexplicada, claudicação ou sinais de doença cardiovascular não controlada exigem investigação prévia.
- Prescreva metas graduais: iniciar com caminhadas de 10–15 minutos e aumentar progressivamente para sessões de 30 minutos na maioria dos dias.
- Inclua recomendações de fortalecimento muscular (treinamento de resistência) e estratégias para reduzir o tempo sentado, importantes para combater o sedentarismo.
Para pacientes com comorbidades como diabetes, integre o aconselhamento sobre controle glicêmico com intervenções nutricionais e exercícios (controle glicêmico no diabetes tipo 2).
Como promover adesão e acompanhamento
A adesão é o principal determinante de sucesso. Estratégias eficazes incluem metas personalizadas, follow-up breve e frequente, uso de lembretes, abordagem motivacional e integração multiprofissional (nutrição, educação em atividade física, psicologia quando necessário). Registre evoluções de pressão arterial, peso, circunferência abdominal e exames laboratoriais relevantes para reforçar ganhos clínicos.
Prevenção de doenças cardíacas: recomendações finais
No consultório, combine avaliação de risco, orientação nutricional prática e prescrição de atividade física adaptada ao paciente. Intervenções que visam redução de sódio, melhora do perfil lipídico (redução do colesterol LDL), controle da pressão arterial e diminuição do sedentarismo são essenciais para reduzir eventos cardiovasculares. Quando necessário, associe estratégias farmacológicas e encaminhamentos para apoio nutricional ou reabilitação cardíaca para otimizar resultados.
Para aprofundar protocolos relacionados ao manejo de fatores de risco e prevenção primária, consulte materiais de orientação clínica e recursos do próprio serviço, articulando intervenções com a atenção primária e equipes multiprofissionais.