O que é sarcopenia: diagnóstico prático e avaliação funcional

O que é sarcopenia: diagnóstico prático e avaliação funcional

A sarcopenia é a perda progressiva de massa e função muscular que compromete autonomia, aumenta o risco de quedas e piora prognóstico em idosos e em pacientes com doenças crônicas. Identificar a sarcopenia na prática clínica permite planejar intervenções — como exercício resistido, adequação proteica e correção de déficits nutricionais — que melhoram força, mobilidade e qualidade de vida.

Definição clínica e importância da sarcopenia

Clinicamente, a sarcopenia engloba três domínios: perda de massa muscular, redução da força e piora do desempenho físico. Diretrizes internacionais atuais (por exemplo, EWGSOP2) definem “sarcopenia provável” quando há baixa força (força de preensão reduzida) e confirmam o diagnóstico com evidência de baixa massa muscular por DEXA ou BIA. A avaliação funcional completa permite estratificar risco de quedas, dependência para atividades diárias e necessidade de intervenções multidisciplinares.

Avaliação prática: massa muscular, força e função

Para triagem rápida use o questionário SARC-F (questionário simples sobre força e atividade), associado a medidas clínicas: circunferência de panturrilha <31 cm sugere risco aumentado e ferramentas objetivas confirmam alterações.

Força de preensão manual

A força de preensão (handgrip) é um preditor robusto de fragilidade e mortalidade. Cut-offs frequentemente utilizados são <27 kg para homens e <16 kg para mulheres (valores de referência podem variar conforme população). A técnica exige boa instrução ao paciente e repetição em ambos os lados.

Short Physical Performance Battery (SPPB) e desempenho

O SPPB (teste de equilíbrio, marcha curta e sit-to-stand) quantifica desempenho físico; pontuações baixas (<8 pontos) indicam maior risco funcional. Esses testes orientam limitações e monitoram resposta ao tratamento de reabilitação.

Medição da massa muscular

Quando disponível, DEXA e BIA fornecem índices de massa muscular apendicular (ASM/ASMI). Na prática ambulatorial, combine triagem clínica, força de preensão e medidas simples (como circunferência da panturrilha) para decidir necessidade de exames complementares.

Intervenções baseadas em evidência

O tratamento é multimodal e centrado em três pilares: exercício resistido progressivo, nutrição adequada e manejo de condições subjacentes.

Exercício resistido

Programas de exercício resistido (treino de força) supervisionados melhoram massa muscular e força mesmo em idosos. Sessões 2–3 vezes por semana, com progressão de carga e 8–12 repetições por exercício, são práticas recomendadas para reabilitação da sarcopenia.

Nutrição e suplementação

Ingestão proteica adequada (em geral 1,0–1,5 g/kg/dia, ajustada por comorbidades) e distribuição proteica ao longo do dia favorecem anabolismo muscular. A suplementação com leucina ou proteína whey pode ser considerada quando a ingestão dietética for insuficiente. Avaliar e corrigir deficiência de vitamina D é importante, pois baixos níveis estão associados à fraqueza muscular.

Abordagem integrada

Tratar comorbidades (insuficiência cardíaca, DPOC, diabetes), evitar polifarmácia desnecessária e encaminhar para fisioterapia e nutrição aumentam a efetividade das intervenções. Monitorar progresso com repetição de força de preensão e SPPB auxilia no ajuste do plano terapêutico.

O que fazer na prática

Passos práticos para profissionais de saúde e cuidadores:

  • Triagem rápida com SARC-F e circunferência de panturrilha;
  • Medir força de preensão para detectar sarcopenia provável;
  • Usar SPPB para avaliar desempenho e risco de quedas;
  • Solicitar DEXA ou BIA se confirmação da perda de massa for necessária;
  • Iniciar programa de exercício resistido e orientação nutricional (adequação proteica);
  • Avaliar vitamina D e corrigir se houver deficiência; considerar suplementação proteica quando indicado;
  • Reavaliar em 8–12 semanas com força de preensão e SPPB para monitorar resposta.

Essa abordagem, centrada em exercício resistido, otimização da ingestão proteica, avaliação de vitamina D e manejo clínico das comorbidades, reduz risco de perda de independência, quedas e hospitalizações.

Orientações finais

Detectar e tratar a sarcopenia precocemente é essencial para preservar mobilidade e autonomia. A combinação de triagem (SARC-F), avaliação objetiva (força de preensão e SPPB) e intervenções multidisciplinares (exercício resistido, nutrição e correção de vitamina D) constitui a base do cuidado eficaz. Encaminhe para fisioterapia e nutrição quando indicado e ajuste o plano conforme resposta funcional.

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