O que é osteoporose na atenção primária: diagnóstico, escore FRAX e estratégias para prevenção de fraturas em idosos

O que é osteoporose na atenção primária: diagnóstico, escore FRAX e estratégias para prevenção de fraturas em idosos

A osteoporose é a redução da densidade mineral óssea associada à deterioração da microarquitetura do osso, o que aumenta substancialmente o risco de fraturas. Na atenção primária, o objetivo é identificar pessoas em risco, estratificar esse risco de forma prática (por exemplo com o escore FRAX), confirmar quando necessário com densitometria óssea (DXA) e implementar intervenções que reduzam quedas e fraturas, preservando a independência funcional dos idosos.

O que é osteoporose e por que é relevante na atenção primária

A osteoporose não é exclusividade do especialista: é condição frequente em idosos atendidos na atenção primária e está intimamente ligada a quedas, fraturas de quadril e perda de autonomia. Fraturas osteoporóticas elevam morbimortalidade nos meses seguintes ao evento e aumentam custos com internações e cuidados prolongados. A atenção primária tem papel central na detecção precoce, na modificação de fatores de risco e no manejo integrado com equipes multiprofissionais.

A osteoporose costuma coexistir com sarcopenia e fragilidade, o que aumenta o risco de quedas e de fraturas. Para orientações sobre abordagens integradas em pacientes frágeis, consulte materiais sobre fragilidade em idosos.

Como diagnosticar osteoporose na prática clínica

O diagnóstico definitivo baseia-se na densitometria óssea (DXA): T-score ≤ -2,5 em relação ao pico de massa óssea. Contudo, na atenção primária a decisão de solicitar DXA parte de triagem clínica e da avaliação de risco. Nem todo paciente precisa de DXA imediato; alguns podem começar medidas preventivas enquanto se organiza a investigação.

Densitometria óssea (DXA) e critérios clínicos

  • Triagem: mulheres ≥ 65 anos, homens ≥ 70 anos, e adultos com fatores de risco (fratura prévia, uso crônico de glicocorticoides, baixa massa corporal, história familiar, entre outros).
  • Exames complementares: investigar causas secundárias quando indicado (função renal, cálcio, vitamina D, hormônios tiroideanos, PTH, entre outros).
  • Fatores que aceleram perda óssea: tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, deficiência de vitamina D e uso prolongado de corticoides.

O papel do escore FRAX na atenção primária

O FRAX estima a probabilidade de fratura osteoporótica major e de fratura de quadril em 10 anos usando fatores clínicos com ou sem DXA. Na atenção primária, o FRAX orienta decisões sobre indicação de tratamento farmacológico e necessidade de exames adicionais.

FRAX: interpretação e limitações

  • Entradas: idade, sexo, peso, altura, fratura prévia, fratura parental de quadril, tabagismo, uso de glicocorticoides (≥ 5 mg de prednisona/dia por ≥ 3 meses), artrite reumatoide, causas secundárias de osteoporose e consumo de álcool.
  • Saída: risco percentual de fratura major e de fratura de quadril em 10 anos.
  • Limitações: não substitui avaliação clínica completa, não avalia aderência ou fatores recentes de queda e pode variar por população de referência; use-o integrado à avaliação clínica e ao DXA.

Em geral, um FRAX elevado — especialmente associado a densitometria compatível com osteoporose ou fratura prévia — indica necessidade de considerar terapia farmacológica.

Avaliação de fatores de risco e triagem na atenção primária

A avaliação deve considerar fatores modificáveis e não modificáveis que influenciam a decisão terapêutica:

  • Idade e sexo — maior risco em mulheres pós‑menopáusicas;
  • História de fratura — principal fator de risco para nova fratura;
  • Uso de glicocorticoides — cuidado com doses e duração;
  • Doenças secundárias — hipogonadismo, hiperparatireoidismo, insuficiência renal crônica, doenças que afetam a absorção;
  • Estilo de vida — tabagismo, álcool, sedentarismo, ingestão inadequada de cálcio e vitamina D;
  • Fraqueza muscular e quedas — avaliação de risco de quedas e presença de sarcopenia são essenciais.

Estratégias de prevenção de fraturas na atenção primária

A prevenção deve ser multidimensional: atuar sobre densidade óssea, força muscular, risco de queda e controle de comorbidades. A personalização das medidas é chave, considerando função, comorbidades e preferência do paciente.

Nutrição, suplementação e vitamina D

Orientar ingestão adequada de cálcio por meio da dieta (meta aproximada 1.000–1.200 mg/dia conforme idade) e avaliar níveis de vitamina D; a suplementação habitual varia entre 800–2.000 UI/dia conforme necessidade e mensuração sérica. Em pacientes com deficiência documentada, dose de repleção deve ser orientada clinicamente. Para abordagens práticas sobre vitamina D e prevenção de quedas, veja vitamina D e queda em idosos.

Exercício e prevenção de quedas

Programas de exercício com impacto, treino de força e equilíbrio — incluindo tai chi — reduzem quedas e melhoram massa muscular. A revisão de medicamentos que aumentam o risco de quedas e adaptações ambientais domiciliares são medidas essenciais; há orientação prática sobre prevenção de quedas em idosos com polifarmácia domiciliar.

Terapia farmacológica

Quando indicada, a escolha do fármaco depende do risco absoluto (FRAX + DXA), presença de fratura prévia, comorbidades e tolerabilidade. Opções incluem bisfosfonatos orais ou IV, denosumabe, teriparatida e romosozumabe. Em pacientes com intolerância a bisfosfonatos orais, alternativas como administração IV ou denosumabe podem ser apropriadas. Sempre avaliar cálcio e vitamina D antes e durante a terapia.

Aspectos práticos para a rotina na atenção primária

  • Identificação precoce: implante triagem simples para pacientes de risco (idade, fraturas anteriores, uso de corticoide, deficiência de vitamina D).
  • Avaliação integrada: combine FRAX com DXA quando disponível e com a avaliação clínica para tomada de decisão.
  • Educação: orientar sobre dieta rica em cálcio, suplementação de vitamina D quando indicada, técnicas corretas de administração de medicamentos (jejum, posição) e importância da adesão.
  • Revisão de medicação: reduzir fármacos que aumentam risco de queda sempre que possível e ajustar terapêuticas que impactem massa óssea.
  • Coordenação multiprofissional: envolver nutricionista, fisioterapeuta, educador físico e farmacêutico para estratégias de reabilitação, otimização nutricional e revisão de polifarmácia; utilize ferramentas como o checklist de segurança ambulatorial na prática clínica.

Populações especiais

Idosos frágeis, pacientes com insuficiência renal, transtornos endócrinos ou múltiplas comorbidades requerem ajuste do plano terapêutico com monitorização laboratorial e discussão interdisciplinar. Pacientes com fraturas prévias exigem abordagem mais agressiva e acompanhamento mais próximo.

O que é osteoporose: recomendações práticas

Para pacientes: mantenha alimentação com cálcio adequado, pratique exercícios de força e equilíbrio, reduza fatores de risco de queda em casa e siga as orientações da equipe de saúde sobre suplementação e medicamentos. Se houve fratura prévia, procure avaliação na atenção primária para um plano individualizado.

Para profissionais: utilize FRAX como ferramenta de estratificação, solicite DXA quando indicado, trate conforme diretrizes locais e personalize a terapêutica considerando densitometria, comorbidades e preferência do paciente. Integre ações de prevenção de quedas e suplementação de vitamina D na rotina de cuidados para reduzir fraturas e preservar a funcionalidade dos idosos.

Aplicando essas medidas na atenção primária, o objetivo é reduzir a incidência de fraturas, minimizar hospitalizações e manter a qualidade de vida dos pacientes.

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