O que é POTS: sinais, diagnóstico e manejo prático

O que é POTS: visão geral

Você já se sentiu tonto ao levantar? Pessoas com síndrome da taquicardia postural ortostática (POTS) costumam apresentar tontura, palpitações ou fadiga acentuada ao ficar em pé, o que dificulta atividades diárias e pode reduzir a qualidade de vida. Neste texto explicamos, de forma clara para pacientes e profissionais de saúde, o que é POTS, como diferenciar de outras causas de tontura e quais são as medidas práticas de diagnóstico e manejo.

POTS: fisiopatologia e variantes

A disautonomia associada à POTS não tem uma causa única. Entre os mecanismos mais frequentes estão:

  • Disautonomia periférica: dano ou disfunção das fibras autonômicas que controlam o tônus vascular, causando pooling venoso nas pernas ao ficar em pé e queda do retorno venoso.
  • Fenótipo hiper-adrinérgico: elevação de catecolaminas (noradrenalina) ao adotar a posição ortostática, com taquicardia acentuada, tremor ou sensação de ansiedade.
  • Volemia reduzida: hipovolemia relativa por perda de plasma ou regulação inadequada do volume circulante.
  • Alterações centrais: disfunção do controle autonômico central que afeta resistência vascular e frequência cardíaca.
  • Desencadeadores pós-infecciosos ou autoimunes: POTS pode surgir após infecções virais ou períodos de estresse físico/psicológico, sugerindo componentes inflamatórios ou autoimunes em alguns casos.

Fatores como desidratação, uso de certos medicamentos, calor excessivo e sedentarismo tendem a piorar os sintomas. Para avaliação fisiopatológica, profissionais utilizam testes como o tilt-table test, monitorização ambulatorial de pressão arterial e, em casos selecionados, avaliação de volume plasmático.

POTS: apresentação clínica e critérios diagnósticos

A apresentação é heterogênea, mas alguns sinais e sintomas são recorrentes:

  • Tontura e intolerância ortostática, que podem variar de sensação de desmaio até quase-síncope.
  • Taquicardia ortostática — aumento da frequência cardíaca ao ficar em pé.
  • Fadiga crônica, intolerância ao esforço e dificuldades cognitivas (“brain fog”).
  • Sintomas gastrointestinais como náusea e sensação de plenitude.

Os critérios comumente adotados incluem aumento da frequência cardíaca ≥30 bpm dentro de 10 minutos ao ficar em pé (≥40 bpm em adolescentes), sintomas persistentes por ≥3 meses e exclusão de outras causas (anemia, arritmias, insuficiência cardíaca, doenças endócrinas etc.). A anamnese detalhada e o exame físico direcionado são fundamentais.

Taquicardia ortostática e tilt-table test

O tilt-table test confirma a resposta ortostática em centros especializados. Monitorização ambulatorial (Holter) e medidas seriadas de pressão arterial e frequência cardíaca em posições supina, sentada e ortostática complementam a investigação clínica.

POTS: avaliação diagnóstica e exames úteis

A investigação inclui:

  • História clínica estruturada com foco em relação postura-sintoma, duração e gatilhos.
  • Exame físico com mensuração da pressão arterial e da frequência cardíaca em supino, sentado e em pé.
  • Exames laboratoriais básicos: hemograma, ferro/ferritina, função tireoidiana, vitamina B12, vitamina D, glicemia, função renal e hepática.
  • Exames cardíacos (ECG em repouso, Holter quando indicado) e testes de função autonômica quando disponíveis.
  • Avaliação de volume circulante e resposta a fluidos em casos selecionados.

É essencial distinguir POTS de hipotensão ortostática, vertigem vestibular, síncope vasovagal e causas cardiológicas ou hematológicas de tontura. Para orientação sobre avaliação de tontura na prática clínica, veja a avaliação inicial de tontura disponível no blog.

Manejo não farmacológico em POTS

As medidas não farmacológicas são a base do tratamento e incluem:

  • Hidratação adequada: ingestão de cerca de 2–3 litros de líquidos ao dia, ajustada a clima e atividade; bebidas isotônicas podem ser úteis.
  • Aumento da ingestão de sal, sob orientação clínica, para melhorar o volume plasmático em pacientes selecionados.
  • Meias de compressão graduada (20–30 mmHg ou conforme prescrição) para reduzir pooling venoso.
  • Programa de exercício gradual: recondicionamento físico progressivo com ênfase em membros inferiores; programas supervisionados têm boa evidência de benefício. Consulte também orientações sobre exercício adaptado no blog.
  • Técnicas posturais: evitar permanência prolongada em pé, levantar-se lentamente e usar apoio para reduzir risco de quedas.
  • Higiene do sono e manejo do estresse, que contribuem para melhor resposta autonômica.
  • Correção de deficiências (anemia, deficiência de ferro, vitaminas) que agravam a fadiga e a intolerância ao esforço.

Manejo farmacológico em POTS

Quando as medidas não farmacológicas são insuficientes, algumas opções medicamentosas podem ser consideradas, sempre individualizadas:

  • Fludrocortisona — aumenta retenção de sódio e volume plasmático; requer monitorização de pressão arterial e potássio.
  • Midodrina — agonista alfa-1 que melhora tônus vascular e reduz pooling venoso; atenção a hipertensão supina.
  • Piridostigmina — anticolinesterásico que pode melhorar sintomas autonômicos em alguns pacientes.
  • Betabloqueadores (metoprolol, propranolol) — para controle de taquicardia excessiva.
  • Ivabradina — opção em casos refratários com taquicardia predominante.
  • Tratamento de comorbidades (ansiedade, depressão, dor) com medicações específicas quando indicado).

O ajuste terapêutico deve considerar comorbidades, idade, gravidez e efeitos adversos; a monitorização clínica regular é imprescindível.

POTS: próximos passos para pacientes e profissionais

Uma abordagem integrada melhora desfechos: diagnóstico preciso, educação do paciente e plano terapêutico progressivo. Recomenda-se:

  • Iniciar/ajustar hidratação e ingestão moderada de sal conforme orientação médica.
  • Implementar programa de exercício gradual com apoio de fisioterapeuta ou profissional treinado em disautonomia.
  • Monitorar sintomas e sinais vitais (PA e FC supino/sentado/orto) para identificar padrões e gatilhos.
  • Considerar terapias farmacológicas apenas com indicação clínica clara e acompanhamento.

Para complementar a avaliação de tontura e condições associadas, consulte os textos relacionados do blog sobre avaliação de tontura e distúrbios do sono, que ajudam a diferenciar e tratar sintomas que frequentemente coexistem com POTS.

POTS: o que você pode fazer hoje

Aqui estão ações práticas imediatas:

  • Converse com sua equipe de saúde sobre estratégias de hidratação e ingestão de sal adaptadas ao seu caso.
  • Comece um programa de exercícios progressivo com metas semanais realistas, preferencialmente supervisionado.
  • Registre diariamente sintomas e medidas de pressão/frequência cardíaca em posições diferentes para orientar decisões clínicas.
  • Discuta opções farmacológicas apenas com seu médico e mantenha acompanhamento para ajustar doses e monitorar efeitos.

Com educação apropriada, medidas não farmacológicas e envolvimento da equipe multidisciplinar, muitos pacientes com POTS conseguem reduzir sintomas e melhorar a funcionalidade. O manejo é individualizado: identificar se o quadro tem predomínio de disautonomia periférica, componente hiperadrinérgico, hipovolemia ou fatores associados orienta escolhas terapêuticas mais eficazes.

* Alguns de nossos conteúdos podem ter sido escritos ou revisados por IA. Fotos por Pexels ou Unsplash.