Prevenção de quedas em idosos na atenção primária
Introdução
Quedas em idosos são frequentes e evitáveis: até um terço das pessoas com 65 anos ou mais cai anualmente, com impacto em fraturas, perda de independência e medo de cair. Na atenção primária a identificação precoce de fatores de risco e intervenções simples podem reduzir eventos e internações. Este texto oferece um roteiro pragmático para triagem, intervenções e orientações práticas para profissionais de saúde.
Triagem e diagnóstico: como identificar risco de queda
A triagem deve ser rotineira em consultas de revisão, pós-alta e avaliações geriátricas. Pergunte diretamente: “Teve quedas no último ano?”; “Sente dificuldade para caminhar ou manter o equilíbrio?”. Ferramentas estruturadas, como o STEADI, orientam fluxo clínico, perguntas e testes simples.
Testes práticos à beira do consultório
- Timed Up and Go (TUG): >13,5 s indica risco aumentado.
- Teste de levantar da cadeira em 30 segundos: avalia força de membros inferiores.
- Prova dos 4 estágios de equilíbrio (base ampla/estreita, pé semi-tandem, tandem).
Combine história, exame físico (força, marcha, equilíbrio, ortostatismo), avaliação sensorial (visão, audição) e revisão medicamentosa para estratificar risco. Para orientações detalhadas de avaliação e encaminhamentos à fisioterapia, veja a página de referência interna: Prevenção de quedas: avaliação e intervenções.
Intervenções simples e eficazes na atenção primária
Intervenções não farmacológicas são a base do manejo: programas de exercício que enfatizam força e equilíbrio reduzem quedas e melhoram função. A abordagem é multidisciplinar, envolvendo médico, enfermeiro, fisioterapeuta e cuidador familiar.
Exercício e reabilitação
- Prescreva programas com foco em equilíbrio, treinamento de resistência e marcha (ex.: Otago, programas de equilíbrio orientados por fisioterapeuta).
- Encaminhe à fisioterapia quando houver comprometimento significativo ou risco de queda recurrente; veja recursos práticos em: avaliação, fisioterapia e ambiente.
Revisão de medicamentos e polifarmácia
Medicamentos que aumentam sonolência, hipotensão ortostática ou alterações cognitivas elevam o risco. Realize revisão periódica, priorizando desprescrição de benzodiazepínicos e sedativos quando possível. Protocolos de avaliação e desprescrição ajudam a reduzir risco de queda; consulte também: Avaliação e prevenção no consultório.
Ambiente e dispositivos de assistência
- Oriente adaptações domiciliares simples: iluminação adequada, corrimãos, pisos antiderrapantes, remoção de tapetes soltos.
- Indique auxiliares de marcha apenas após avaliação — ajuste e treino reduzem riscos.
Complicações e impacto das quedas
Além de fraturas (quadril, rádio distal), as quedas geram perda de confiança, redução de atividade, isolamento social e risco aumentado de dependência. A avaliação pós-queda deve buscar lesões ocultas, delírio, síncope e fatores precipitantes tratáveis.
Orientações práticas para profissionais e cuidadores
Checklist rápido para uso em consultas de atenção primária:
- Triagem anual para todos ≥65 anos: questão sobre quedas + testes rápidos de marcha/equilíbrio.
- Revisão medicamentosa com foco em sedativos, anticolinérgicos e anti-hipertensivos que causam hipotensão ortostática.
- Prescrição de exercício: programas de equilíbrio e resistência (iniciar supervisionado se necessário).
- Avaliação do ambiente doméstico e encaminhamento para adaptações simples.
- Engajar família/cuidadores em plano de prevenção e reavaliação periódica.
Para protocolos e revisão de intervenções na atenção primária, a literatura nacional e internacional oferece guias e revisões sistemáticas úteis. Uma síntese prática e abordagens integradas podem ser consultadas em artigos como a revisão da Acta Paulista de Enfermagem e em guias clínicos disponíveis em portais como o MSD Manual para profissionais.
Relatos e revisões também destacam a necessidade de integração entre saúde e reabilitação; um artigo integrador discute estratégias intersetoriais e implementação local: International Integralize Scientific. Para recomendações práticas sobre prevenção de doenças e incapacidade no idoso, consulte a página do MSD Manual em: MSD Manual – Geriatria.
Fechamento
Na atenção primária, a prevenção de quedas em idosos depende de triagem sistemática, revisão medicamentosa, programas de exercício e modificações ambientais simples. Pequenas ações — perguntar sobre quedas, realizar um TUG, ajustar medicamentos e orientar o domicílio — geram impacto significativo na redução de fraturas e na preservação da independência. Use as ferramentas e referências citadas para incorporar protocolos locais e envolver equipes multidisciplinares no cuidado contínuo.