Prevenção de quedas em idosos na comunidade

Prevenção de quedas em idosos na comunidade

Introdução

Quedas em idosos continuam sendo uma das principais causas de fraturas, internações e perda de independência funcional. Como profissionais de saúde, perguntamo-nos: quem precisa de intervenção imediata? Quais avaliações priorizar na atenção primária? Este texto sintetiza abordagem prática para avaliação de risco, prescrição de exercícios de equilíbrio e orientações sobre adaptações ambientais em contexto comunitário.

Avaliação de risco: triagem e exames funcionais

A identificação precoce de fatores de risco é fundamental para a prevenção de quedas. Realize triagem rotineira em idosos ambulatoriais e domiciliares, incluindo perguntas sobre quedas prévias, marcha, uso de medicações e autocuidado.

Ferramentas práticas

  • Timed Up and Go (TUG): rápido, útil para triagem de mobilidade e queda de risco.
  • Escala de Equilíbrio de Berg: avalia estática e dinâmica; indicada quando há suspeita de comprometimento funcional mais sutil.
  • Short Physical Performance Battery (SPPB): informa prognóstico funcional e pode orientar planos de reabilitação.

Documente resultados e classifique risco (baixo/moderado/alto). Para pacientes de risco moderado a alto, articule encaminhamento para fisioterapia ou programa comunitário de exercício. Para apoio prático na consulta, veja o material complementar sobre avaliação e prevenção em prática clínica e protocolos de avaliação e intervenções.

Avaliação clínica complementar

  • Revisão de medicações: identifique benzodiazepinas, sedativos, antihipertensivos que possam aumentar risco — considerar desprescrição ou ajuste em parceria com o paciente (ver polifarmácia e segurança).
  • Avaliação sensorial: visão, audição e propriocepção influenciam equilíbrio.
  • Avaliação cognitiva e de humor: depressão e declínio cognitivo elevam risco de queda.

Exercícios de equilíbrio: prescrição e evidências

Programas de exercício são intervenções com evidência robusta na redução de quedas. O foco deve ser treinamento de equilíbrio, fortalecimento dos membros inferiores e atividades que desafiem a estabilidade postural em tarefas funcionais.

Estrutura mínima de um programa

  • Duração: programas de 12 semanas com manutenção periódica mostram benefícios; sessões 2–3x/semana são recomendadas.
  • Componentes: fortalecimento (ex.: agachamentos parc.), treino de equilíbrio (ex.: marcha em tandem, apoio unipodal), alongamento e treino funcional (ex.: sentar-levantar, subir degrau).
  • Progressão: aumentar desafio sensorial (reduzir visão, superfície instável) e tarefas duplas (cognitivas + motoras) conforme tolerância.

Integre estratégias lúdicas e de grupo quando possível — isso aumenta adesão e traz benefícios sociais e cognitivos, conforme revisões sobre intervenções fisioterapêuticas em idosos (ver análise em revisão da RevistaFT).

Monitorização e metas

  • Estabeleça metas mensuráveis: melhorar tempo no TUG, aumentar tempo em apoio unipodal, reduzir quedas relatadas.
  • Reavaliação periódica a cada 8–12 semanas e após eventos (queda, hospitalização).

Adaptações ambientais e intervenções comunitárias

Modificar o ambiente é uma estratégia de baixo custo e alto impacto. Considere inspeção domiciliar ou uso de checklists para identificar riscos.

Intervenções domésticas concretas

  • Instalar barras de apoio em áreas de risco (banheiro, vaso sanitário).
  • Remover tapetes soltos, organizar trajetos livres em casa, garantir superfícies antiderrapantes.
  • Corrigir iluminação inadequada — luzes noturnas em corredores e áreas de passagem.
  • Calçados adequados e uso de dispositivos de auxílio somente quando indicado (andador, bengala) com treinamento de uso.

Além de medidas individuais, projetos comunitários que incentivam atividade física e participação social reduzem isolamento e fatores psicológicos que prejudicam mobilidade; diretrizes nacionais e recomendações da SBGG oferecem orientações para implementação local (consulte o documento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia disponível aqui).

Integração multidisciplinar

Uma abordagem multifatorial envolve médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, farmacêutico e agentes comunitários. Encaminhe para avaliação de fragilidade ou investigação de causas secundárias em pacientes com quedas recorrentes (ver artigo de apoio em Artmed).

Implementação prática na atenção primária

  • Inserir triagem de quedas no prontuário eletrônico para idosos ≥65 anos.
  • Criação de fluxos: risco baixo = orientações e exercícios domiciliares; risco moderado = encaminhamento a programa de fisioterapia; risco alto = avaliação multidisciplinar e revisão de medicações.
  • Educação ao cuidador e materiais escritos simples sobre como reduzir riscos em casa.
  • Registrar indicadores: número de quedas, TUG, adesão a programa de exercício, encaminhamentos realizados.

Para guias de consulta rápida em ambulatório, a página do blog traz protocolos práticos sobre prevenção de quedas em ambulatório e avaliação funcional detalhada em avaliação de fatores de risco.

Fechamento e insights práticos

Prevenção de quedas exige ações simples e coordenadas: aplique triagem rápida, utilize testes validados (TUG, Berg, SPPB), prescreva programas de exercícios de equilíbrio com progressão e promova adaptações ambientais. Enderece a polifarmácia quando aplicável e articule intervenções comunitárias para manter adesão. Referencie diretrizes e revisões para fundamentar decisões clínicas e incorpore indicadores de seguimento na prática diária.

Leitura recomendada: reunião das evidências em revisões sistemáticas sobre exercício físico e prevenção de quedas e as diretrizes da SBGG (links citados) para suporte à tomada de decisão e implementação local.

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