Prevenção de quedas em idosos no ambulatório

Prevenção de quedas em idosos no ambulatório

Introdução

Quedas em idosos são frequentes e têm impacto físico, psicossocial e funcional: cerca de 1 em 3 adultos com 65 anos ou mais cai a cada ano. Como profissionais, perguntamos: quem identificar, como estratificar o risco e quais intervenções simples implementar já na consulta? Este texto apresenta abordagem prática para avaliação de risco e intervenções viáveis no ambulatório, com base em evidências recentes.

Avaliação de risco: o que medir e por quê

A avaliação sistemática permite priorizar intervenções. Combine anamnese dirigida com testes funcionais e exame físico.

Componentes essenciais

  • História de quedas: número, circunstâncias, lesões e sequelas funcionais.
  • Fatores intrínsecos: força reduzida, alterações do equilíbrio, polifarmacia, problemas sensoriais (visão, audição), doenças neurológicas e ortostáticas.
  • Fatores extrínsecos: iluminação, tapetes, escadas sem corrimão, calçados inadequados.
  • Avaliação cognitiva e do humor: depressão e comprometimento cognitivo aumentam risco de queda e dificultam adesão a intervenções.

Instrumentos práticos no ambulatório

Use medidas rápidas e reprodutíveis:

  • Timed Up and Go (TUG): paciente levanta de uma cadeira, caminha 3 metros, volta e senta. Cortes indicativos de maior risco costumam estar ao redor de 12–14 s (varia com população e contexto) — resultado prolongado sugere necessidade de intervenção de equilíbrio/força.
  • Escala de Equilíbrio de Berg: útil quando há tempo para avaliação mais detalhada; escores <45 associam-se a maior risco de quedas.
  • Velocidade de marcha: velocidade <0,8 m/s indica risco funcional aumentado e preditor de declínio.
  • Avaliação ortostática, inspeção de calçados, exame visual básico e revisão medicamentosa.

Para rotina ambulatorial, protocolos simples com TUG + revisão de medicação + checagem visual e ambiental identificam rapidamente pacientes que precisam de intervenção. Para implementação prática, veja orientações locais em: Avaliação de quedas em consultório e estratégias práticas.

Intervenções simples e baseadas em evidência

As evidências mostram que intervenções multimodais reduzem quedas quando adaptadas ao risco individual. Revisões sistemáticas reforçam o papel de programas de exercício físico, revisão de medicamentos e intervenções ambientais.

Programas de exercício físico

  • Foque em fortalecimento (principalmente membros inferiores), treino de equilíbrio e treino de marcha. Exercícios do tipo Otago ou programas com componentes de equilíbrio demonstram redução de quedas.
  • Frequência: idealmente ≥2–3 vezes/semana, com progressão e supervisão inicial por fisioterapeuta quando possível.
  • Monitore adesão e adaptar à comorbidade — integre recomendações com o plano de reabilitação do paciente.
  • Referências práticas e protocolos podem ser encontrados no material do serviço: prevenir quedas: prática.

Revisão de medicação e gestão da polifarmacia

A revisão periódica de medicamentos é crucial. Analise sedativos, opioides, antipsicóticos, antidepressivos e anti-hipertensivos que favoreçam hipotensão ortostática. Intervenções de deprescrição coordenadas (médico + farmacêutico) diminuem risco sem comprometer controle das condições de base. Para abordagens estruturadas, consulte: prevenção de quedas e polifarmácia.

Correção visual e intervenções ambientais

  • Encaminhe para avaliação oftalmológica quando queixas visuais estiverem presentes; correções de óculos podem diminuir o risco.
  • Intervenção ambiental simples: melhorar iluminação, instalar corrimãos, remover tapetes soltos, usar antiderrapantes em banheiros e orientar sobre calçados firmes.
  • Eduque cuidadores e familiares sobre ajustes domiciliares. Um recurso prático sobre prevenção em casa está disponível em: Como prevenir quedas em casa.

Papel da equipe multidisciplinar e fluxo de cuidado

A prevenção eficaz é multidisciplinar:

  • Médico: estratificação de risco, revisão medicamentosa, coordenação de encaminhamentos.
  • Fisioterapeuta: avaliação funcional detalhada e prescrição de programas de exercício de equilíbrio/força.
  • Enfermeiro/terapeuta ocupacional: avaliação funcional domiciliar, educação, identificação de barreiras ambientais.
  • Farmacêutico: reconciliar medicamentos e propor estratégias de desprescrição.
  • Oftalmologista e oftalmologista primário: correção visual e tratamento de patologias.

Organize fluxos simples: triagem na consulta (TUG + questionário breve) → classificação de risco → intervenções direcionadas (ex.: programa de exercícios + revisão de fármacos + adaptações em domicílio) → reavaliação em 3–12 meses ou após qualquer queda.

Evidências e recursos para aprofundar

Estudos acadêmicos e revisões suportam essas recomendações. Por exemplo, um projeto da UNESP avaliou prevenção em ambulatório de geriatria e descreve resultados práticos (veja o relatório em repositorio.unesp.br/UNESP). Pesquisas da Universidade de Coimbra analisaram impacto de programas de intervenção em populações institucionalizadas (estudogeral.uc.pt/Coimbra). Uma revisão sistemática publicada na Acta Paulista de Enfermagem resume intervenções na atenção primária, especialmente programas de exercício e intervenções ambientais (Acta Paulista de Enfermagem).

Fechamento e recomendações práticas rápidas

Para incorporar prevenção de quedas na prática ambulatorial, priorize ações simples, repetíveis e documentadas:

  • Triagem rápida (TUG/velocidade de marcha) em pacientes >65 anos ou com queixa de instabilidade.
  • Revisão de medicamentos e encaminhamento para revisão farmacoterapêutica quando houver polifarmacia.
  • Prescrição de programas de exercício com foco em força e equilíbrio, com metas claras e acompanhamento.
  • Avaliação e intervenções ambientais e encaminhamento oftalmológico quando indicado.
  • Trabalhar em equipe multidisciplinar e educar paciente/cuidadores sobre sinais de alerta e medidas simples.

Integre estas medidas ao prontuário e reavalie funcionalidade periodicamente. Para um roteiro prático de implementação e fluxos no ambulatório veja também: prevenção de quedas: avaliação e intervenção e modelos de intervenção na APS. Incorporar avaliações rápidas e intervenções simples pode reduzir quedas, lesões e preservar a independência do paciente — objetivos centrais da saúde do idoso.

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