Rastreamento do câncer de colo do útero na atenção primária: diretrizes atuais

Rastreamento do câncer de colo do útero na atenção primária: diretrizes atuais

O rastreamento do câncer de colo do útero reduz incidência e mortalidade quando bem organizado e integrado à Atenção Primária à Saúde (APS). A seguir, apresentamos as recomendações atuais, as mudanças recentes com a incorporação do teste molecular de DNA-HPV e orientações práticas para profissionais e pacientes.

Diretrizes brasileiras e população‑alvo

As recomendações vigentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam rastreamento em mulheres entre 25 e 64 anos com atividade sexual, iniciando aos 25 anos. Tradicionalmente, o rastreamento baseia‑se no Papanicolau: dois primeiros exames anuais e, se negativos, seguimento a cada três anos. Para leitura completa das diretrizes, consulte o documento do INCA.

Mudanças recentes: incorporação do DNA‑HPV

Em 2025 houve publicação ministerial que incorpora o teste molecular de DNA‑HPV ao SUS como estratégia de rastreamento. O teste detecta os genótipos de alto risco do HPV (por exemplo, HPV 16 e 18) e permite aumentar a sensibilidade do rastreamento. Quando o DNA‑HPV é usado como teste primário, o intervalo entre coletas, na ausência de infecção, pode ser estendido para cinco anos, mantendo a faixa etária de rastreamento entre 25 e 64 anos. Para detalhes da publicação oficial, veja a nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde através do comunicado ministerial.

Vantagens e comparações: Papanicolau x DNA‑HPV

O Papanicolau (citologia) tem alta especificidade e permite detecção de alterações celulares. O teste de DNA‑HPV oferece maior sensibilidade para detecção de lesões precursoras, especialmente lesões de alto grau, e possibilita rastreamento com intervalos maiores. Modelos de triagem combinada (teste primário de DNA‑HPV seguido de citologia para os positivos) são estratégias usadas para otimizar relação custo‑benefício e reduzir encaminhamentos desnecessários para colposcopia.

Abordagem prática na APS

  • Teste primário positivo para HPV 16/18: encaminhamento preferencial para colposcopia.
  • Teste primário positivo para outros genótipos de alto risco: triagem com citologia para decidir conduta (vigilância vs. colposcopia).
  • Citologia anormal em Papanicolau: conduta conforme grau citológico (ASC‑US, LSIL, HSIL) e protocolos locais.

É essencial que a APS organize busca ativa das mulheres não aderentes e registre resultados para garantir seguimento adequado. Programas bem estruturados reduzem desigualdades e melhoram detecção precoce, conforme revisão sistemática sobre controle do câncer do colo do útero em países sul‑americanos (revisão RPSP/PAHO).

Integração com prevenção: vacinação e educação em saúde

A vacinação contra HPV é componente central na prevenção primária e reduz a carga de infecções por subtipos oncogênicos. Profissionais da APS devem promover vacinação de adolescentes e esclarecer sobre a importância do rastreamento mesmo em vacinadas. Para material de apoio sobre imunização e prevenção do câncer, veja o conteúdo sobre vacinação contra HPV e estratégias de prevenção na atenção primária.

Populações especiais e rastreamento

Mulheres imunossuprimidas, portadoras de HIV ou com histórico de transplante exigem protocolos de rastreamento diferenciados (início precoce e intervalos mais curtos). Mulheres com risco familiar aumentado para neoplasias ginecológicas podem requerer avaliação multidisciplinar; modelos de rastreio organizados podem ser inspirados por programas de triagem genética, discutidos em artigos sobre rastreio genético e atuação na APS e aconselhamento genético em atenção primária.

Desafios operacionais e de equidade

Os principais obstáculos são fragmentação dos serviços, limitada oferta de testes moleculares em áreas remotas, barreiras socioeconômicas e resistência a mudanças nos fluxos de trabalho. Capacitação contínua de equipes, logística para amostras e garantia de acesso à colposcopia/tratamento são passos essenciais para a efetividade do programa.

Resumo prático para atenção primária

– Oferecer rastreamento a mulheres de 25 a 64 anos; considerar DNA‑HPV como teste primário quando disponível.
– Manter comunicação ativa: busca ativa, educação em saúde sobre HPV, Papanicolau e vacinação.
– Encaminhar para colposcopia conforme genótipo e alterações citológicas; documentar e garantir seguimento.
– Priorizar equidade: estratégias para alcançar grupos vulneráveis e reduzir desigualdades no acesso.

Para aprofundar protocolos locais e materiais de implementação, consulte as diretrizes do INCA, a publicação do Ministério da Saúde sobre a incorporação do DNA‑HPV (comunicado) e a revisão regional que discute organização em APS (RPSP/PAHO).

Materiais complementares e exemplos de programas integrados podem ser consultados nas páginas sobre vacinação contra HPV e articulação do rastreamento com serviços de atenção primária (rastreio genético e aconselhamento familiar).

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