Rastreamento de câncer colorretal: quando indicar colonoscopia na atenção primária
O rastreamento do câncer colorretal é uma das intervenções preventivas de maior impacto na prática clínica. A colonoscopia é o padrão-ouro por permitir diagnóstico e intervenção (polipectomia) no mesmo ato, mas nem todo paciente assintomático precisa iniciá-la imediatamente. A indicação deve ser individualizada com base em idade, fatores de risco e resultados de testes não invasivos.
Quando indicar colonoscopia
Idade de início do rastreamento
Para indivíduos de risco médio, há divergência entre sociedades: algumas recomendam iniciar aos 45 anos, enquanto outras sugerem 50 anos. Em atenção primária, a decisão deve considerar diretrizes vigentes e a realidade local; veja recomendações sobre o rastreio entre 50 e 75 anos e comparativos de idade em fontes especializadas (Oncoguia).
Indivíduos com fatores de risco
Antecipe o início do rastreamento para quem tem histórico familiar de câncer colorretal (início 10 anos antes da idade do caso mais jovem na família) ou com história pessoal de pólipos adenomatosos. A avaliação genética é indicada quando há suspeita de síndromes hereditárias, como a síndrome de Lynch; orientações práticas estão em material sobre rastreio genético e acompanhamento (Oncoguia).
Doença inflamatória intestinal
Pacientes com colite ulcerativa ou doença de Crohn com acometimento colônico devem iniciar vigilância endoscópica tipicamente 8 anos após o diagnóstico, com intervalos de 1 a 3 anos conforme achados prévios e fatores de risco; protocolos são descritos em diretrizes e revisões especializadas (Oncoguia).
Exames complementares e triagem inicial
FIT e testes de fezes
O exame imunoquímico fecal (FIT) é uma ferramenta não invasiva recomendada anualmente para rastreamento populacional de risco médio; um resultado positivo normalmente leva à indicação de colonoscopia diagnóstica. Testes de DNA fecal têm sensibilidade maior para neoplasia avançada, com periodicidade diferente (ex.: a cada 3 anos).
Outros métodos de imagem
Sigmoidoscopia flexível e colonografia por tomografia computadorizada são alternativas em contextos específicos ou quando a colonoscopia não está disponível. A escolha entre métodos deve ponderar sensibilidade para pólipos adenomatosos, disponibilidade, custo e aceitabilidade.
Preparação, benefícios e riscos da colonoscopia
Preparação intestinal e sedação
Uma limpeza colônica adequada é essencial para sensibilidade do exame; instruções claras sobre dieta e laxantes aumentam a eficácia. A sedação costuma ser utilizada para conforto, mas exige avaliação prévia de comorbidades e orientações pós-procedimento. Guias práticos sobre preparo e realização do exame estão detalhados por especialistas (drcarlosobregon.com.br).
Benefícios clínicos
Além da detecção direta de lesões, a colonoscopia permite remoção de pólipos adenomatosos, evitando progressão para câncer. Estudos e séries populacionais mostram redução substancial no risco de câncer colorretal e na mortalidade quando há rastreamento adequado; estimativas variam, mas estudos apontam redução de mortalidade e risco significativo de neoplasia em rastreio organizado (SMCC).
Riscos e complicações
Perfuração intestinal, sangramento e reações à sedação são complicações raras, mas relevantes. A indicação deve equilibrar potencial benefício individual (prevenção de câncer) e riscos, especialmente em idosos frágeis ou com comorbidades graves.
Rastreamento individualizado e tomada de decisão
Na atenção primária, a escolha entre realizar FIT periódico ou indicar colonoscopia diretamente deve ser compartilhada com o paciente, levando em conta preferências, comorbidades, histórico familiar e acesso ao serviço de endoscopia. Em centros com tecnologias de apoio — por exemplo, ferramentas de detecção assistidas por inteligência artificial — a sensibilidade pode ser aumentada; conheça estudos e inovações sobre detecção precoce assistida.
Em resumo: ofereça rastreamento a todos os adultos elegíveis, faça triagem inicial com FIT quando apropriado, antecipe a colonoscopia em portadores de fatores de risco (histórico familiar, síndromes genéticas, doença inflamatória intestinal ou achados positivos em testes não invasivos) e sempre documente a decisão compartilhada. Para aprofundar protocolos locais e faixa etária, consulte as diretrizes nacionais e materiais de referência.
Referências e leituras complementares: Oncoguia (recomendações), revisão sobre colonoscopia prática (drcarlosobregon.com.br) e análise de impacto do rastreamento (SMCC).