Rastreamento e manejo da retinopatia diabética

Rastreamento e manejo da retinopatia diabética

Introdução

Você sabe quais passos garantirão que pacientes com diabetes não evoluam para perda visual evitável? Na atenção básica o rastreamento e o manejo precoce da retinopatia diabética são medidas de alto impacto para reduzir cegueira evitável. Este guia prático reúne orientações atuais, fluxos de triagem e critérios de encaminhamento para uso imediato na prática ambulatorial.

1. Por que rastrear na atenção básica?

A retinopatia diabética é uma das principais causas de cegueira em adultos. Identificar alterações retinianas em fases iniciais aumenta muito a chance de intervenção eficaz. Programas bem estruturados na atenção primária ampliam o acesso ao exame e aumentam a detecção precoce — especialmente quando combinados com teleoftalmologia e capacitação de equipe.

Impacto clínico e organizacional

  • Redução da progressão para formas proliferativas e edema macular quando detectados precocemente.
  • Melhor aproveitamento dos recursos do sistema ao priorizar encaminhamentos com base em critérios clínicos e imagens retinianas.
  • Maior adesão do paciente ao cuidado quando exames são oferecidos no próprio serviço de atenção básica ou via telemedicina.

2. Como organizar o rastreamento na prática ambulatorial

Implemente um fluxo simples, com registro ativo de pacientes com diabetes e agendamento periódico. As recomendações práticas abaixo ajudam a padronizar a atividade na unidade.

Quem rastrear e quando

  • Todos os pacientes com diabetes tipo 1 e 2 devem ser incluídos no programa de triagem.
  • Avaliação oftalmológica inicial com pupilas dilatadas é recomendada; na ausência de retinopatia, controle anual é aceitável.
  • Rastreamento anual mínimo; exames com maior frequência (ex.: 3–6 meses) quando há retinopatia moderada a severa ou edema macular suspeito.

Exames e tecnologias úteis

  • Retinografia colorida (câmera não midriática ou midriática) para documentação e teleleitura.
  • Biomicroscopia de fundo com lâmpada de fenda quando disponível para avaliação mais detalhada.
  • Teleoftalmologia: captura de imagens na UBS com leitura remota por especialista, eficaz para ampliar cobertura.

Diretrizes recentes e o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas reforçam a necessidade de exames padronizados e fluxos de encaminhamento. Consulte o PCDT para detalhes técnicos e classificações (ex.: sinais de risco para tratamento) em PCDT Retinopatia Diabética (gov.br).

3. Capacitação de equipe e teleoftalmologia

Médicos generalistas e técnicos treinados podem obter imagens retinianas de boa qualidade; estudos mostram aumento de sensibilidade e especificidade após treinamento. Estruture treinamentos práticos para captura de imagem, interpretação básica e critérios de urgência.

Implementando teleoftalmologia

  • Equipe da UBS faz captura padronizada das imagens.
  • Leitura remota por oftalmologista ou rede de referência com resposta em tempo definido (ex.: 7 dias para casos suspeitos).
  • Registro das imagens no prontuário e definição de indicadores de performance (taxa de cobertura, tempo até resultado, % encaminhado).

Modelos e evidências sobre teletriagem constam nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes e em iniciativas públicas; veja discussões práticas em Diretriz SBD.

4. Manejo na atenção básica e critérios de encaminhamento

O manejo inicial na atenção básica foca em prevenção e triagem adequada. Para reduzir risco de progressão, priorize controle de fatores sistêmicos e educação do paciente.

Medidas essenciais no ambulatório

  • Controle glicêmico: meta individualizada com acompanhamento e ajuste terapêutico.
  • Controle da pressão arterial e dislipidemia — tratamento conforme diretrizes cardiovasculares.
  • Orientação sobre cessação do tabagismo, proteção ocular e importância do seguimento oftalmológico.

Quando encaminhar com prioridade

  • Sinais de retinopatia diabética proliferativa.
  • Edema macular clínico suspeito ou comprometimento visual recente.
  • Imagens com alterações que sugerem necessidade de fotocoagulação ou terapia antiangiogênica.

Encaminhe com laudo/imagens e descreva tempo de evolução dos sintomas. Serviços especializados realizarão fotocoagulação a laser, injeções intravítreas (anti-VEGF) ou cirurgia quando indicado.

5. Fluxo prático resumido para a UBS

  • Identificar e listar pacientes com diabetes no sistema da unidade.
  • Agendar retinografia anual (ou conforme risco) e registrar resultado no prontuário.
  • Teleleitura das imagens ou avaliação local; classificar risco e decidir seguimento/encaminhamento.
  • Reforçar controle glicêmico, pressão arterial e lipídios na consulta de atenção básica.

Modelos de rastreamento na atenção primária e resultados de estudos brasileiros podem orientar implementação local; uma avaliação do desempenho do médico generalista na captura de retinografias está descrita em publicações nacionais (RBO Journal).

Encaminhamentos, documentação e integração de cuidados

Padronize formulários de encaminhamento com dados clínicos e imagens. Integre a unidade com serviços de referência para garantir tempo adequado de resposta. A adesão a protocolos clínicos nacionais facilita priorização e auditoria de qualidade (veja a atualização do PCDT: PCDT 2024–2025).

Fechamento e próximos passos práticos

Na atenção básica, combine registro ativo, retinografia (ou encaminhamento rápido) e controle sistemático de glicemia, pressão e lipídios para reduzir cegueira evitável por retinopatia diabética. Priorize capacitação da equipe e considere a implementação de teleoftalmologia para ampliar cobertura. Para referências práticas sobre telemedicina na APS e integração de fluxos, consulte conteúdos do nosso blog sobre telemedicina e controle glicêmico:

Fontes centrais e recomendações: Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes sobre manejo da retinopatia (SBD), estudos nacionais sobre rastreamento por generalistas (RBO Journal) e o PCDT atualizado (gov.br).

Adote um fluxo local esta semana: identifique 10 pacientes com diabetes que não têm registro de exame de fundo de olho, agende retinografia e registre resultados — um pequeno ciclo que gera grande impacto populacional.

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