Terapias gênicas para doenças neuromusculares hereditárias

Terapias gênicas para doenças neuromusculares hereditárias

As doenças neuromusculares hereditárias são causadas por mutações que afetam neurônios motores, fibras musculares ou a junção neuromuscular, resultando em fraqueza progressiva, perda de função e comprometimento respiratório ou cardíaco em estágios avançados. Nos últimos anos, avanços em terapia gênica, vetores adenoassociados (AAV) e edição gênica (como CRISPR/Cas9) mudaram o paradigma terapêutico, oferecendo opções com potencial modificador da doença.

O que são doenças neuromusculares hereditárias?

Trata-se de um grupo heterogêneo de condições genéticas que incluem, entre outras, atrofia muscular espinhal (AME), distrofia muscular de Duchenne (DMD) e formas hereditárias de esclerose lateral amiotrófica (ELA). O diagnóstico precoce — por triagem neonatal ou investigação familiar — é determinante para o sucesso de intervenções como a substituição gênica ou terapias que visam restaurar proteínas essenciais, por exemplo a distrofina na DMD ou a proteína SMN codificada por SMN1 na AME.

Atrofia muscular espinhal (AME)

Tratamentos gênicos aprovados e impacto clínico

A AME exemplifica o potencial da terapia gênica. O onasemnogene abeparvovec (Zolgensma) introduz uma cópia funcional de SMN1 via vetor AAV, e sua aprovação no Brasil mudou o prognóstico de lactentes tratados precocemente. Estudos mostram melhora significativa da função motora quando a intervenção ocorre nos primeiros meses de vida; por isso, programas de diagnóstico neonatal e aconselhamento genético são fundamentais para identificar candidatos ideais.

Para equipes de atenção primária e centros especializados, recomenda-se integração com protocolos de rastreio e aconselhamento genético familiar para mapear risco e indicar triagem neonatal quando pertinente.

Distrofia muscular de Duchenne (DMD)

Terapias gênicas em desenvolvimento e acesso no SUS

A DMD, causada por mutações no gene da distrofina, tem sido alvo de abordagens que buscam restaurar ou modular a expressão proteica. Em fevereiro de 2025 houve implantação de uma terapia inovadora para DMD no SUS, marco importante para acesso público a tratamentos de alta complexidade. A restauração parcial da distrofina pode retardar o declínio funcional, reduzir hospitalizações e melhorar qualidade de vida.

Profissionais devem acompanhar critérios de elegibilidade, monitorização funcional e manejo multidisciplinar, articulando reabilitação e suporte respiratório conforme necessário. Para contextualizar estratégias de manejo de doenças raras em ambiente clínico, consulte o material sobre prática clínica em doenças raras.

(Notícia sobre implementação no SUS: gov.br).

Esclerose lateral amiotrófica (ELA)

Pesquisa em edição gênica e abordagens emergentes

Embora ainda não existam terapias gênicas aprovadas para ELA em larga escala, investigações com edição gênica e vetores direcionados buscam corrigir mutações causadoras em genes como SOD1 ou C9orf72. Estudos pré-clínicos e ensaios iniciais estão em curso, e a literatura científica aponta para caminhos promissores que exigem validação em estudos clínicos controlados. Para revisão acadêmica recente sobre avanços experimentais, veja publicação disponível em repositório científico (bjihs.emnuvens.com.br).

Principais desafios na implementação clínica

  • Diagnóstico e tempo de intervenção: quanto mais precoce o diagnóstico (por triagem neonatal ou atendimento familiar), maior a probabilidade de ganho funcional com terapia gênica.
  • Resposta imunológica e segurança: anticorpos contra vetores AAV e reações inflamatórias exigem protocolos de imunossupressão e monitorização durante e após a infusão.
  • Escalabilidade e custo: produção, logística de administração e custos elevados continuam a limitar acesso; políticas públicas e modelos de financiamento são necessários para equidade.
  • Manejo multidisciplinar: reabilitação, suporte ventilatório, cardiológico e acompanhamento nutricional permanecem essenciais mesmo com terapias modificadoras de curso.

Uma análise sobre o panorama econômico e ético das terapias gênicas discute esses entraves e enfatiza a necessidade de programas estruturados de avaliação de tecnologia em saúde (Folha).

Tecnologias complementares e cuidados integrados

Além da entrega gênica, a combinação com biomarcadores para prever resposta, reabilitação personalizada, telemonitorização respiratória e programas de suporte familiar amplia o benefício clínico. Profissionais na atenção primária devem articular encaminhamento para centros de referência, integrar rastreio genético quando indicado e participar do acompanhamento longitudinal dos pacientes que recebem terapia gênica.

Perspectivas e aplicação clínica das terapias gênicas

As terapias gênicas representam uma transformação real no tratamento das doenças neuromusculares hereditárias, com resultados já observados em AME e avanços em DMD e ELA. No entanto, a sua implementação exige infraestrutura para diagnóstico precoce, programas de aconselhamento genético, gestão de efeitos adversos e modelos de acesso sustentável. Para profissionais, manter-se atualizado, participar de redes de referência e orientar famílias sobre benefícios, riscos e alternativas é essencial. Para aprofundamento sobre manejo integrado e rastreamento genético no contexto familiar, consulte as referências e materiais do site da Bruzzi.

Recursos citados e leitura complementar: Onasemnogene abeparvovec (Zolgensma) e dados de registro (Wikipedia); avanços experimentais em ELA (BJihs); discussão sobre acesso e custos (Folha); relatório sobre implementação de terapia inovadora para DMD no SUS (gov.br).

Links internos recomendados para aprofundamento: prática clínica em doenças raras, aconselhamento genético familiar e rastreio genético e aconselhamento.

Profissionais interessados em aplicar ou encaminhar pacientes para terapias gênicas devem priorizar diagnóstico precoce, discutir riscos e benefícios com famílias, articular equipes multidisciplinares e acompanhar protocolos de farmacovigilância para otimizar resultados clínicos.

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