O que é estimulação magnética transcraniana (TMS)
A estimulação magnética transcraniana (TMS) é uma técnica não invasiva que utiliza uma bobina para gerar pulsos magnéticos que induzem correntes elétricas focais no córtex cerebral. O objetivo é modular a excitabilidade neuronal de áreas envolvidas na regulação do humor, sem necessidade de anestesia ou internação. Na prática clínica para depressão, o protocolo mais empregado é o rTMS (estimulação repetitiva de alta frequência) direcionado ao córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (DLPFC), que visa restaurar padrões de conectividade cerebral associados à depressão.
Indicações — depressão resistente ao tratamento
A TMS é indicada principalmente para adultos com depressão maior que não responderam a, pelo menos, dois esquemas antidepressivos adequados (depressão resistente ao tratamento). Diretrizes internacionais reconhecem a TMS como opção terapêutica válida em DRT, especialmente quando os fármacos são ineficazes ou mal tolerados. A escolha deve ser individualizada, considerando comorbidades, risco de convulsão, presença de implantes metálicos e a capacidade do paciente de comparecer a sessões diárias.
Evidência e eficácia do rTMS
Revisões e meta-análises mostram que o rTMS é superior a controles simulados (sham) para reduzir sintomas depressivos em pacientes com DRT, com taxas de resposta e remissão variáveis entre estudos. A melhora pode aparecer nas primeiras semanas, mas a remissão completa não é garantida para todos. Estudos também indicam que sessões de manutenção podem ajudar a reduzir recaídas e prolongar ganhos terapêuticos.
DLPFC, neuroplasticidade e mecanismos
A estimulação do DLPFC esquerdo tem como objetivo normalizar a atividade de circuitos fronto-límbicos. A TMS parece promover neuroplasticidade — alterações sinápticas e de conectividade — que facilitam a recuperação de funções emocionais e cognitivas. A resposta depende de fatores individuais, protocolo utilizado e comorbidades.
Protocolo clínico: o que esperar
O protocolo mais comum envolve sessões diárias, de segunda a sexta, totalizando cerca de 20 a 30 sessões ao longo de 4 a 6 semanas; cada sessão dura em torno de 20 a 40 minutos. A intensidade é titulada conforme o limiar motor do paciente para equilibrar eficácia e tolerabilidade. Protocolos alternativos incluem estimulação bilateral ou de baixa frequência no hemisfério direito, conforme necessidades clínicas.
Segurança e efeitos colaterais
O perfil de segurança da TMS é favorável. Efeitos adversos mais frequentes são dor ou sensibilidade no couro cabeludo, desconforto local e cefaleia transitória. Convulsões são eventos raros (<1%) e geralmente ocorrem em presença de fatores de risco pré-existentes. Contraindicações importantes incluem implantes metálicos próximos à região de estimulação, dispositivos não compatíveis com campos magnéticos, epilepsia não controlada e algumas cirurgias intracranianas recentes.
Comparação com outras terapias: TMS vs ECT
Em depressão grave ou com risco iminente de suicídio, a ECT (terapia eletroconvulsiva) continua sendo uma opção com alta eficácia. A TMS oferece alternativa não invasiva, sem necessidade de anestesia e com menor impacto cognitivo sistêmico. A escolha entre TMS e ECT deve considerar gravidade do quadro, urgência terapêutica, preferências do paciente, comorbidades e disponibilidade local.
Seleção de pacientes e cuidados práticos
Quadros típicos que podem se beneficiar: diagnóstico de depressão maior com falha a ≥2 antidepressivos, estabilidade clínica para realizar sessões diárias e ausência de contraindicações neurológicas. Avaliação prévia por psiquiatra ou neurologista com experiência em TMS é essencial, bem como revisão de medicações que influenciam excitabilidade cortical. A adesão ao plano (comparecimento às sessões) é determinante para os resultados.
Integração com manejo clínico e referências internas
Na prática, a TMS costuma ser combinada com psicoterapia e/ou antidepressivos quando indicado. Para orientar a integração da TMS em um plano de cuidado mais amplo, consulte nosso conteúdo sobre manejo de ansiedade e depressão prática clínica, que aborda estratégias não farmacológicas e acompanhamento ambulatorial. Em populações específicas, como idosos, veja também a leitura sobre promoção da saúde mental em idosos, que trata de triagem e manejo de comorbidades que influenciam a escolha terapêutica.
Orientações práticas e próximos passos
Se estiver considerando a TMS, agende avaliação com especialista para confirmar elegibilidade, rever histórico de tratamento e discutir expectativas realistas. Pergunte sobre o protocolo proposto, duração estimada, efeitos colaterais possíveis, necessidade de sessões de manutenção e cobertura por plano de saúde. A decisão deve ser compartilhada, baseada em avaliação clínica, riscos, benefícios e preferências do paciente.
Mensagem final sobre a TMS
A estimulação magnética transcraniana é uma opção terapêutica valiosa para muitos pacientes com depressão resistente, oferecendo um tratamento não invasivo com evidência de eficácia e bom perfil de segurança. Não substitui a avaliação médica: procure um serviço qualificado para orientações personalizadas e acompanhamento durante todo o tratamento.
Nota de responsabilidade
Este texto tem finalidade informativa e não substitui avaliação clínica. Busque orientação de um profissional de saúde qualificado para decisões sobre diagnóstico e tratamento.