Ultrassonografia na beira-leito: guia prático

Ultrassonografia na beira-leito: guia prático

Ultrassonografia na beira-leito (POCUS)

A ultrassonografia à beira-leito (POCUS) é uma ferramenta essencial em emergência, terapia intensiva e enfermarias. O ultrassom portátil acelera decisões clínicas, reduz atrasos diagnósticos e melhora a monitorização do paciente. Este guia prático destina-se a profissionais de saúde que usam o POCUS como extensão do exame clínico. Não substitui exames formais, mas complementa o raciocínio clínico quando apropriado. Para integrar POCUS com anamnese e exame físico, veja o guia de anamnese e exame físico.

Indicações práticas de POCUS

POCUS na instabilidade hemodinâmica

O POCUS é indicado quando há necessidade de decisão rápida, monitorização dinâmica ou dificuldade de acesso a exames de imagem completos. Indicações comuns:

  • Avaliar etiologia do choque (cardiogênico, hemorrágico, distributivo) para orientar suporte pressórico e reposição volêmica.
  • Identificar derrame pleural, pneumotórax ou consolidações em pacientes com dispneia.
  • Avaliar função cardíaca (contractilidade, dilatação de câmaras, tamponamento) para ajuste de vasopressores e suporte circulatório.
  • Investigar causas abdominais agudas (hemoperitônio, abscesso, obstrução) em dor abdominal.

Considere sempre a história clínica e o exame físico. Para orientação específica em aparelhos, consulte o guia de anamnese do aparelho respiratório e o guia de anamnese do aparelho cardiovascular.

Protocolos e técnicas de aquisição

Configuração do equipamento e sequência

Para imagens confiáveis, adote protocolos padronizados e controle de qualidade:

  • Escolha do transdutor: linear para superficial, curvilíneo ou phased-array para tórax e coração.
  • Ajuste de ganho, profundidade e foco conforme a região.
  • Sequência de varredura padronizada (cardíaco, pulmões, abdome, acessos vasculares) para minimizar omissões.
  • Higiene e segurança: posicionamento adequado, proteção em pacientes críticos e limpeza das sondas para reduzir risco infeccioso.
  • Reconheça limitações: obesidade, barreira aérea, feridas cirúrgicas e artefatos que comprometem a imagem; nesses casos, confirme com exames complementares.

Interpretação rápida e raciocínio clínico

Achados cardíacos, pulmonares e abdominais

A interpretação do POCUS exige sempre correlação clínica:

  • Cardíaco: redução de contractilidade, dilatação ventricular, sinais de tamponamento, avaliação rápida da função cardíaca.
  • Pulmonar: linhas B e sinais de edema intersticial, consolidações lobares, derrame pleural e detecção de pneumotórax; atenção aos artefatos.
  • Abdome: líquido livre (FAST), sinais de perfuração, coleções ou obstrução intestinal.
  • Acessos vasculares: orientação na inserção de cateteres centrais, avaliação de patência e complicações.

Evite conclusões definitivas a partir de um único achado; em caso de dúvida, peça exame formal. Para critérios de laudo e interpretação, consulte o artigo sobre interpretação de exames de rotina.

Integração com a prática clínica e educação continuada

Treinamento, documentação e revisão de qualidade

POCUS é uma habilidade técnica e clínica que exige treino contínuo:

  • Participar de cursos com supervisão de especialistas em ultrassom clínico.
  • Prática regular e feedback estruturado para manter a qualidade de aquisição e interpretação.
  • Registrar imagens e laudos simples no prontuário para rastreabilidade e auditoria de qualidade.
  • Corroborar achados do POCUS com exames formais ou consulta especializada quando houver discordância clínica.

Aplicações específicas e fluxos clínicos

Exemplos práticos

  • Edema agudo de pulmão: uso do POCUS para identificar congestão pulmonar (linhas B), derrame pleural e função cardíaca, orientando uso de diuréticos e suporte ventilatório.
  • Trauma abdominal fechado: protocolo FAST para detecção rápida de hemoperitônio e decisão cirúrgica.
  • Dor torácica com suspeita de pneumotórax: identificação rápida do sinal de lung point e orientação para drenagem quando indicada.
  • Insuficiência renal aguda: avaliação de volume, sinais de uropatia obstrutiva e presença de líquido retroperitoneal para decisões sobre cateterismo ou diálise.

Para casos de dor torácica e interpretação integrada de exames, veja o guia de dor torácica no pronto-socorro e o artigo sobre interpretação de exames de rotina.

Aspectos éticos, legais e de qualidade

O POCUS complementa, mas não substitui, avaliação clínica completa ou exames especializados quando indicados. Mantenha registros de imagem e laudo, siga diretrizes locais e documente limitações do exame. Em caso de incerteza diagnóstica, solicite confirmação por imagem formal ou opinião especializada.

Ultrassonografia na beira-leito: resumo prático

O ultrassom à beira-leito proporciona vantagem em tempo de diagnóstico e segurança do paciente quando integrado ao raciocínio clínico. Como iniciar hoje: escolha uma região-alvo, estabeleça um protocolo de varreduras, documente imagens no prontuário e busque supervisão de um mentor com experiência em POCUS. A prática regular, alinhada a protocolos e educação continuada, maximiza os benefícios do ultrassom portátil na rotina de emergência e terapia intensiva.

Observação: este conteúdo é voltado para profissionais de saúde. Consulte as diretrizes locais e atualize-se conforme a evolução da prática clínica em ultrassonografia.

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