Vacinação em adultos com comorbidades: esquemas e adesão

Vacinação em adultos com comorbidades: esquemas e adesão

Introdução

Adultos com comorbidades apresentam risco aumentado de hospitalização e morte por doenças infecciosas. Você está oferecendo um plano vacinal otimizado aos seus pacientes com diabetes, doença cardíaca ou doença pulmonar crônica? Este texto, direcionado a profissionais de saúde, resume esquemas atualizados e estratégias práticas para melhorar a adesão à vacinação na prática clínica.

Identificação e estratificação das comorbidades

Antes de prescrever vacinas, avalie e estratifique o risco do paciente. Use critérios clínicos e exames recentes para identificar imunossupressão, estágios de doença renal crônica, insuficiência cardíaca, controle glicêmico em diabetes e uso de terapias biológicas ou quimioterapia.

  • Classificação básica: comorbidade controlada, comorbidade descompensada, imunossupressão.
  • Documentação necessária: histórico de vacinas, registro de reações adversas prévias, terapias imunossupressoras e data de transplante ou quimioterapia.
  • Referência prática: siga o Manual de Normas do Ministério da Saúde e os calendários da SBIm ao planejar esquemas.

Esquemas vacinais específicos (principais recomendações)

Apresentei abaixo os esquemas mais relevantes por condição. Consulte sempre as diretrizes locais e atualizações (ex.: SBIm – calendário adulto) para ajustes finos.

Diabetes

  • Influenza anual (dose anual inativada): prioritária em todos os anos.
  • Pneumocócica: esquema conforme risco e idade (conjugada seguida de polissacarídica quando indicado).
  • Hepatite B: esquema de 3 doses para não-imunes; verifique sorologia quando necessário.

Doença cardiovascular crônica

  • Influenza anual.
  • Pneumocócica conforme faixa etária e condição (PPSV23/PCV quando indicado).
  • Atualizar vacinas de rotina (tétano/difteria, hepatites) conforme histórico.

Doenças pulmonares crônicas (DPOC, asma grave)

  • Influenza anual e pneumocócica conforme diretrizes.
  • Vacina contra COVID-19 e reforços conforme calendário nacional e risco individual.

Doença renal crônica e pacientes em diálise

  • Hepatite B com esquema reforçado e checagem sorológica pós-vacinação.
  • Influenza anual; pneumocócica conforme idade/risco.

Pacientes imunossuprimidos e oncológicos

Planeje a vacinação considerando o momento relativo a quimioterapia, transplante ou terapias biológicas. Para orientações detalhadas, consulte o guia específico para pacientes oncológicos e imunossuprimidos. Sempre priorize vacinas inativadas; vacinas vivas costumam ser contraindicadas durante imunossupressão significativa.

Reforços, atualizações e vigilância de evidências

Os reforços vacinais são essenciais para manter a proteção em adultos com comorbidades. Atualize esquemas conforme evidência e disponibilidade de vacinas (ex.: novos imunizantes conjugados pneumocócicos, plataformas mRNA). Use fontes oficiais do Ministério da Saúde para cronogramas e campanhas: o Manual de Normas e Procedimentos é referência prática e operacional (Manual do Ministério da Saúde).

Efeitos adversos e monitoramento pós-vacinação

Explique ao paciente o perfil de segurança esperado e combine monitorização ativa para grupos de alto risco. Adote protocolos locais para notificação de eventos adversos e oriente sobre sinais que exigem avaliação imediata (febre persistente, reação alérgica grave, sinais neurológicos).

  • Estratégias de monitoramento: contato telefônico 48–72 horas, formulário eletrônico, prontuário com alertas.
  • Educação sobre reações: distinguir reações locais e sistêmicas comuns de sinais de anafilaxia.

Estratégias práticas para aumentar adesão à vacinação

Melhorar a adesão à vacinação requer uma abordagem multifatorial. Abaixo, medidas aplicáveis na atenção primária e ambulatório:

  • Educação e comunicação: explique benefícios coletivos e individuais, use material impresso e lembretes digitais. Integre comunicação sobre vacinas com programas de educação terapêutica em doenças crônicas (veja nosso conteúdo sobre educação terapêutica e adesão).
  • Facilitação do acesso: vacinação em consultas de rotina, horários estendidos e vacinação domiciliar quando possível.
  • Registro e recall: use prontuários eletrônicos com lembretes e agrupamento de pacientes por risco para chamadas sistemáticas.
  • Fluxo integrado: integrar equipes (enfermagem, farmacêutico, assistente social) para identificação ativa e navegação do paciente (veja estratégias práticas no artigo sobre estratégias de adesão em doenças crônicas).

Checklist prático para a consulta vacinal

  • Revisar histórico vacinal e cartão de vacinação.
  • Avaliar controle da comorbidade e terapias imunossupressoras.
  • Planejar esquemas e intervalos, incluindo reforços.
  • Agendar retorno ou mecanismo de recall (SMS, telefone, app).
  • Registrar no prontuário e orientar sobre efeitos adversos.

Fechamento e insights práticos

Para proteger pacientes com comorbidades é preciso mais do que prescrever vacinas: requer identificação de risco, alinhamento com esquemas atualizados, monitoramento de segurança e intervenções sistemáticas para aumentar a adesão. Integre ferramentas digitais, protocolos locais e educação estruturada. Consulte os guias da SBIm e do Ministério da Saúde e adapte a abordagem à realidade da sua unidade. Para materiais práticos e cronogramas específicos, veja também o nosso post sobre vacinação em imunossuprimidos e o calendário nacional atualizado em calendário vacinação Brasil 2025.

Referências selecionadas: Manual de Normas e Procedimentos do Ministério da Saúde; SBIm – calendário de vacinação adulto (SBIm); guias SBIm/SBOC sobre vacinação em oncologia e imunossuprimidos (Vaccini – guias).

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