Vacinação de adultos com comorbidades: planejamento e adesão
Introdução
Quais medidas práticas você tem adotado para reduzir hospitalizações e complicações em pacientes com doenças crônicas? A imunização de adultos com comorbidades é uma intervenção de alta prioridade: indivíduos com doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias crônicas e outras comorbidades apresentam maior risco de formas graves de influenza, COVID-19 e pneumonias. Este texto reúne orientações práticas para planejamento de esquemas, comprovação documental, atualização do calendário vacinal atualizado e estratégias para melhorar a adesão à vacinação em grupos de risco.
1. Quem é prioridade e quais vacinas considerar
Identificar os pacientes elegíveis é o primeiro passo do planejamento. Em campanhas e rotina, são considerados prioritários adultos com:
- Doenças cardíacas crônicas
- Diabetes mellitus
- Doenças respiratórias crônicas (como DPOC, asma grave)
- Doença renal crônica e hepatopatias crônicas
- Doenças neurológicas crônicas e imunossupressão
As vacinas com recomendação frequente para esses grupos incluem influenza, COVID-19, vacinas pneumocócicas, hepatite B (quando indicado), zóster (conforme idade e risco) e reforço de tetano/difteria/pertussis quando necessário. Para orientações técnicas e atualizações sobre os imunizantes COVID-19 e esquemas especiais, consulte o Guia Rápido de Vacinação contra a COVID-19 e a Estratégia de Vacinação contra a COVID-19 – 2024.
2. Planejamento do esquema e atualização do calendário
Um calendário vacinal atualizado para adultos com comorbidades deve ser integrado ao fluxo de atenção primária e à gestão de consultas de rotina. Passos práticos:
- Mapear a população ativa com comorbidades no registro clínico e priorizar por risco.
- Checar esquema vacinal atual no prontuário antes de consultas presenciais; identificar doses pendentes ou vencidas.
- Aplicar protocolos padronizados para intervalos entre vacinas (especialmente em situações de imunossupressão). Para normas e procedimentos operacionais, acompanhe o Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação.
- Quando houver dúvida sobre esquemas especiais (por exemplo, transplantados, quimioterapia), encaminhar ao protocolo de imunossuprimidos e considerar calendário individualizado. Veja orientações práticas em nosso texto sobre vacinação imunossuprimidos adultos: esquemas e planejamento.
Organização operacional
Reserve períodos de vacinação integrados a consultas de manejo de diabetes, hipertenção e DPOC. Use listas eletrônicas para triagem prévia e agendamento ativo: isso reduz perda no seguimento e melhora a cobertura.
3. Comprovação de comorbidades e fluxo na sala de vacinação
Para facilitar o acesso e evitar recusas indevidas, padronize a lista de documentos aceitos como comprovação de comorbidade. Exemplos aceitos por unidades e campanhas:
- Receita de medicamentos de uso contínuo com nome do paciente e CID
- Laudo médico, atestado ou relatório ambulatorial
- Resultados de exames que comprovem a doença (ex.: hemoglobina glicada, espirometria, creatinina)
Campanhas estaduais frequentemente detalham a lista de comorbidades elegíveis; consulte orientações locais como a publicação que lista comorbidades elegíveis para vacinação contra a gripe e materiais de divulgação para a população. Em campanhas, as secretarias estaduais podem aceitar documentos simples para não criar barreiras ao acesso, conforme iniciativa regional descrita em comunicado estadual.
4. Estratégias para aumentar a adesão à vacinação
Melhorar a adesão exige ações combinadas. Estratégias testadas na prática clínica:
- Intervenções de comunicação: orientação individualizada durante consulta, folheto simples com benefícios e riscos, e convite ativo por telefone ou SMS.
- Integração com cuidado crônico: oferecer vacinações no mesmo dia de consultas de diabetes, hipertenção ou retorno de anticoagulação.
- Facilitar logística: horários estendidos, pontos de vacinação em unidades básicas e dispensar necessidade de agendamento quando possível.
- Registro e lembretes eletrônicos: ativar alertas no prontuário e mensagens automáticas para doses de reforço.
- Equipe multiprofissional: enfermeiros, farmacêuticos e agentes comunitários reforçando recomendação vacinal aumentam cobertura.
Para modelos de comunicação que melhoram a adesão em doenças crônicas, consulte nosso material sobre comunicação clínica e adesão em doenças crônicas e sobre adesão terapêutica e educação em consulta.
5. Papel do profissional de saúde: checklist prático
Profissionais têm papel central na implementação. Um checklist rápido para uso clínico:
- Revisar histórico vacinal e registrar no prontuário eletrônico.
- Identificar comorbidades elegíveis e orientar sobre benefícios/efeitos adversos.
- Solicitar/aceitar documentação comprobatória simples quando exigida.
- Agendar ou aplicar a vacina na mesma visita quando possível.
- Registrar evento adverso pós-vacinação e comunicar ao serviço de vigilância.
Para abordagens práticas e integração com programas de atenção primária, veja nosso guia prático de imunização de adultos com comorbidades: estratégias práticas.
Fechamento com orientações práticas
Atualize rotineiramente sua lista de pacientes com comorbidades, incorpore checagem vacinal em toda consulta clínica e simplifique o caminho do paciente até a vacina. Use os materiais do Ministério da Saúde para validar esquemas (veja os guias publicados em publicações oficiais) e adapte as estratégias de adesão à realidade local. Para protocolos específicos em imunossuprimidos e esquemas especiais, verifique também nossos conteúdos práticos sobre esquemas e adesão e sobre organização de agendas e fluxos de vacinação.
Resumo rápido: identifique elegíveis, utilize documentos simples para comprovação, mantenha o calendário vacinal atualizado, integre a vacinação à gestão de doenças crônicas e aplique estratégias comunicacionais e operacionais para aumentar a adesão.