Vacinação em pacientes imunossuprimidos na atenção primária

Vacinação em pacientes imunossuprimidos na atenção primária

A vacinação é uma das medidas preventivas mais eficazes para reduzir morbimortalidade por infecções em pacientes imunossuprimidos que convivem com doenças crônicas. Este texto oferece orientações práticas para profissionais da atenção primária e informação acessível para pacientes, abordando vacinas indicadas, precauções e como integrar a rotina vacinal ao manejo clínico.

Vacinação em pacientes imunossuprimidos: princípios básicos

Pacientes com imunossupressão — por terapias imunomoduladoras, doenças autoimunes, transplantes ou por comorbidades como diabetes mellitus tipo 2 — apresentam maior risco de infecções graves e de evolução desfavorável. Sempre que possível, é preferível completar esquemas vacinais antes do início da terapia imunossupressora. Em tratamento já em curso, vacinas inativadas são seguras, embora a resposta imune possa ser reduzida; vacinas com vírus vivo atenuado devem ser evitadas por risco de replicação vacinal.

Avaliação pré-vacinal e planejamento

  • Revisar histórico vacinal e registros eletrônicos.
  • Avaliar grau e causa da imunossupressão; documentar datas de quimioterapia, uso de corticosteroides em dose imunossupressora, agentes biológicos ou terapias citotóxicas.
  • Considerar sorologias (ex.: hepatite B, varicella) quando a imunização prévia for incerta e quando o resultado alterar a indicação vacinal.
  • Planejar imunização em janelas seguras: idealmente ≥2–4 semanas antes de imunossupressão intensa, ou adiar vacinas vivas por 3–6 meses após imunossupressão significativa, conforme o agente e as recomendações locais.

Vacinas essenciais e recomendações práticas

As vacinas de maior impacto para pacientes imunossuprimidos incluem:

Influenza (vacina inativada)

A vacina influenza quadrivalente é recomendada anualmente. Em grupos de risco com resposta vacinal potencialmente reduzida pode-se considerar estratégias locais (ex.: vacinas de alta dose para ≥60 anos) de acordo com disponibilidade e protocolos nacionais. Consulte orientações atualizadas da SBIm para dose e formulação em pacientes especiais (SBIm – pacientes com doenças crônicas).

Pneumocócica

Esquema sequencial com vacina conjugada seguido da polissacarídica é recomendado para reduzir risco de pneumonia e doença pneumocócica invasiva. A escolha do intervalo entre VPC e VPP depende da idade e condição clínica; priorize vacinação precoce em pacientes com risco aumentado. Dados para programas de atenção primária e priorização estão descritos em materiais de prática clínica.

Hepatite B e hepatite A

Indicar vacinação para hepatite B em todos os suscetíveis; conferir sorologia pós-vacina quando indicado. Hepatite A é recomendada em situações epidemiológicas e quando houver risco aumentado de exposição.

HPV

A vacina contra HPV é indicada conforme faixa etária e risco; em pacientes imunossuprimidos, a resposta pode ser menor, mas a proteção é relevante para prevenção de lesões pré-malignas.

Herpes zoster

A vacina recombinante não viva (adjuvanted recombinant zoster vaccine) é preferível ao padrão com vacina viva em muitos pacientes imunossuprimidos; verifique disponibilidade e recomendações locais para imunossuprimidos.

Vacinas com vírus vivo atenuado e riscos

Vacinas vivas (ex.: tríplice viral, varicela, febre amarela em determinadas situações) apresentam risco teórico de doença vacinal em imunossuprimidos. A indicação deve ser individualizada: identificar quem pode receber com segurança (por exemplo, pacientes em remissão e fora de imunossupressão por período adequado) e quando contraindicadas. Revisões científicas e guidelines nacionais descrevem critérios de exclusão e exceções (estudo disponível na SciELO).

Como implementar na atenção primária

Organização e fluxos são essenciais para alta cobertura e segurança:

  • Incluir checklist vacinal na consulta de primeira avaliação e no acompanhamento de doenças crônicas.
  • Educar pacientes sobre importância da vacinação e possíveis sinais de reação, assegurando contato em caso de eventos adversos.
  • Articular com serviços de imunização, especialidades (reumatologia, oncologia, nefrologia), e equipe de farmácia para calendarização e disponibilidade de vacinas.

Para suporte à prática clínica e estratégias de vacinação em adultos com comorbidades, consulte o material sobre vacinas em adultos com doenças crônicas. A imunização de idosos com atenção à imunossenescência é detalhada em guias específicos (imunossenescência e vacinação de idosos), e orientações sobre logística e campanhas urbanas estão disponíveis em publicações sobre imunização em adultos na atenção primária.

Fontes e orientação adicional

Para decisões clínicas baseadas em evidência e atualização regular, utilize recomendações da SBIm e instituições internacionais. Recursos úteis:

  • SBIm – recomendações para pacientes especiais: sbim.org.br.
  • SciELO – revisão sobre vacinas vivas e imunossuprimidos: scielo.br.
  • CDC – orientações para vacinação de adultos imunocomprometidos: cdc.gov.
  • Ministério da Saúde (Brasil) – informação sobre calendário e acesso às vacinas: gov.br/saude.

Resumo prático para a atenção primária

  • Revisar vacinas antes de iniciar imunossupressão; priorizar vacinas inativadas quando o paciente já estiver imunossuprimido.
  • Evitar vacinas de vírus vivo atenuado a menos que exista indicação clara e período seguro após suspensão da imunossupressão.
  • Registrar e comunicar o plano vacinal ao paciente e outros profissionais; acompanhar resposta quando necessário (sorologias) e oferecer reforços conforme orientação.

A vacinação em pacientes imunossuprimidos requer individualização, comunicação entre níveis de atenção e uso de diretrizes atualizadas para maximizar proteção e segurança. Integrar essas práticas à rotina da atenção primária é essencial para reduzir complicações infecciosas em populações vulneráveis.

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