Guia prático: wearables na preabilitação pré-operatória

Guia prático: wearables na preabilitação pré-operatória

Este guia é direcionado a profissionais de saúde que desejam incorporar wearables em programas de preabilitação pré-operatória (PPOP) para reduzir complicações e otimizar a recuperação. Apresento fundamentos, critérios de seleção de dispositivos, integração com o fluxo clínico, aspectos de segurança e passos práticos de implementação que podem ser adaptados a serviços de cirurgia e anestesia. A tecnologia vestível permite monitoramento contínuo de sinais vitais, atividade física, sono e variabilidade da frequência cardíaca (HRV), ajudando a personalizar intervenções antes da cirurgia.

Wearables na preabilitação pré-operatória: por que importam

A preabilitação pré-operatória (PPOP) reúne intervenções destinadas a melhorar a capacidade funcional, otimizar comorbidades e reduzir riscos cirúrgicos. Wearables — relógios inteligentes, pulseiras de atividade, sensores de SpO2 e monitores de glicemia contínua — oferecem dados objetivos de monitoramento contínuo que complementam a avaliação clínica presencial. Esses dados ajudam a:

  • identificar limitações funcionais e fatores de risco antes da cirurgia;
  • personalizar cargas de treinamento físico e reabilitação;
  • monitorar adesão do paciente e resposta às intervenções;
  • detectar sinais de deterioração clínica de forma precoce (por ex., queda sustentada de SpO2 ou alterações na HRV).

Para aprofundamento sobre integração com sistemas clínicos e aplicações em condições crônicas, consulte materiais práticos sobre wearables e prontuário eletrônico e sobre prescrição de exercício em diabetes, que trazem exemplos de interoperabilidade e adesão do paciente (wearables-diabetes-2-prescricao-exercicio, wearables-prontuario-eletronico).

Métricas essenciais para wearables na preabilitação pré-operatória

Métricas fisiológicas e de desempenho

  • Atividade física: passos diários, tempo em atividade moderada a vigorosa, períodos sedentários — importantes para quantificar condicionamento e evolução.
  • Frequência cardíaca e HRV: HR e HRV informam equilíbrio autonômico, estresse fisiológico e adaptação ao treinamento.
  • Oxigenação (SpO2): leituras em repouso e durante esforço para identificar limitações respiratórias ou anemias relevantes ao risco perioperatório.
  • Qualidade do sono: duração, eficiência e fragmentação; sono influencia resposta inflamatória e recuperação.
  • Glicemia contínua (quando aplicável): monitorização em pacientes diabéticos ou com risco de hipoglicemia.

Validação, usabilidade e confiabilidade

  • Prefira dispositivos com evidência de validação clínica e algoritmos documentados.
  • Considere usabilidade: conforto, duração da bateria, facilidade de sincronização e aceitação do paciente.
  • Integração: escolha soluções com APIs abertas ou comprovada compatibilidade com prontuários eletrônicos (RES) para facilitar fluxo de dados e alertas clínicos.

Integração dos wearables com o fluxo clínico e prontuário eletrônico

  • Defina pontos de coleta: leituras diárias automatizadas e resumo semanal para acompanhamento pré-operatório.
  • Estabeleça critérios de alerta: sinais persistentes (ex.: queda da HRV ou SpO2 abaixo do limiar) devem desencadear avaliação clínica.
  • Padronize apresentação: dashboards objetivos para equipe, com interpretações clínicas e recomendações de conduta.

Para exemplos práticos de integração técnica e apresentação de dados no prontuário eletrônico, consulte o guia sobre wearables e prontuário eletrônico (wearables-prontuario-eletronico).

Passos práticos para implementar um programa com wearables

1) Definir objetivos clínicos e populações alvo

  • Estabeleça quais desfechos pretende impactar (infecção, pneumonia pós-op, delirium, tempo de internamento, readmissões).
  • Selecione populações prioritárias: tipo de cirurgia, faixa etária e comorbidades.

2) Selecionar dispositivos e parceiros

Escolha equipamentos com validação, interoperabilidade e políticas de privacidade compatíveis com a LGPD. Evite soluções que impeçam exportação de dados úteis para avaliação clínica.

3) Governança de dados e protocolos

  • Defina acessos e responsabilidades, critérios de validação e limpeza de dados.
  • Implemente dosimetria de dados (médias semanais, detecção de tendência, normalização por idade/sexo quando necessário).

4) Treinamento e comunicação com pacientes

  • Ofereça instruções claras sobre uso, carregamento e sincronização.
  • Explique objetivos do monitoramento e limites do que os dados representam para reduzir expectativas irreais.
  • Crie suporte técnico para minimizar interrupções.

Segurança, privacidade e ética no uso de wearables

  • Conformidade legal: garanta aderência à LGPD e políticas institucionais de proteção de dados.
  • Consentimento informado: detalhe o que será monitorado, por quanto tempo, quem acessará e como os dados orientarão decisões clínicas.
  • Minimização de dados: colete apenas o necessário para a finalidade clínica.
  • Segurança técnica: criptografia, autenticação forte e atualizações regulares.

Benefícios esperados, limitações e avaliação de impacto

Os benefícios incluem melhor condicionamento pré-operatório, maior adesão do paciente a programas de exercício, detecção precoce de alterações clínicas e suporte ao planejamento anestésico. Limitações comuns: variabilidade na acurácia entre dispositivos, perda de adesão, dificuldades de interoperabilidade e custos. Recomenda-se iniciar com pilotos que avaliem custo‑benefício e impacto em desfechos, ajustando métricas conforme evidência.

Casos de uso em preabilitação: exemplos práticos

Cirurgia eletiva em pacientes com comorbidades

Monitoramento de atividade, sono e HRV para ajustar plano de treino e controlar hipertensão ou diabetes. Referências sobre prescrição de exercício com wearables podem ser úteis (wearables-diabetes-2-prescricao-exercicio).

Pacientes idosos com risco de queda

Uso de métricas de passos, padrões de movimentação e sono para adaptar programas de força e equilíbrio, reduzir risco de quedas e otimizar recuperação.

Checklist para equipes: implantação rápida

  • Definir indicadores de sucesso (tempo de recuperação, complicações, adesão).
  • Selecionar dispositivos validados e compatíveis com RES.
  • Estabelecer governança e protocolos de alerta.
  • Treinar equipe clínica e pacientes.
  • Monitorar, revisar e ajustar o programa periodicamente.

Resultados e próximos passos para wearables na preabilitação

Wearables só agregam valor quando dados são transformados em ações clínicas: dashboards claros, protocolos de resposta a alertas e cultura de melhoria contínua. Ao alinhar metas de pré-operatório com métricas de wearables — monitoramento contínuo, HRV e SpO2, por exemplo — é possível personalizar treinos, identificar riscos de forma precoce e reduzir complicações. Para apoiar a implementação prática, verifique guias sobre integração com prontuário eletrônico e estudos de caso em contextos crônicos (wearables-prontuario-eletronico, wearables-insuficiencia-cardiaca-protocolo-remoto).

Referências práticas e leituras adicionais

Este documento foi elaborado para orientar equipes de saúde na estruturação de programas de wearables na PPOP. Adapte as recomendações ao tipo de cirurgia, perfil do paciente e recursos institucionais, sempre priorizando segurança, privacidade e utilidade clínica.

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