Abordagem multidisciplinar na dor pélvica crônica feminina

Abordagem multidisciplinar na dor pélvica crônica feminina

A dor pélvica crônica (DPC) é uma condição multifatorial que compromete atividades diárias, sexualidade e saúde mental de muitas mulheres em idade reprodutiva. O manejo eficaz exige avaliação diagnóstica cuidadosa e um plano terapêutico integrado que envolva ginecologia, urologia, gastroenterologia, fisioterapia pélvica e suporte psicológico. Para uma revisão clínica objetiva sobre definição e condutas, consulte recomendações clínicas reconhecidas, como as da BMJ Best Practice (BMJ Best Practice).

Dor pélvica crônica: definição e causas

Define-se dor pélvica crônica como dor localizada na região inferior ao umbigo, com duração superior a seis meses, que pode ter origem ginecológica, urológica, gastrointestinal, musculoesquelética ou neuropática. Entre as causas ginecológicas destacam-se endometriose e adenomiose; entre as urológicas, a cistite intersticial (síndrome da bexiga dolorosa); e entre as gastrointestinais, a síndrome do intestino irritável. A literatura nacional enfatiza a importância de uma abordagem interdisciplinar para melhorar desfechos funcionais e reduzir o tempo até o diagnóstico (RBGO).

Avaliação clínica e exames complementares

História detalhada e exame físico, incluindo avaliação do assoalho pélvico, são essenciais. Exames complementares devem ser direcionados: ultrassonografia pélvica ou transvaginal para investigar endometriose e miomas, urina tipo 1 e urocultura para descartar infecção, e colonoscopia ou testes para doença inflamatória intestinal quando houver sinalização gastrointestinal. Em atenção primária, recomenda-se também considerar triagem para distúrbios psicológicos e encaminhamento precoce quando necessário. Para orientação sobre manejo das doenças inflamatórias intestinais que podem mimetizar dor pélvica, veja este material clínico prático (DII: diagnóstico e manejo).

Tratamentos farmacológicos e intervenções

O tratamento farmacológico deve ser individualizado. Opções incluem AINEs para controle inflamatório, antidepressivos tricíclicos (por exemplo, amitriptilina) e anticonvulsivantes (gabapentina, pregabalina) para componente neuropático. Em pacientes com suspeita de infecção crônica, antibióticos podem ser indicados após confirmação. Em casos selecionados, técnicas intervencionistas — como infiltrações locais, bloqueios nervosos ou neuromodulação — podem trazer alívio sintomático. Protocolos práticos sobre o manejo integrado da dor pélvica abordam essas opções e devem ser consultados por equipes envolvidas no tratamento (Portal Afya).

Fisioterapia pélvica e reabilitação

A fisioterapia pélvica é um pilar do tratamento, com técnicas que incluem reeducação do assoalho pélvico, exercícios de fortalecimento, alongamento, técnicas de relaxamento e biofeedback. O objetivo é reduzir a disfunção musculoesquelética, melhorar o controle motor e diminuir a dor miofascial associada. Programas estruturados de reabilitação, quando integrados ao plano multidisciplinar, aumentam a chance de recuperação funcional (Fisioterapia Brasil).

Endometriose: papel da equipe ginecológica

Na suspeita de endometriose, a investigação pela equipe ginecológica pode incluir imagem dirigida e, quando indicado, videolaparoscopia diagnóstica. O manejo pode combinar tratamento hormonal, analgesia e intervenções cirúrgicas em centros especializados. A coordenação com fisioterapia pélvica e suporte psicológico é frequentemente necessária para abordar impacto funcional e sexual.

Síndrome da bexiga dolorosa e avaliação urológica

Quando há sintomas de urgência/ frequência urinária e dor suprapúbica, considere cistite intersticial. O manejo envolve medidas comportamentais, fisioterapia pélvica, tratamentos farmacológicos específicos e, em alguns casos, intervenções urológicas. A articulação com urologia facilita diagnóstico diferencial e terapias específicas.

Intervenções psicológicas e suporte

Aspectos psicológicos — depressão, ansiedade, histórico de trauma — influenciam intensidade da dor e resposta ao tratamento. Terapia cognitivo-comportamental, técnicas de mindfulness e psicoterapia de suporte melhoram adesão ao tratamento e qualidade de vida. A integração entre saúde mental e os cuidados somáticos é essencial; modelos de atenção integrada apresentados em conteúdos sobre manejo da saúde mental podem ser adaptados para mulheres com DPC (manejo integrado da saúde mental).

Monitoramento, reavaliação e comunicação entre equipes

O acompanhamento regular permite ajustar terapias, monitorar efeitos adversos e avaliar evolução funcional. Equipes multidisciplinares devem manter comunicação estruturada (relatórios clínicos, reuniões case-based) e envolver a paciente nas decisões compartilhadas. Programas de encaminhamento rápido e protocolos locais reduzem atrasos diagnósticos e melhoram resultados.

Abordagem integrada e orientações finais sobre dor pélvica crônica

A dor pélvica crônica exige abordagem centrada na pessoa, com avaliação abrangente das possíveis causas — endometriose, síndrome do intestino irritável, cistite intersticial, disfunção do assoalho pélvico — e combinação de terapias farmacológicas, reabilitação física e suporte psicológico. Encaminhe para equipes especializadas quando não houver resposta adequada e use recursos baseados em evidência ao escolher intervenções. Para profissionais que buscam protocolos e material de atualização, recomenda-se consultar guias clínicos e publicações científicas citadas ao longo do texto.

Se for pertinente ao seu serviço, considere desenvolver um fluxo local de atendimento multidisciplinar que inclua critérios de encaminhamento, ferramentas de avaliação padronizadas e pontos de contato entre especialidades — medidas que reduzem a fragmentação do cuidado e favorecem a recuperação funcional e a qualidade de vida das pacientes.

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