Endometriose: diagnóstico e manejo na atenção primária

Endometriose: diagnóstico e manejo na atenção primária

A endometriose é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina. Afeta mulheres em idade reprodutiva e está associada a dor pélvica, dismenorreia intensa, dispareunia e, em muitos casos, infertilidade. Estima-se prevalência significativa em consultórios de atenção primária; orientações oficiais e materiais de referência descrevem seu impacto na saúde reprodutiva e na qualidade de vida (Ministério da Saúde).

Dismenorreia

A dismenorreia associada à endometriose costuma ser progressiva e refratária a analgésicos simples. Ao avaliar uma paciente com cólicas menstruais intensas, investigue:

  • Início, intensidade e resposta a anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).
  • Padrões de dor: cíclica versus dor pélvica crônica fora do período menstrual.
  • Sintomas associados: dispareunia, alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação.

Avaliação inicial na APS

Realize anamnese completa e exame pélvico quando possível. Solicite ultrassonografia transvaginal como primeiro exame de imagem quando houver suspeita clínica — especialmente se houver massa anexial ou dor localizada — e considere ressonância magnética de pelve para avaliação de endometriose profunda ou comprometimento de órgãos adjacentes.

Referências práticas para profissionais apontam o papel da ultrassonografia na triagem e da ressonância magnética na caracterização das lesões (opinião sobre atenção primária).

Ultrassonografia transvaginal

A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal pode identificar endometriomas ovarianos e sinais indiretos de doença infiltrativa. Quando as imagens forem inconclusivas e a clínica sugira endometriose profunda (retossigmoide, septo retovaginal ou ureter), solicite ressonância magnética de pelve e encaminhe para avaliação especializada.

Quando encaminhar

Encaminhe para ginecologia em casos de suspeita de endometriose profunda, dor refratária ao tratamento clínico inicial, infertilidade relacionada ou massa anexial suspeita. O manejo cirúrgico por videolaparoscopia pode ser diagnóstico e terapêutico em situações selecionadas (revisão sobre abordagem cirúrgica).

Terapia hormonal

Na atenção primária, o objetivo inicial é o alívio dos sintomas e a melhora da qualidade de vida. As opções habituais incluem:

  • Contraceptivos hormonais combinados em uso contínuo para suprimir a menstruação.
  • Progestágenos orais ou injetáveis e dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-LNG) para reduzir a dor e o volume de focos endometrióticos.
  • AINEs para controle agudo da dor.

Explique riscos e benefícios das opções, considerando desejo reprodutivo. Quando a paciente planeja gestação, priorize encaminhamento precoce para investigação de infertilidade e discussão de estratégias reprodutivas.

Suporte multidisciplinar

O manejo ideal integra fisioterapia pélvica, controle da dor neuropática quando indicado e suporte psicológico. Realize triagem para sintomas depressivos e ansiedade, oferecendo encaminhamento ou intervenções breves na APS quando necessário (triagem para depressão na APS).

Diagnóstico diferencial: síndrome dos ovários policísticos (SOP)

Algumas pacientes podem apresentar sintomas sobrepostos com SOP (irregularidade menstrual, dor pélvica), por isso é importante avaliar sinais clínicos e laboratoriais para diferenciação. Consulte protocolos locais para investigação e manejo de SOP em atenção primária (manejo da SOP na APS).

Comunicação com a paciente e educação

Explique claramente a natureza crônica da endometriose, opções terapêuticas e sinais de alarme que justificam reavaliação. Oriente sobre autocuidado, técnicas para controle da dor e quando buscar atendimento especializado. Aborde também prevenção secundária apropriada, como rastreamento do colo uterino conforme protocolos de HPV (rastreio de HPV e câncer do colo), integrando cuidados reprodutivos e preventivos.

Cuidados e seguimento na atenção primária

Na APS, realize seguimento regular para avaliar resposta ao tratamento, ajustar terapias e coordenar encaminhamento para ginecologista, fisioterapeuta pélvico ou serviço de reprodução assistida quando necessário. Documente gravidade dos sintomas, impacto funcional e abordagem terapêutica adotada. O acompanhamento longitudinal melhora adesão e qualidade de vida.

Fontes e leituras adicionais: Ministério da Saúde sobre endometriose (gov.br), artigo de reforço do papel da APS (EM) e revisão sobre indicação cirúrgica (Intramed).

Se preferir, utilize os recursos e guias locais e articule cuidado multidisciplinar para oferecer manejo baseado em evidências, centrado nas necessidades da paciente.

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