Abordagem prática da dor lombar aguda

Abordagem prática da dor lombar aguda

Introdução

Como avaliar rapidamente um paciente com dor lombar aguda e decidir entre manejo conservador ou encaminhamento? A dor lombar é uma das principais causas de incapacidade no mundo e exige triagem eficiente para identificar bandeiras vermelhas, aplicar intervenções conservadoras baseadas em evidência e definir critérios claros de encaminhamento. Este guia prático, dirigido a profissionais de saúde, resume passos aplicáveis na atenção primária e ambulatorial.

Avaliação inicial — foco na triagem e no diagnóstico diferencial

Anamnese e exame dirigido

Realize anamnese focada em início, padrão, radiação, fatores de piora/ alívio e impacto funcional (trabalho, sono, marcha). Identifique história prévia de câncer, uso crônico de corticoide, trauma de alta energia, febre ou fatores de risco para infecção. No exame físico, busque sinais neurológicos: déficit motor focal, reflexos assimétricos e alterações sensoriais em dermátomos.

Bandeiras vermelhas (imediatas)

  • Suspeita de síndrome da cauda equina: retenção urinária, anestesia em sela, perda progressiva de força — encaminhar urgente.
  • Sinais de infecção: febre, imunossupressão, história de infecção recente ou uso de cateteres/endotraqueais.
  • Suspeita de neoplasia: história de câncer, perda ponderal inexplicada, dor noturna intensa.
  • Fratura: trauma significativo ou osteoporose severa com dor súbita e intensa.

Se houver qualquer bandeira vermelha, solicite exames ou encaminhe conforme a urgência. Diretrizes nacionais e fluxogramas da atenção primária orientam a investigação imediata em presença de sinais de alarme (ver orientações oficiais em Linhas de Cuidado – Dor lombar (MS)).

Quando pensar em diagnóstico diferencial

  • Radiculopatia por hérnia de disco (dor com radiação ciática, déficits motores/sensoriais)
  • Processos infecciosos vertebrais (dor progressiva, febre, VSH/CRP elevadas)
  • Neoplasia metastática (dor noturna, história oncológica)
  • Fratura vertebral por fragilidade
  • Outras causas abdominais/pélvicas com projeção lombar

Manejo conservador prático: estratégias por etapas

Princípios gerais

Na ausência de bandeiras vermelhas, a maioria dos casos de dor lombar aguda responde a tratamento conservador com objetivo de controle da dor, manutenção da mobilidade e retorno às atividades. Diretrizes enfatizam intervenções não farmacológicas como primeira linha (síntese sobre manejo conservador).

Intervenções não farmacológicas (priorize sempre que possíveis)

  • Educação e aconselhamento: explicar que o repouso absoluto não é recomendado e incentivar a manutenção de atividades toleráveis.
  • Aplicação de calor superficial para alívio sintomático.
  • Fisioterapia orientada: exercícios de mobilidade, progressão para fortalecimento de core e reabilitação funcional.
  • Terapias de alívio: massagem, manipulação vertebral seletiva e acupuntura, conforme disponibilidade e experiência do profissional.

Medicações — uso racional e prático

  • AINEs são a primeira opção farmacológica para controle da dor e inflamação (avaliar contraindicações).
  • Relaxantes musculares podem ser usados em curto prazo se predominar espasmo muscular.
  • Opioides devem ser evitados de rotina; considerar apenas em episódios intensos e por curto período, com plano de desmame e monitorização.

Regimes e duração devem ser individualizados. Reavalie em 2–4 semanas para verificar resposta ao manejo conservador.

Critérios para encaminhamento e investigação complementar

Indicações urgentes

  • Síndrome da cauda equina — encaminhar para emergência/neurocirurgia imediatamente.
  • Suspeita de infecção osteomielite/espondilodiscite ou fratura instável — investigar com exames de imagem e laboratorial e encaminhar conforme resultado.

Indicações não-urgentes para especialista (ortopedia, neurocirurgia, reabilitação)

  • Persistência ou piora dos sintomas após 4–6 semanas de manejo conservador bem conduzido.
  • Déficit neurológico progressivo.
  • Casos de dor radicular intensa com limitação funcional significativa ou evidência de compressão nervosa em exames.

As diretrizes sugerem imagem (TC/RMN) quando houver suspeita de causa séria ou quando a dor e déficit não melhoram após período adequado de tratamento conservador; veja recomendações de fluxograma em materiais de atenção primária (Planejamento assistencial – linhas de cuidado).

Reabilitação, prevenção de recorrências e educação do paciente

Após a fase aguda controle, foque em reabilitação funcional e prevenção: programas de exercício progressivo, ergonomia ocupacional, controle de peso e educação contínua. A reabilitação da coluna visa reduzir recorrências e melhorar capacidade funcional.

Incorpore estratégias de educação terapêutica para melhorar adesão e autogestão (ver recursos sobre educação em doenças crônicas para apoiar a prática: educação terapêutica e adesão).

Integração com recursos do cuidado e materiais complementares

Use ferramentas locais e conteúdos para orientar seguimento: caminhos clínicos locais, protocolos de encaminhamento e programas de fisioterapia. Para comparação com manejo de lombalgia crônica e estratégias de reabilitação, consulte também o material sobre manejo na dor lombar crônica: manejo prático da lombalgia crônica. Para um fluxo prático aplicado à dor lombar aguda em atenção primária, veja nosso post completo em: abordagem prática dor lombar aguda.

Fechamento e insights práticos

Na prática clínica: 1) triagem rápida para bandeiras vermelhas; 2) iniciar manejo conservador com educação, atividade orientada, fisioterapia e AINEs quando apropriado; 3) reavaliar em 2–6 semanas e encaminhar se houver sinais de gravidade ou falta de resposta. Integre sempre educação do paciente e planos de reabilitação para reduzir recorrência e incapacidade. Para síntese de evidências e diretrizes que embasam essas recomendações, consulte recursos de referência como o resumo sobre manejo conservador (Portal Afya) e revisões clínicas consolidando boas práticas (Recomendações clínicas – revisão).

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